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Como identificar câncer de próstata? Veja indicações

Exame do toque retal e o PSA fazem o rastreamento para identificação do câncer de próstata, mas não diagnosticam a doença.

Amanda Milléo
| Atualizado em
12 min. de leitura
Como identificar câncer de próstata

Como identificar câncer de próstata

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Todo mês de novembro, a cor azul lembra quem tem próstata que é hora de fazer o toque retal.

Mas, segundo as últimas evidências científicas, nem todos os homens {ou mulheres trans} precisam passar pelo exame e, mesmo quem tem a indicação talvez não precise fazê-lo anualmente.

Isso não significa que o cuidado com a saúde da próstata tenha que ficar de lado {antes que usem esses primeiros parágrafos como argumento para pular todo e qualquer exame!}. Mas são informações importantes para compartilhar com os profissionais de saúde nas próximas consultas!

O que é o exame do toque retal?

O nome é um tanto autoexplicativo: com a ajuda do dedo {dentro de uma luva, que é lubrificada}, o profissional da saúde sente a próstata ao tatear a parede da região retal. 

É um processo parecido com o do autoexame das mamas, quando os dedos circulam e procuram por nódulos que possam indicar um câncer. A diferença é que, enquanto as mamas estão em uma área externa, a próstata fica escondida, com acesso restrito pelo ânus . 

No caso, o dedo do profissional faz a busca por nódulos que possam surgir na próstata – que tem cerca de 3 cm de altura, do tamanho de uma noz, e se localiza entre o pênis e a bexiga. {FYI: a próstata é responsável por produzir um fluido que é incorporado ao sêmen e ajuda a nutrir e proteger os espermatozoides.}

Para quem ainda está curioso, Willy Baccaglini, médico urologista e integrante da Comunidade de Saúde da Alice, descreve como o procedimento funciona: 

“A consistência da próstata é fibro-elástica, mole e macia. Se pegarmos o polegar, colocarmos na palma da mão e fecharmos com os quatro dedos, forma-se uma região mais muscular que se assemelha à consistência da glândula. Quando a gente apalpa a região e ela está mais endurecida, como se tivessem nódulos, isso sugere a presença do câncer”, explica o médico.

Não se trata, então, apenas do tamanho da próstata, mas dos nódulos que possam estar ali. “O objetivo não é verificar o tamanho, embora essa seja uma informação colhida no exame também, mas principalmente a consistência da glândula”, esclarece.

E, mesmo que a próstata esteja aumentada, isso não significa câncer, necessariamente. “Em geral, homens com câncer têm uma próstata pequena. O crescimento da glândula é mais relacionado à hiperplasia prostática benigna, que é uma condição muito comum. Metade dos homens a partir dos 50 a 60 anos terão hiperplasia”, calcula Baccaglini.

O médico reforça também que, embora o acesso à próstata seja feito pela região anal, a glândula não tem nada a ver com o sistema excretor. “Alguns homens vêm com hemorroidas ou fissura anal procurando o urologista, achando que, por fazermos o exame do toque, resolveríamos esses problemas. Não tem relação. A única relação é que a próstata fica em uma região que conseguimos acessar a partir do exame do toque”.  

O que é o câncer de próstata

Assim como acontece em outros tipos de câncer, o tumor de próstata surge quando há uma multiplicação desenfreada das células da glândula.

Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), esse é o segundo tipo mais comum da doença entre os homens, depois do câncer de pele não melanoma. A estimativa é de 65 mil novos casos por ano. 

Sintomas do câncer de próstata

A evolução do câncer de próstata tende a ser silenciosa – e pode levar até 15 anos para se desenvolver, segundo o Inca. Quando há sintomas, eles são semelhantes aos da hiperplasia benigna da próstata: 

  • Dificuldade de urinar; 
  • Vontade de urinar mais vezes ao longo do dia ou à noite;
  • Em fase mais avançada, a doença pode causar dor óssea, insuficiência renal e infecção generalizada.

Próstata inflamada

É comum usar o termo “inflamada” para se referir ao câncer da próstata ou mesmo à hiperplasia benigna prostática, mas a associação não é a mais correta, segundo Baccaglini.  

“Apesar de esse termo ser usado popularmente, quando pensamos em inflamação, pensamos em um processo agudo que, a partir de um certo tempo, vai se resolver. No caso da hiperplasia, o crescimento não diminui, pois é uma doença crônica”, explica. 

O que é a hiperplasia benigna prostática e quais os sintomas?

Nada mais é do que o crescimento da próstata, mas sem risco. É uma condição natural, que surge com a idade. E, apesar de comum, nem todo mundo que desenvolve a hiperplasia vai apresentar sintomas. 

“Uma parte vai ter a hiperplasia e nunca vai precisar fazer nada a respeito. Dos que vão ter sintomas, alguns podem precisar de medicamentos e, se os remédios não resolverem, os pacientes podem passar por um tratamento cirúrgico”, destaca o urologista. 

Entre os sintomas mais recorrentes estão: 

  • Dificuldade para esvaziar a bexiga;
  • Perceber que o jato de urina está mais fraco; 
  • Sensação de que a bexiga não foi esvaziada completamente; 
  • Fazer mais força e demorar mais para iniciar o jato de urina; 
  • Vontade súbita de urinar; 
  • Levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro.

Como se rastreia o câncer de próstata?

Embora o exame do toque retal identifique alterações na próstata que possam sugerir o câncer, não é ele que vai confirmar se a doença está lá – isso é função da biópsia, que é um exame muito mais invasivo, e com riscos maiores, já que retira uma parte da glândula para ser analisada. 

O exame de toque serve, então, como uma etapa anterior, com a função de rastrear o câncer de próstata. E, em geral, é acompanhado do PSA (sigla para Antígeno Prostático Específico), coletado em um exame de sangue. 

O PSA é uma substância produzida por todas as células da próstata. As células cancerosas produzem mais PSA que as saudáveis, e é isso que é observado em um exame de sangue. Segundo Baccaglini, um resultado alterado é como um sinal de fumaça – não confirma a doença, mas pode ser que haja fogo. 

Quem precisa fazer o exame de toque e o PSA?

Mas nem todo mundo precisa passar pelo rastreio do toque e do PSA. De acordo com o urologista, uma população específica tem a indicação, que são os homens cis ou mulheres trans com maior risco de diagnóstico. Entram na lista: 

  • Pessoas acima dos 50 anos, já que a idade aumenta a probabilidade de desenvolvimento do câncer; 
  • Pessoas com histórico familiar de câncer de próstata. 

Inclusive, se a doença apareceu de forma precoce {antes dos 50 anos} em algum pai, avô ou tio, o exame pode ser antecipado para os 45 anos. 

“Há também outras doenças que se correlacionam com o câncer de próstata do ponto de vista genético. Se a mãe ou a avó tiveram câncer de mama, há um risco maior de a pessoa ter câncer de próstata. Saber disso pode adiantar o início do acompanhamento. A orientação nacional é a partir dos 45 anos nesses casos”, detalha o médico, citando a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia.

A entidade lembra ainda que a população negra e pessoas com obesidade também devem antecipar o rastreio para essa idade, visto que há um risco maior. 

Dá para fazer só o PSA?

Embora alguns médicos defendam que o exame de toque retal faça parte do rastreamento, algumas entidades já deixaram essa opção de lado.  

É o caso da UpToDate, plataforma de recomendações e princípios de Medicina Baseada em Evidências usada por profissionais de saúde {inclusive da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ligada ao Ministério da Educação}. 

Ela destaca que o exame do toque não é mais recomendado para o rastreio do câncer – nem sozinho ou ao lado do PSA – porque teria uma sensibilidade baixa para a detecção do câncer, segundo estudos de meta-análise avaliados pela plataforma. {Meta-análise é o conjunto de estudos sobre um mesmo assunto analisados para verificar as principais conclusões.}

“A baixa sensibilidade se deve, em parte, ao fato de que o DRE [digital rectal exam, em inglês] somente detecta anormalidades palpáveis nas áreas posterior e lateral da glândula da próstata. Embora essa é a área em que a maioria dos cânceres surgem, outras regiões da próstata que também podem desenvolver o câncer não são alcançáveis pelo exame digital”, destaca a plataforma.

Nas recomendações da Força-tarefa norte-americana de Serviços Preventivos, o exame do toque também não é citado como opção. “O uso do exame retal digital não é recomendado como uma modalidade de rastreamento porque há uma falta de evidências dos benefícios. O exame digital retal ou foi eliminado ou não foi incluído na maioria dos estudos clínicos de rastreamento”, destacam. 

O que fazer, então? Isso depende da pessoa e do profissional de saúde que a acompanha. 

Segundo Baccaglini, os urologistas brasileiros orientam que sejam feitos, pelo menos nas primeiras consultas, o toque retal e o PSA. “A frequência de cada um deles vai depender desses primeiros resultados. Há pessoas que vão precisar de um acompanhamento mais rigoroso, anual, se estiverem com maior risco, como histórico familiar, e outras que vão poder flexibilizar e fazer a cada dois anos ou mais”, explica.

Vale lembrar que o exame do toque é uma opção a mais no rastreio, para ajudar a compor o cenário de risco, antes que seja necessária uma biópsia – mais arriscada e invasiva. 

“Um paciente com um PSA elevado e um toque alterado ou suspeito, até que se prove o contrário, precisa fazer uma investigação para o câncer de próstata. Hoje temos mais um método que fica no meio do caminho do toque/PSA e a biópsia, que é a ressonância da próstata”, destaca Baccaglini.

De quanto em quanto tempo fazer o exame do PSA?

Se o indivíduo e a equipe de saúde que o acompanha acharem melhor manter apenas o exame do PSA na rotina, confira qual é a frequência mais indicada, atualmente, por estudos e entidades: 

Abaixo dos 50 anos: não precisa começar o rastreamento, exceto em situações que aumentem o risco da doença, como pessoas negras e/ou com histórico familiar com casos precoces da doença e/ou obesidade; 

Entre 50 e 55 anos: o PSA pode ser feito se a pessoa desejar, e se tiver histórico familiar. O exame pode ser repetido em um intervalo de dois anos; 

Entre 55 e 69 anos: o PSA pode ser feito se a pessoa desejar e pode ser repetido com dois anos de intervalo também;

Acima de 69 anos: pode encerrar o rastreio. A Força-tarefa norte-americana de Serviços Preventivos não recomenda o rastreamento por PSA para homens de 70 anos ou mais.

Quando é indicada a biópsia da próstata? 

Quando há sinais indicativos vindos do exame de toque (presença de nódulos) e do PSA (valores acima do padrão), é o caso de seguir para a biópsia. 

Com a ajuda de um aparelho de ultrassom, o profissional de saúde insere uma agulha que fará a coleta de pequenas partes da glândula. Estas, mais tarde, serão analisadas.  

Das complicações que podem surgir depois do exame, estão: 

  • Sangramento na urina, fezes ou no esperma; 
  • Infecção da próstata. 

“Antes do exame, o paciente precisa tomar antibiótico para reduzir o risco de infecção. Feito assim, o risco de complicações graves é baixo. O sangramento é uma complicação que traz mais desconforto, mas não é tão grave e, geralmente, melhora sozinho”, explica o urologista. 

Até quando rastrear o câncer de próstata?

Da mesma forma que se discute quando se deve iniciar o rastreio para o câncer de próstata, é preciso saber quando parar. Afinal, quanto mais idosa for a pessoa, maior é a probabilidade de encontrar um câncer de próstata – já que é uma doença associada à idade, mas que evolui em um ritmo mais lento que os demais cânceres, em geral.

“Se todos os homens viverem até os 100 anos, todos terão câncer de próstata. Não faz sentido diagnosticar um câncer de próstata em um homem muito idoso porque a expectativa de que a doença traga algum prejuízo é baixa, enquanto que a investigação tende a ser mais perigosa”, alerta Baccaglini.

Nestas situações, o médico explica que há um cálculo que os profissionais de saúde fazem para balancear o risco do rastreamento versus o benefício do diagnóstico precoce, que leva em consideração a expectativa de vida da pessoa. Mas não é um cálculo fácil. 

“É difícil porque há pacientes com 80 anos que vivem mais 10 ou 15, enquanto que os de 60 anos, com hipertensão, diabetes descontrolado, que já infartou e não viverá mais 10 anos. A idade da pessoa não reflete, necessariamente, a expectativa de vida”, detalha. A Força-tarefa norte-americana de Serviços Preventivos não recomenda o rastreamento por PSA para homens de 70 anos ou mais.

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