Se falar sobre sexo no geral já é tabu, imagine sexo na terceira idade. Enquanto os mais jovens acham que ele nem existe, quem já chegou nessa faixa etária precisa lidar com o preconceito dos outros e com as suas próprias questões.
No meio desse caldo de achismos e etarismo (discriminação relacionada à idade), existem pessoas descobrindo na prática como fica a sua vida sexual depois dos 60 anos. Outras, simplesmente, deixam para lá essa vivência.
Independentemente do que se diz por aí, sexo na terceira idade é normal, saudável e {muito} possível.
“A sexualidade e o desejo sexual não deixam de existir com o envelhecimento, apenas mudam. Manter uma vida sexual ativa, segura e prazerosa traz benefícios para saúde como um todo e proporciona qualidade de vida”, defende Bianca Besenski Karam, enfermeira da Alice especialista em saúde pública e em obstetrícia.
Se organizar direitinho, todo mundo transa {mesmo quem acha que não tem mais jeito para isso}.
O que é real e o que é tabu no sexo na terceira idade?
O passar dos anos traz, sim, algumas mudanças, que variam de acordo com o sexo biológico da pessoa. Isso tem a ver com a redução dos níveis dos hormônios sexuais — sejam os masculinos, a testosterona, ou os femininos, o estrogênio e a progesterona.
Por isso, neste período surgem os problemas de ereção e diminuição do volume ejaculatório. Já quem tem hormônios femininos, por conta da menopausa, passa por ressecamento vaginal, perda de libido e mudanças no assoalho pélvico (que é a musculatura que fica na região pélvica), conta Karam.
No entanto, as mudanças globais vêm para todo mundo: é normal ficar menos flexível e com menos mobilidade, o que pode dificultar algumas posições. Também é normal não sentir mais tanto tesão quanto antigamente.
“Além disso, o tabagismo e doenças crônicas, como a hipertensão e a diabetes, também podem acabar interferindo e influenciando não só a sexualidade, mas também a qualidade de vida como um todo”, completa.
Isso é o que acontece biologicamente. Enquanto isso, a cabeça {e a sociedade} trazem questões de autoestima e autoimagem, vivências, tabus que são internalizados ao longo dos anos e, em alguns casos, a viuvez.
Todas essas questões, juntas, colaboram com o tabu de tal forma que uma das buscas mais feitas no Google sobre o tema é “como fazer sexo na terceira idade”.
“O resultado é a falta de conversas francas até mesmo entre amigos. O idoso não se sente confortável em abordar o tema com algum profissional de saúde, com medo de julgamentos ou de como será rotulado”, diz.
Dá para reverter esse quadro? Dá sim! “A principal dica é entender seus gostos e afinidades, quais práticas sexuais você sente mais prazer e quais não agradam. Conheça-se e reconheça seu corpo, dispa-se das barreiras, preconceitos e tabus”, aconselha Karam.
Falar é fácil, mas e na prática?
Como fazer sexo na terceira idade?
Já que é isso que as pessoas buscam no Google, vamos às respostas! Primeiro, vale lembrar que sexo não é só penetração: carícias, massagens e abraços despertam o prazer e devem ser aproveitados. Ah, e preliminar também é sexo, combinado? Capriche nessa fase!
Como a flexibilidade e mobilidade diminuíram, vale testar posições mais confortáveis. Praticar atividades físicas ajudará a melhorar essas questões e a ter mais fôlego.
Converse consigo e com a outra pessoa
Lembra quando você era mais jovem e descobriu sua sexualidade? É a hora de reviver esse espírito para redescobrir o prazer. Invista na intimidade consigo e com a outra pessoa, abrindo espaço para o autoconhecimento e conversando francamente sobre desejos, vontades de experimentar coisas novas.
“É preciso ser gentil consigo e com a outra pessoa, afinal, as transformações fazem parte da vida e cada fase é recheada e uma nova descoberta”, lembra a enfermeira da Alice.
Lubrificantes e outras ajudinhas
Não há ressecamento que resista a um bom lubrificante. Prefira aqueles à base de água, que não interferem na eficácia da camisinha, e têm o sensorial bem confortável.
Acessórios sexuais, como estimuladores de clitóris e vibradores, são um portal para descobertas — desde que, claro, todas as pessoas envolvidas estejam confortáveis com seu uso.
“E nada de descuidar da proteção e prevenção. O uso do preservativo é fundamental na prevenção de ISTs [Infecções Sexualmente Transmissíveis] durante toda a vida”, relembra Karam.
Já o uso de remédios para ereção e outros estimulantes sexuais devem ser usados só com indicação médica, já que eles podem ter interações com outros medicamentos que você já toma.
O que não é normal sentir {e o que fazer nesses casos}
Segundo a enfermeira da Alice, não é normal ter dor durante a relação sexual {chamada de dispareunia, que pode acontecer tanto na penetração quanto na movimentação} em nenhuma idade, nem quando se é mais velho.
Nesses casos, é importante falar com um profissional de saúde para receber orientação, já que existem muitas causas em potencial — desde a falta de lubrificação ou ereção até a posição do útero ou bexiga, que podem “descer” pelo canal vaginal. Essa condição é chamada de prolapso..
É só por meio da conversa franca com um profissional de saúde que será possível identificar a causa e tratá-la. Não precisa ter vergonha: sexo faz parte da vida.
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