Se você pudesse escolher separar completamente sua vida pessoal e profissional por meio de um chip, faria isso? Essa é a ideia central da série Severance {Ruptura, em português}, da Apple TV+.
Na trama, o protagonista Mark Scout (interpretado por Adam Scott) tem um dispositivo instalado em seu cérebro que faz com que ele “vire a chave” toda vez que entra no elevador da empresa que trabalha, a Lumon Industries. Ele não se transforma em outra pessoa — segue sendo ele mesmo, mas em uma versão sem história ou passado pessoal.
Apesar de distópica, a série tem muito a ensinar sobre work-life balance {no caso, sobre o que não fazer!}. A pergunta que fica é: até que ponto é saudável separar a vida pessoal e profissional? Seria essa a melhor forma de se ter felicidade no trabalho?
Na vida real, a qualidade de vida do colaborador é uma das prioridades em muitas empresas. De acordo com o relatório “2021 Employee Experience Survey”, da WTW, 92% das companhias irão priorizar a experiência do funcionário {que diz respeito ao senso de propósito dentro da empresa e remuneração, por exemplo} nos próximos três anos, contra 52% antes da pandemia.
Já do lado dos colaboradores, segundo o Workplace Culture Report de 2022 da Forbes, 75% querem se divertir no trabalho e 91% querem se conectar mais com seus colegas.
1. Separar completamente a vida pessoal e profissional pode não ser sinônimo de equilíbrio
“Aposto que você já ouviu falar sobre work-life balance. Para começar, imagine que você é uma gangorra”, diz Mark para sua colega Helly {interpretada pela atriz Britt Lower} no primeiro episódio, logo que ela acorda do procedimento de ruptura {sem se lembrar de nada}.
Seguindo a analogia, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional aconteceria quando a gangorra está completamente alinhada, sem pender para nenhum lado — algo que a empresa fictícia não acredita como modelo de produtividade e qualidade de vida.
Por isso, com o processo de ruptura, os personagens estão sempre de um lado ou de outro da gangorra, 100% focados na vida pessoal ou no trabalho. Seria um sonho ou um pesadelo?
Jai Barreto, psicóloga da Comunidade de Saúde Alice, explica: “Diferente do que vimos na série, na vida real essa separação não é possível, tampouco saudável”.
Na vida real, algumas pessoas criam personas — o que, para Edmundo Rosa, diretor de Desenvolvimento de Pessoas da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil), pode até ser bom, mas é preciso cuidado para não criar um personagem completamente fora da realidade.
“Ambientes diferentes demandam uma percepção dos limites. Neste sentido, é como se eu usasse roupas distintas para cada lugar que vou, mas mantendo a minha personalidade. Eu mudo o externo, mas a minha essência permanece a mesma, pois é isso que garantirá que eu seja honesto e íntegro comigo e com os demais”, exemplifica ele.
Manter a gangorra equilibrada é um exercício constante. Para Barreto, é possível fazer isso com pequenas atitudes, como limitar assuntos de trabalho ao ambiente profissional {mesmo no modelo de home office}. “Evite checar e-mails, grupos de conversas do trabalho fora do seu expediente”, indica ela.
Outra dica da psicóloga é a prática do mindfulness, a atenção plena, que treina a pessoa para estar consciente no momento presente — sem pensar no trabalho durante o descanso e vice-versa. “É aprender a perceber suas sensações e sentimentos sem apego ao passado ou preocupação excessiva com o futuro”, explica.
2. A bagagem pessoal importa no trabalho
Um dos passatempos dos “innies” {“interninhos”, o “eu” de dentro da empresa} é tentar adivinhar o que seus “outies” {“externinhos”} fazem fora da empresa. Será que têm filhos? Quais serão seus hobbies? Eles entram no escritório despidos de sua história — nem sabem por que seus externos decidiram fazer o processo de ruptura.
Mas esses elementos pessoais acabam fazendo falta. Barreto lembra de uma cena na qual fica nítida a falta de referências do passado: é pedido para o “innie” de Mark ter um olhar gentil, mas ele não sabe como fazer isso justamente por sua falta de bagagem emocional {que ficou do lado de fora da empresa}.
“O ser humano é um conjunto de vivências, experiências, aprendizados, pensamentos, emoções e comportamentos, e isso possibilita lidar com problemas e ampliar as alternativas para resolução”, comenta ela.
Para Rosa, a história individual não é meramente um relato de acontecimentos, é uma trajetória pela qual se desenvolvem competências. “Você se torna apto a algo pelas qualidades na vida pessoal e profissional, não em uma ou outra.”
3. Mergulhar no trabalho para esquecer uma dor da vida pessoal nem sempre dá certo
Se você não viu a série e está se perguntando por que alguém separaria seu cérebro em dois, a resposta vem logo nos primeiros episódios. Mark topou a ruptura para esquecer a dor de ter perdido alguém importante.
Apesar de achar que está lidando bem com o luto, ele está na verdade usando as horas de trabalho para tentar se esquecer do que aconteceu. Depois do expediente, quando sua memória volta, a dor segue batendo forte.
Nem sempre focar no lado profissional tem uma causa tão grave {um coração partido já pode ser motivo suficiente} — e até pode funcionar no curto prazo.
“Mas isso não significa necessariamente que tenha resolvido a perda. Quanto maior a fuga, mais poder damos para a dor. A aceitação é o primeiro passo para elaborar e superar”, afirma Barreto.
4. Não entender seu papel na empresa pode prejudicar o work-life balance
Quando amigos de fora da empresa perguntam ao Mark externo o que ele faz na Lumon, ele responde que não sabe. Este questionamento é constante nas rodas de conversa e até em encontros amorosos.
Ele apenas sabe que “refina dados”, mas não tem ideia do que são essas informações e como serão usadas pela Lumon.
Conforme a trama se desenrola, ele passa a dedicar seu tempo livre para entender o que faz na companhia fictícia. Não há work-life balance que resista!
A série mostra um caso extremo, mas a falta de clareza sobre o seu papel no trabalho pode, sim, incomodar nos momentos de descanso.
Não entender o que se faz na empresa {e como o seu trabalho contribui para algo maior, para uma missão} pode ser a causa de desânimo de muitas pessoas. Rosa explica que saber exatamente a importância da sua função — e se orgulhar disso! — é fundamental não apenas para o work-life balance mas também para o bem-estar como um todo
“Ter orgulho do trabalho é um dos pilares do bem-estar da pessoa no ambiente corporativo e uma das variáveis analisadas pelo Great Place To Work, certificado concedido a empresas consideradas excelentes para trabalhar} desde 1997”, diz Rosa.
O chip para separar vida pessoal da profissional não existe {ainda bem!}, “mas o equilíbrio pode ser alcançado quando se prioriza a saúde física e mental”, pontua Barreto.
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