Pensar em formas para melhorar work-life balance dos funcionários se tornou estratégico para as empresas.
É que proporcionar meios para que o colaborador tenha liberdade para conciliar a vida profissional e a pessoal é uma das maneiras para promover mais saúde e bem-estar no trabalho, ajudando a atrair ou reter talentos, a melhorar o clima e a aumentar a produtividade do time.
E esse equilíbrio pode ser um diferencial principalmente para negócios da área de tecnologia. Por causa do modelo de trabalho remoto que se consolidou na pandemia, agora é preciso pensar ainda mais em soluções para manter os profissionais de TI, que passaram a receber propostas de empresas internacionais, que pagam em dólar ou euro.
O que oferecer para promover work-life balance na empresa
- modelos de trabalho flexíveis;
- ferramentas tecnológicas para comunicação;
- equipamentos ergonômicos;
- capacitação em gestão do tempo;
- benefícios como licenças estendidas e auxílios financeiros;
- programas de saúde e qualidade de vida;
- conscientização sobre autocuidado.
Uma das formas pensadas por empresas inovadoras para promover o balanço entre vida profissional é proporcionando mais flexibilidade, seja no modelo de trabalho remoto, quanto no híbrido ou no presencial.
As melhores práticas envolvem investimento em ferramentas tecnológicas e capacitação para que todos possam realizar as atividades com eficiência, onde quer que estejam.
Os cuidados começam pelas ferramentas de trabalho. Em casa ou no escritório, dá para proporcionar formas para que o colaborador consiga seguir padrões de ergonomia, trazendo mais conforto durante a execução das tarefas diárias.
Outra estratégia para estimular o work-life balance tem sido a ampliação da carteira de benefícios, dando mais autonomia aos colaboradores. Tanto no que diz respeito à possibilidade de folgas, licenças estendidas e antecipação de férias, quanto a auxílios financeiros para gastos com cultura, educação e mobilidade.
A promoção do autocuidado é mais uma estratégia seguida por algumas empresas. Em uma revisão científica publicada pela revista Lancet que analisou 121 estudos, os pesquisadores concluíram que atividades de bem-estar no local do trabalho podem estimular os colaboradores a terem uma alimentação balanceada e, com isso, reduzir medidas corporais. Também foi identificada melhora na função cardiorrespiratória dos participantes.
Vantagens para empresas que tratam o work-life balance como prioridade
- redução do estresse;
- prevenção de casos de burnout;
- crescimento da produtividade;
- aumento da satisfação com o trabalho;
- melhora do clima organizacional;
- maior atração de talentos;
- menor turnover.
Work-life balance: origem e evolução
A preocupação com o work-life balance começou ainda na década de 1930, segundo as pesquisadoras indianas Satya Rama Swathi e Arka Kumar Das Mohapatra, da Odisha State Open University.
Anos 1930: a Kellogg Company implementou os quatro turnos de seis horas para substituir os três turnos de oito horas por dia. Em plena crise mundial, a proposta era oferecer maior oportunidade de lazer, fora do horário comercial.
Anos 1970: o termo work-life balance foi formalmente criado para indicar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.
Anos 1980: muitas empresas começaram a oferecer programas de cuidados infantis e de assistência aos colaboradores.
Anos 1990: os programas de work-life balance foram reconhecidos como muito importantes para as mulheres.
Anos 2000: work-life balance foi denominado como um forma de se ter menor conflito de papéis, com mais satisfação e melhor desempenho no trabalho e em casa.
Anos 2020: de acordo com o relatório Global Talent Trends 2022, da rede social LinkedIn, após a experiência do trabalho remoto durante a pandemia da covid-19, os funcionários passaram a demandar mais liberdade para trabalhar onde e quando quiserem, além de mais atenção ao bem-estar.
A evolução do termo também é atribuída às transformações vividas pelas diferentes gerações no mercado de trabalho, conforme análise da revista americana Forbes:
Baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964): com longas horas de trabalho, as pessoas dessa geração desenvolveram altos índices de estresse, o que fez crescer a necessidade de buscar equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Geração X (nascidos entre 1965 e 1980): conquistaram mais benefícios, como licenças estendidas e flexibilidade para compensação de horas de trabalho.
Geração Y / millennials (nascidos entre 1981 e 1998): mostram tendência de ver a carreira profissional como um aspecto da vida, mas não como o fator principal. Buscam empregos que sustentem o estilo de vida.
Work-life integration: uma tendência para ficar de olho
Alguns pesquisadores já falam em uma possível evolução do conceito de work-life balance para work-life integration.
A Universidade de Berkeley, na Califórnia, nos EUA, incorporou o termo por considerar que uma integração entre trabalho e vida particular resume melhor o que as pessoas querem. A palavra equilíbrio traria uma ideia de oposição.
Por essa perspectiva, a separação entre vida profissional e pessoal não estaria tão delimitada, principalmente quando o trabalho é feito de forma remota.
Uma revisão científica feita por Muhammad Rizky Afif mostra que isso tende a ser uma preferência entre os millennials. Levar uma vida em que trabalho e atividades particulares se mesclam dentro da rotina diária é uma opção valorizada por essa geração, desde que haja total autonomia para execução das tarefas domésticas e profissionais.
O pesquisador pondera que a integração não é aplicável a todas as funções ou postos de trabalho, principalmente no caso dos que têm menor flexibilidade em relação a horários.
Fato é que vida pessoal e profissional inevitavelmente se misturam. Uma separação total entre esses dois campos é praticamente impossível, como mostrou a série “Severance”, da AppleTV. Quando puder, assista!