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Já passou por uma constipação? Saiba o que é e como tratar

A dificuldade de evacuar caracteriza a constipação, também conhecida por intestino preso ou ressecado. Saiba o que fazer para melhorar.

Já passou por uma constipação? Saiba o que é e como tratar

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Às vezes a gente não ajuda o intestino a trabalhar direitinho e, depois de alguns dias fugindo das fibras, bebendo menos água do que deveríamos ou fugindo dos exercícios físicos, as idas ao banheiro deixam de ter o mesmo alívio de antes. Aí vem a tal da constipação.

O que é a constipação?

Se o termo “constipação” não lhe soa familiar, que tal prisão de ventre? Ou, ainda, intestino preso ou ressecado? Os nomes são vários, mas todos se referem à mesma condição: dificuldade de evacuar.

Se você achava que estava sozinho nesta, pense de novo. Em um estudo divulgado pela Revista da Escola de Enfermagem da USP, pesquisadores entrevistaram mais de 2 mil pessoas se eles se consideravam constipados. Cerca de 25% deles disseram que têm, sim, prisão de ventre.

Entre as mulheres entrevistadas, 37% relataram serem constipadas enquanto que, entre os homens, 10% afirmaram o mesmo.

“A constipação é um sintoma de origem multifatorial. Isso significa que pode ter várias causas que contribuam para ela, que pode se apresentar tanto de forma aguda, em momentos pontuais, ou crônica, persistindo por meses ou anos”, explica Heloísa Araújo, enfermeira especialista em Saúde da Família e Comunidade da Alice.

Constipação intestinal: sintomas

  • Evacuação insatisfatória, seja por sentir dor na hora de evacuar ou por ter mais dificuldade na passagem das fezes;
  • Redução na frequência de evacuação {quem vai ao banheiro menos de três vezes na semana, por exemplo};
  • Fazer um esforço excessivo para evacuar;
  • Fezes endurecidas;
  • Sensação de que o reto não está vazio depois da evacuação.

Como fazer o diagnóstico da constipação intestinal?

Os sintomas descritos acima são os mais comuns, de acordo com Araujo. O diagnóstico da condição se baseia na lista desses sinais e na recorrência deles, além do estilo de vida.

“É importante uma avaliação individual que entenda qual é o hábito intestinal daquela pessoa, qual é o seu estilo de vida, incluindo os hábitos alimentares, se faz uso de medicações laxativas, se há sangue nas fezes, além de investigar outros sintomas ou alterações no exame físico e doenças que possam estar associadas a uma constipação crônica”, explica.

O que causa a constipação intestinal?

As causas do intestino preso são múltiplas, mas são bastante associadas ao consumo insuficiente de fibras, baixa ingestão de água e ausência de exercícios físicos na rotina, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Isso porque as fibras ajudam na formação do bolo fecal, enquanto a água e os exercícios físicos regulares contribuem com o movimento peristáltico do intestino.

Se, associado a isso, a alimentação for rica em produtos ultraprocessados e, portanto, sem tantas fibras, está pronta a receita para fezes ressecadas e muitas horas no banheiro {com risco até de surgirem hemorroidas no meio do caminho}.

Para além dos hábitos, alguns grupos tendem a apresentar o incômodo com mais frequência. São eles:

  • Mulheres, pois tendem a esvaziar o intestino grosso mais lentamente, em comparação com os homens. Além disso, a gravidez e as alterações hormonais do período também contribuem para a prisão de ventre ser mais prevalente;
  • Pessoas acima de 65 anos;
  • Pessoas com menor nível socioeconômico.

“O trabalho intestinal muda conforme a idade da pessoa porque o contexto que a cerca, e que influencia no hábito do intestino, muda muito nas diferentes fases da vida”, explica Ricardo Rebolho, médico de família e comunidade da Alice.

Segundo Rebolho, na infância, o trânsito intestinal é muito influenciado pelas questões psicológicas, como um ambiente de conflitos em casa ou mudanças na rotina (mudar de escola ou de cidade, por exemplo).

“Já na fase adulta, as principais influências na constipação são os hábitos alimentares e de atividade física. Nos idosos, as causas secundárias de constipação passam a ter mais importância, pois é mais comum o uso de medicamentos ou o diagnóstico de doenças que causem o incômodo”, detalha.

Intestino preso na gravidez: por que isso acontece e o que fazer?

Durante a gestação há um risco maior de constipação por diferentes motivos. O primeiro, segundo Araujo, é a ação hormonal do período, especialmente da progesterona, que pode reduzir o movimento intestinal.

Outro fator é a suplementação profilática de ferro, preconizada para gestantes, que também aumenta os riscos da constipação intestinal.

“Em geral, os cuidados comportamentais como o aumento no consumo de fibras pela alimentação e a ingestão de água costumam ajudar. Mas é importante que o sintoma seja compartilhado com os profissionais de saúde que a acompanham durante o pré-natal para a elaboração de um plano de cuidados e para prevenir as hemorroidas, outra condição comum na gestação que pode ter relação com o intestino preso”, explica Araujo.

Intestino preso: o que fazer?

Sentiu dificuldades na hora de ir ao banheiro? Em primeiro lugar, fique tranquilo. Segundo Rebolho, a grande maioria dos casos de constipação está relacionada aos hábitos de vida. Vale, então, colocar em prática as seguintes recomendações:

  • Mantenha uma alimentação saudável, com o consumo adequado de frutas, verduras (cerca de cinco porções por dia, segundo a OMS), além de grãos integrais;
  • Evite alimentos ultraprocessados;
  • Tome líquidos;
  • Pratique atividades físicas regularmente;
  • Parar de fumar, já que o tabagismo pode contribuir com processos inflamatórios e prejudicar a microbiota {colônia de microorganismos benéficos que compõem o nosso intestino}.

“As fibras estão presentes em alimentos integrais, frutas (especialmente na casca e bagaços, e algumas opções mais laxativas são mamão, laranja, manga, ameixa, mexerica, figo e abacate), legumes e verduras. Elas são importantes tanto para a formação do bolo fecal quanto para a motilidade intestinal, ajudando a melhorar quadros de constipação e a saúde intestinal como um todo”, explica Araujo.

Café solta o intestino?

Café é outro alimento associado a um intestino mais solto, e há uma explicação para isso, segundo Juliana Malafaia, nutricionista da Alice. “A cafeína presente no café pode contribuir para soltar o intestino, se for excessiva, mas também há outros compostos presentes no alimento que levam a esse efeito”, explica.

Quer saber mais sobre quais alimentos podem ajudar a liberar o intestino mais facilmente? Confere aqui:

O que é bom pro intestino preso?

Na maioria dos casos de constipação, o profissional de saúde mais adequado a tratar e acompanhar a evolução do caso são os da Atenção Primária à Saúde, como os médicos e enfermeiros de Família e Comunidade, sabia?

Gastroenterologistas ou cirurgiões serão necessários apenas em casos mais graves ou complexos.

De qualquer forma, quem saberá identificar se algo não está certo é a própria pessoa – por isso a importância em ficar atento à saúde intestinal.

“É importante observar regularmente o aspecto, a consistência e o formato das fezes, além de ter atenção a outros sinais ou sintomas relacionados, como sangue nas fezes, dor e distensão abdominal. Sempre que identificar desconfortos ou alterações, a pessoa deve buscar uma avaliação profissional”, explica Araujo.

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