Visão romantizada sobre o trabalho: GenZ versus Millennials

Para 34,4% dos brasileiros entre 16 e 29 anos, a chamada geração Z (ou GenZ), o trabalho é apenas um mal necessário para pagar as contas do mês.

Uma geração atrás, a dos millennials – que abrange dos 30 aos 43 anos -, pensa um pouco diferente. Entre eles, apenas 27,4% têm a mesma opinião. 

Esse é um dos pontos de diferença entre as gerações que estão presentes no mercado de trabalho atualmente, e que foram observadas na pesquisa inédita da Alice, “Pulso RH – Geração Z e o novo olhar para a saúde no trabalho”.

Em colaboração com a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Grupo Fleury e Flash, a Alice coletou dados de mais de mil pessoas de todas as regiões do Brasil, em parceria com a plataforma Opinion Box. Os resultados foram divulgados em novembro de 2024.

Baixe o estudo: Geração Z e o novo olhar para a saúde no trabalho

O que explica a visão mais pragmática da GenZ?

O trabalho não é tão associado à identidade entre os GenZ – e isso ajuda a explicar parte da visão pragmática dessa geração. 

40,9% deles escolheram a frase “O trabalho é algo que representa um pouco do que sou” na pesquisa da Alice. Entre os millennials, pouco mais (43,2%) optaram pelo lado contrário: “O trabalho é algo que representa muito do que sou”.

Se 9,4% dos GenZ dizem que o trabalho “não representa nada do que sou”, somente 6,1% dos millennials compartilham da mesma opinião. 

“No passado, era uma questão de orgulho permanecer muito tempo na mesma empresa. Hoje, precisamos nos sentar, conversar e entender o que as pessoas esperam. Até onde conseguimos ir e quais são as demandas? No final, mesmo que seja uma conversa difícil, sempre compensa ter esse papo”, explica Renata Romanich, diretora de Recursos Humanos na Graded School, painelista do evento Pulso RH – no qual foram divulgados os dados do estudo, no início de novembro.

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“Por que a empresa merece ter a GenZ ali?”

Os pontos que a geração Z destacam como inegociáveis no mercado de trabalho também foram levantados durante o Pulso RH.

Para Letícia Berger, HR Business Partner na Opsbrasil, Top Voice no LinkedIn, a saúde mental, a flexibilidade e o que a empresa destaca como importante versus o que ela aplica na prática são esses pontos inegociáveis. 

“Se a empresa diz que tem flexibilidade, mas microgerencia e controla todos os seus horários, esse é um sinal de alerta. Ou se tem lideranças que destroem sua autoestima e justificam isso como sendo um incentivo para você atingir ‘sua melhor versão’. Para isso, um ambiente saudável é inegociável, no qual as pessoas e as suas diferenças são respeitadas”, detalha Berger, que faz parte da GenZ e foi painelista do Pulso RH.

A flexibilidade também é um ponto importante para Mário Augusto Sá, co-founder e CEO da NG Cash. “Trabalhar de onde você quiser, quando quiser, sem microgerenciamento. Essa é uma geração que não gosta de ser microgerenciada. Ela quer entregar com qualidade, mas no seu próprio tempo. Meu desenvolvedor adora trabalhar de sunga, na casa dele. Esse é um problema dele, e eu sempre brinco: ‘cadê a sunga?’ Se você não aceitar o jeito das pessoas, você vai perdê-las”, reforça.

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Empresas precisam se adaptar aos GenZ também

Não adianta a empresa colocar no discurso que favorece a flexibilidade, que não pratica o microgerenciamento e que valoriza a saúde mental e, no dia a dia, a experiência dos colaboradores ser totalmente o contrário. E esse é um dos principais desafios, conforme explica Isadora Gabriel, CHRO da Flash. 

“A GenZ não tolera essa dissonância entre o discurso com o que acontece no dia a dia da organização. Então, o foco precisa estar no cotidiano. Quem dissemina a cultura, quem dá o tom, é a liderança. Ela precisa viver essa cultura na prática, porque as pessoas se moldam à empresa”, explica a também painelista do Pulso RH, que faz parte da geração millennial. 

Segundo Isadora, sendo de uma geração anterior, a realidade era bem diferente. “Eu não vivi isso como millennial. Era uma escolha se adaptar ou não. Nós, porém, costumávamos dar esse passo de tentar nos adaptar para crescer. A geração Z está dizendo ‘não’. Se o líder não pratica o que diz, essa geração não ficará na empresa”, detalha.

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