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O que é e como funciona o anticoncepcional? Confira tudo

A ginecologista e obstetra Daniele Coelho Duarte dá uma aula sobre métodos contraceptivos: quais são os tipos, como agem e como escolhê-los.

Mão gira chave em fechadura de porta

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Por: Daniele Coelho Duarte, ginecologista e obstetra da Comunidade de Saúde da Alice

Falar de planejamento reprodutivo parece trivial, mas a verdade é que se trata de um dos direitos garantidos por lei e alvo de várias campanhas de políticas públicas. Todas as pessoas devem ter acesso às informações reais a respeito de métodos para prevenir gravidez. E é por isso que hoje vamos abordar justamente esse assunto: os anticoncepcionais.

E como saber se eu preciso de um método anticoncepcional? Responde aqui:

  1. Você atualmente tem relações sexuais com o sexo oposto? 
  2. Você usa algum método para prevenir a gravidez?
  3. Você está tentando engravidar?

Se a primeira resposta foi sim, mas as duas últimas não, atenção: você pode engravidar a qualquer momento. Por isso, vem com a gente para entender mais sobre esse assunto.

E aqui não estamos falando só para o público feminino, ok? Você que é homem também deve conhecer os métodos para participar das escolhas da parceira. Além disso, você participa do uso de alguns, como no caso da camisinha masculina. 

O que são anticoncepcionais?

Anticoncepcionais, também chamados contraceptivos, são métodos desenvolvidos com o objetivo de evitar o encontro do óvulo com o espermatozoide. E isso pode ser atingido de várias formas, por exemplo:

  • Impedindo fisicamente que haja esse encontro, como no caso da camisinha;
  • Impedindo, por uma reação local do tipo “corpo estranho”, o encontro do óvulo com espermatozoide, como é o caso dos dispositivos intrauterinos (DIUs);
  • Impedindo que o óvulo seja liberado do ovário, como no caso da pílula anticoncepcional oral. Geralmente métodos com hormônios contam ainda com um mecanismo adicional a esse bloqueio da ovulação: o espessamento do muco cervical.

Existem ainda dois mecanismos extras a esses três principais citados acima. O primeiro é a abstinência periódica, como no caso da tabelinha, em que o casal não tem relações sexuais no período fértil calculado. O segundo é o retardo da ovulação (não o bloqueio de fato), como é o caso da pílula do dia seguinte –mas vale lembrar que a pílula do dia seguinte não é um método anticoncepcional de fato; ele é de emergência, para casos de acidente como a ruptura de uma camisinha. 

Para escolher um método contraceptivo, o ideal é sempre conhecer seu mecanismo principal de ação. Assim, você consegue exercer sua autonomia para saber o que funciona melhor para o seu caso e sua realidade. Aproveite esse espaço de perguntas durante sua consulta, seja com o Time de Saúde ou com o(a) ginecologista.

Conhecendo os mecanismos mais centrais, vamos detalhar mais cada um deles, especialmente no que diz respeito às taxas de falha.

Lembrando: o intuito aqui é informativo. Afinal de contas, a decisão do anticoncepcional deve ser sempre durante a sua consulta, após a avaliação individualizada. 

Tipos de anticoncepcionais

Durante seu processo de decisão por um anticoncepcional, saber o mecanismo principal que abordamos no tópico anterior ajuda muito, mas outras informações são também bastante importantes. Por exemplo: 

  • Tenho apenas 14 anos, posso usar já algum método hormonal? 
  • Mesmo se eu nunca tiver engravidado, posso escolher pelo DIU?
  • A camisinha funciona mesmo? 

Por isso, segue aqui o fio que vamos esclarecer categoria por categoria.

Métodos não hormonais

Métodos não hormonais são ideais tanto para mulheres que não querem usar hormônios como para aquelas que não podem usar hormônios por conta dos riscos.

Além disso, podem ser associados a outros métodos e entre si: por exemplo, associar a camisinha junto a um DIU de cobre para prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e potencializar a proteção contra uma gravidez.

Naturais ou comportamentais

Envolvem a abstinência durante o período fértil, como tabelinha, medida da temperatura basal, método do muco cervical (Billings), método sintotérmico e o método de Creighton.

Como usar? O casal recebe treinamento para identificar o período fértil. O(a) profissional ajuda nos cálculos da duração do ciclo menstrual e das medidas indiretas da ovulação (como o aumento da temperatura ou a mudança do muco cervical). O casal anota no calendário a estimativa do período fértil e não tem relações sexuais nesse período.

Métodos de barreira

São a camisinha masculina, a camisinha feminina e o diafragma (com espermicida ou não).

Como usar? No caso da camisinha, ela é colocada no início da relação sexual e é mantida completamente até a ejaculação, sendo descartada imediatamente após isso com o seu conteúdo. É importante nunca usar a camisinha feminina com a masculina, já que o atrito entre elas favorece o rompimento. Só usamos um tipo de camisinha por vez!

No caso do diafragma, ele é colocado geralmente com espermicida no fundo da vagina, cobrindo a entrada do colo do útero. Deve ser retirado de 6 a 8 horas depois da ejaculação. 

Dispositivos intrauterinos não hormonais

São os DIU de cobre e o DIU de cobre com prata.

Como usar? A inserção do DIU geralmente é feita pelo profissional médico via ambulatorial: trata-se de um procedimento rápido e pouco doloroso, com anestesia local ou com formas não farmacológicas como calor (por exemplo: bolsa de água quente). O DIU fica no interior da cavidade uterina, e seu funcionamento já começa no momento da inserção. Em alguns raros casos, pode ser necessária a inserção com sedação. 

Esterilização definitiva

São a vasectomia e a laqueadura tubária bilateral. São procedimentos cirúrgicos e, como o mesmo nome diz, são definitivos, ou seja, irreversíveis.

Resumindo:

  • “Me preocupo com infecções sexualmente transmissíveis” → Lembre-se da camisinha.
  • “Não quero engravidar de jeito nenhum, preciso de um método de alta eficácia” → Pense nos DIUs e na esterilização.
  • “Quero manter meus ciclos e gosto de ter a percepção das minhas fases” → Qualquer um dos métodos não hormonais vai ser a sua escolha.
Método Vantagens Desvantagens Eficácia segundo a OMS*
Naturais Baixo custo, permite que a mulher perceba a sua evolução cíclica mensal, participação do parceiro Requer treinamento, requer ciclos geralmente mais regulares, exige abstinência sexual por alguns intervalos no mês Variável 
Barreira Baixo custo, não interfere no ciclo menstrual, parceiro participa da contracepção, protege contra muitas ISTs (como hepatites e HPV) Pode não proteger contra algumas ISTs (como o HPV) Moderadamente eficaz – falha apenas de 2-16% a depender do uso
DIUs não hormonais  Não interferem no ciclo menstrual, tem longa duração (5 ou 10 anos), se aproximam muito da eficácia da laqueadura, não dependem da memória, são recomendados para adolescentes segundo a OMS Podem levar a sangramento irregular, podem levar a aumento das cólicas menstruais Muito eficazes – falha apenas de 0,6 a 0,8%
Esterilização definitiva Via de regra, as mesmas vantagens do DIU Podem levar a aumento de fluxo menstrual (no caso da laqueadura tubárea), irreversíveis, Para a realização, necessidade de > 25 anos ou pelo menos 2 filhos vivos. São procedimentos cirúrgicos Muito eficazes – falha apenas de 0,1 a 0,5%

Métodos hormonais

Mais interessante que dividir por via de administração (oral versus injeção, por exemplo), vamos dividir nas categorias: se são métodos de um hormônio só (no caso uma progesterona) ou se trata de método combinado (estrogênio com progesterona).

A quantidade de hormônios importa?

Sim, como vamos abordar mais à frente. Todo método anticoncepcional hormonal depende da progesterona usada. É a progesterona que bloqueia a ovulação. Por isso, ela é sempre obrigatória. O segundo hormônio adicionado – um estrogênio – tem dois intuitos: diminuir o sangramento irregular e ter efeitos secundários, como melhora das espinhas. Mas ele pode estar presente ou não. 

Combinados (todos com dois hormônios)

  1. Via oral: pílula combinada oral 

Como usar? O jeito mais comum de iniciar a pílula é do primeiro ao quinto dia da menstruação, porque a eficácia é mais alta já no início do uso. Mas podemos iniciar em qualquer momento do ciclo, desde que associemos outro método (como a camisinha) nos primeiros sete dias de uso da pílula. Existem cartelas de 21 comprimidos, 24 comprimidos e 28 comprimidos. A dosagem dos hormônios pode ser sempre a mesma ou ir variando ao longo dos comprimidos de uma mesma cartela.

  1. Via injetável: injetável mensal

Como usar? Segue a mesma regra da pílula oral – idealmente começa-se do primeiro ao quinto dia da menstruação. Caso seja iniciada em outro momento do ciclo, usar um método adicional por sete dias. As injeções são aplicadas a cada 28 dias.

  1. Adesivo contraceptivo

Como usar? A caixa geralmente contém três adesivos, um para ser aplicado a cada semana, com uma semana de pausa, quando acontece o sangramento de intervalo. Pode ser aplicado em diversos locais do corpo, como braço, na barriga, nas costas ou nas nádegas, à exceção das mamas. Para aplicar, a pele deve estar sempre limpa e seca.

  1. Anel vaginal

Como usar? É bem parecido com o adesivo; a diferença é que ao invés de ser aplicado na pele, o anel é inserido junto ao colo, no interior da vagina. É usado por três semanas, com uma semana de pausa. 

Importante: toda a vez que vamos iniciar um método hormonal em uma fase aleatória do ciclo, precisamos descartar gravidez – se a mulher não usava nenhum método anticoncepcional antes. Mas nada que um teste urinário de gravidez não resolva facilmente.

Toda pausa é realmente necessária?

Como mencionamos acima, os métodos combinados geralmente contam com um intervalo de pausa (exceto a injeção mensal). Mas a verdade é que podemos emendar as cartelas/adesivos/anel vaginal por até 3 caixas, com pausas a cada 3 meses. Geralmente recomendamos esse número para evitar o risco de sangramento desfavorável que passa a ser mais comum nas mulheres que emendam mais de 3 cartelas, por exemplo. A ausência de pausa não interfere na eficácia do método em prevenir a gravidez e também não prejudica a saúde. 

Progesterona isolada (um hormônio só)

  1. Pílula via oral

Como usar? O modo de usar segue o das pílulas orais combinadas, iniciando no começo da menstruação e geralmente são usados sem pausa. As cartelas contam com 28 comprimidos.

  1. Injetável: injeção trimestral

Como usar? Segue a mesma regra da injeção mensal, com a diferença que aqui a ação é mais duradoura: aplicações a cada 84 dias. 

  1. Implante subcutâneo: Implanon

Como usar? Trata-se de um pequeno bastão contendo uma progesterona. A inserção do implante é feita de forma ambulatorial, rápida e com anestesia local. Ele fica localizado na face interna do braço, logo abaixo da pele, o que facilita também a retirada ao final dos 3 anos de uso.

  1. DIUs hormonais: Mirena e Kyleena

Como usar? A inserção de um DIU hormonal é a mesma de um DIU não hormonal. A diferença aqui é que o DIU hormonal contém um depósito de levonorgestrel (uma progesterona, um hormônio só) na sua superfície. Esse hormônio tem uma ação predominantemente local, que pode diminuir a quantidade de sangramento da menstruação.

Método Vantagens Desvantagens Eficácia segundo a OMS*
Combinados (dois hormônios – independente da via) Maior eficácia em comparação aos métodos naturais e de barreira, benefícios não anticoncepcionais (controle da acne, diminuição do sangramento, e da anemia ferropriva, melhora das cólicas menstruais, controle da TPM, dentre outros) Riscos do uso do estrogênio (infarto, trombose, AVC) e riscos de má adaptação: sangramento irregular, náuseas e vômitos, dor de cabeça, dor nas mamas são os efeitos colaterais mais comuns Eficaz – falha de 0,3-3%
Progesterona isolada (pílula e injeção trimestral) Podem ser usados por mulheres que não podem usar estrogênio. Diminuem o sangramento e anemia ferropriva, melhora das cólicas menstruais, controle da TPM Perfil de sangramento tende a ser mais desfavorável que o dos métodos com dois hormônios. Também podem levar a náuseas e vômitos, dor de cabeça, dor nas mamas e aumento do peso (no caso do injetável trimestral) Eficaz – falha de 0,3-3%
Implante subcutâneo e DIUs hormonais Tem longa duração: 3 anos no caso do implante e 5 anos no caso dos DIUs hormonais, se aproximam muito da eficácia da laqueadura, não dependem da memória, são recomendados para adolescentes segundo a OMS. Podem levar a sangramento irregular, podem levar a aumento das cólicas menstruais Muito eficazes – falha apenas de 0,1 a 0,3%

Anticoncepcionais “bagunçam” o ciclo menstrual?

É comum o relato de mulheres que iniciaram algum método com hormônios, seja via oral, seja injetável ou mesmo DIU, e que reclamam bastante da “bagunça” que viram os ciclos menstruais.

A verdade é que o organismo leva tempo para se adaptar ao hormônio externo. O mesmo vale para o útero, que na maioria das vezes não “entende” e ainda produz bastante menstruação nos primeiros ciclos.

O tempo que a literatura recomenda para esperarmos pela adaptação é de 3 a 6 meses. Mas isso não significa que não temos o que fazer. Pelo contrário, existem vários tratamentos para você ter conforto nesse período. Converse com um(a) profissional de saúde.

Resumindo:

  • “Me falaram que tem algumas pílulas que melhoram a pele” → Sim, as pílulas combinadas (com dois hormônios)
  • “Vivo esquecendo a pílula ou a injeção, minha rotina de trabalho é puxada demais” → Pense nos DIUs e no implante subcutâneo
  • “Tenho medo de trombose, não quero correr esse risco” → Qualquer um dos métodos com um hormônio só ou nenhum hormônio são seguros para você

Leia também: Ciclo menstrual: o que é e como calcular? Veja agora

Quais são os métodos contraceptivos mais eficazes?

De longe, os métodos mais eficazes são a esterilização definitiva e aqueles de longa ação – DIUs hormonais e não hormonais, bem como o implante subcutâneo. Considerando os riscos cirúrgicos de esterilização definitiva, a OMS (Organização Mundial da Saúde) cada vez mais recomenda os DIUs e implante subcutâneo para adolescentes e mulheres que precisam de métodos de alta eficiência para prevenir uma gravidez. 

Uma curiosidade: o estudo CHOICE mostrou que mais de 80% das adolescentes estavam satisfeitas com o DIU ou implante subcutâneo após um ano de uso, enquanto que para aquelas que usavam pílula, por exemplo, a satisfação era de apenas 40% após um ano.

Como escolher o melhor método para você? 

Por mais que o assunto dos anticoncepcionais seja comum na roda de amigos e mesmo no trabalho e nas atividades de lazer, o importante é sempre consultar o Time de Saúde ou o(a) ginecologista

Os métodos hormonais possuem uma série de peculiaridades, bem como indicações e contra indicações que precisam ser avaliadas antes do início. Métodos não hormonais necessitam de orientação ou treinamento e alguns também podem não ser indicados — como no caso dos DIUs de cobre em mulheres com algumas malformações uterinas.

Situações mais comuns para não usar métodos combinados (2 hormônios)

  • Enxaqueca com aura;
  • Episódio de trombose prévio;
  • Hipertensão arterial descontrolada;
  • AVC ou infarto do miocárdio prévio.

Situações mais comuns para não usar nenhum método hormonal (mesmo com só 1 hormônio)

  • História pessoal de câncer de mama.
  • Outro câncer que responda a hormônios (por exemplo alguns cânceres de fígado).

Situações mais comuns para não usar DIU:

  • Malformações uterinas (útero bicorno, septo uterino, etc.);
  • Infecção uterina ativa ou recente;
  • Câncer de colo ou de endométrio.

Atenção: idade e número de filhos prévios não interferem em nada na decisão do anticoncepcional.

Quais são os anticoncepcionais com baixa dosagem hormonal?

Atualmente, todas as formulações orais têm concentração de hormônios muito mais baixas do que as primeiras pílulas lançadas. 

Para comparação, a primeira pílula criada foi a Enovid, que continha 10 vezes mais a dosagem de hormônios que as pílulas orais combinadas têm hoje em dia. 

Usualmente, os anticoncepcionais orais com dois hormônios hoje em dia têm 30 mcg ou 20 mcg de estrogênio, e algumas formulações têm até menos que isso, apenas 15 mcg.

Quais são os anticoncepcionais mais usados?

Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), os mais usados são os anticoncepcionais orais, tanto combinados quanto não combinados, por serem os primeiros lançados e também por serem mais conhecidos pelas pessoas. 

Quais são os anticoncepcionais com menos efeitos colaterais?

Via de regra, todos os anticoncepcionais com hormônios podem levar a efeitos colaterais, como vimos nos tópicos anteriores. O mesmo vale também para os DIUs não hormonais. Por isso é fundamental manter o seguimento depois da escolha do seu método.

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