2024 começou e alguns temas já estão em destaque: calor do verão, festas de Carnaval pelo país e medidas de combate à dengue. E por que tanta atenção à doença? Há motivos para isso.
Até o começo de fevereiro, o país registrou mais de 260 mil casos prováveis de dengue, sendo que os estados de Minas Gerais e São Paulo, além do Distrito Federal, lideram no número.
Apenas nas primeiras quatro semanas de 2024, foram mais de 217 mil casos da doença. No mesmo período de 2023, foram registrados 65 mil casos.
A estimativa do Ministério da Saúde é que, neste ano, o país registre até 4,2 milhões de casos da doença. Em 2023, foram 1,6 milhão, em comparação. E, em 2022, 1,3 milhão.
Por que a dengue aumentou em 2024?
Uma das respostas são as alterações climáticas, especialmente o fenômeno El Niño, que provoca altas temperaturas e chuvas intermitentes. E essa é a fórmula perfeita para proliferar o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
“Dengue é uma doença endêmica em algumas regiões, então é esperado que tenhamos casos constantes, já que é sazonal. Mas o El Niño influenciou essa transmissibilidade e o que temos hoje, no Brasil, é um surto de dengue, que é o crescimento abrupto dos casos em uma área circunscrita”, explica Michel Duailibi, médico de Família e Comunidade da Alice.
Dengue é uma doença das cidades?
Sim, a dengue pode ser considerada uma doença urbana, de acordo com Duailibi. E a explicação para isso está na forma como ela surge.
A dengue é uma doença causada por um vírus e se enquadra, segundo o Ministério da Saúde, no grupo das arboviroses. Mas, ao contrário de outros vírus, como o da gripe, que só precisa de um espirro para contaminar outras pessoas, a transmissão do vírus da dengue depende de um vetor, o mosquito. No caso, o conhecido Aedes aegypti {curiosidade: o nome significa odioso do Egito}.
E em que lugares o aedes gosta de se reproduzir? Qualquer canto com uma água parada, desde pneus, esgoto a céu aberto, sacos de lixo com acúmulo de água, vaso de planta com muita água etc. Todos são cenários bem comuns em áreas urbanas.
Isso não significa que áreas rurais também não tenham casos da doença, mas que o risco pode ser maior perto de áreas de cidades com as características citadas acima. Ou seja, as medidas de proteção contra a dengue valem para todo o país, ok?
Dengue: quais os tipos mais comuns?
O nome é um só, mas há quatro subtipos de dengue, conhecidos pela prefixo DENV + o número:
- DENV-1
- DENV-2
- DENV-3
- DENV-4
O aumento nos casos em 2024 ocorreu com os subtipos 3 e 4, mas isso não impede que haja infecção pelos outros subtipos também.
“Em geral, quando uma pessoa desenvolve uma doença causada por vírus, ela tende a ficar protegida daquele e dos demais subtipos por um tempo. No caso da dengue, a pessoa só fica protegida do subtipo que ela já entrou em contato, mas pode desenvolver a doença com os demais. E, caso haja contato com os outros subtipos, o organismo pode ter uma reação exacerbada, gerando uma forma mais grave da dengue”, explica Duailibi.
Mosquito da dengue: como se proteger?
A medida mais indicada para combater o mosquito da dengue é evitar a sua reprodução. Para isso, vale:
- Colocar areia nos vasos de plantas;
- Proteger pneus da água da chuva e evitar que acumulem água;
- Manter a caixa d’água fechada;
- Amarrar bem os sacos de lixo que fiquem expostos;
- Limpar sempre as calhas de casas;
- Evitar acumular sucata ou entulhos nos quintais, especialmente os expostos;
- Esvaziar sempre garrafas, potes ou vasos que possam acumular água.
Outro cuidado é proteger o corpo por meio do uso de repelentes e de roupas que protejam, sempre que possível, braços e pernas.
Dia ou noite: quando o mosquito da dengue ataca?
Por mais que no verão seja comum ouvir mosquitos atazanando o sono da noite, o mosquito responsável pela dengue tem hábitos muito mais diurnos.
“É durante o dia que o Aedes aegypti sai para picar as pessoas. Por isso que não é comum a recomendação de usar uma proteção na cama, à noite, contra a dengue, mas a medida pode ser adotada. O importante é priorizar a cobertura de áreas do corpo com roupa ou, quando expostas, passar o repelente – principalmente durante o dia”, explica Duailibi.
Repelentes: quais protegem contra dengue e como passar?
Há dois tipos de repelentes nos mercados e farmácias hoje: os sintéticos e os naturais. A diferença está na composição de cada um deles e as evidências de eficácia contra a dengue.
“Os sintéticos são estudados há mais tempo, sendo o principal ingrediente o DEET, e podem ser usados por diferentes populações. Já os naturais, que usam citronela, eucalipto, limão e outras substâncias, não têm evidências científicas fortes ou robustas contra a dengue. Os sintéticos são mais eficazes”, explica Duailibi.
E as versões de repelentes para o ambiente, como velas de citronela? Segundo o médico de Família e Comunidade, vale mais investir nos produtos de passar no corpo, sejam em spray, loção ou outras versões.
“A vela de citronela, por exemplo, só funciona se a deixarmos muito tempo no ambiente, porque isso aumenta a concentração da citronela naquele lugar. Medidas mais ambientais como o spray de ambiente e a raquete de choque contra o mosquito não têm eficácia tão boa para dengue quanto o repelente de passar no corpo”, afirma.
Outra medida que não tem evidência científica que funcione, segundo Duailibi, é a pulseira de repelente. Então, vale focar nos produtos de passar pelo corpo, ok?
Como funciona o repelente?
Os repelentes (loção, spray, etc) funcionam por meio da transpiração do corpo, segundo o médico. “Quando a pessoa transpira, o produto que foi passado ali emite o ingrediente ativo e produz essa cobertura”, detalha.
Conforme for a intensidade da transpiração, o tempo de proteção também muda {transpirou mais? Proteção por menos tempo}. Por isso vale ficar de olho nas instruções de reaplicação de cada produto, ok?
Repelente no rosto pode?
Pode, mas tem que ter cuidado na hora de aplicar.
Se for um repelente em spray, espirre nas mãos e, depois, aplique no rosto.
Cuidado extra para não deixar o produto entrar em contato com os olhos ou a boca. Vale também o alerta para áreas da pele que estejam lesionadas, como machucados. Isso porque, se a pele não estiver íntegra, pode aumentar a absorção do produto e, também, o risco de efeitos adversos.
Repelente ou protetor solar: qual passar antes?
Primeiro o protetor solar. Depois, o repelente.
Essa ordem é importante porque, caso passe o protetor por cima do repelente, pode haver uma perda do produto.
Quando passar o repelente?
Quem estiver com áreas do corpo descobertas e em regiões com casos da dengue (como o estado de São Paulo, por exemplo), vale reforçar a proteção contra a doença com o repelente.
O produto pode ser aplicado em braços, pernas, pescoço ou rosto, tomando os devidos cuidados de não entrar em contato com as mucosas, e reaplicando conforme orientações do produto – esses detalhes são encontrados nos rótulos.
Isso vale só para quando sair de casa? Não, vale para todos os momentos, em casa ou fora, sempre que houver exposição aos mosquitos transmissores.
Qual repelente pode ser usado em crianças?
O melhor repelente para crianças vai depender de alguns fatores, como a idade e o ingrediente ativo do produto.
Com relação às formulações, de acordo com orientações da Environmental Protection Agency, ou agência norte-americana de proteção do meio ambiente, os ingredientes ativos de repelentes que são recomendados para o uso em crianças são:
- N-dietilo-3,metilo benzamida (DEET)
- Icaridina (picaridina ou KBR3023)
- Ethylbutylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535)
- Óleo de Lemon Eucalipto (OLE), denominação química: p-Menthane-3,8-diol*: ingrediente derivado do limão {não é o mesmo que óleo de limão e eucalipto naturais, que não são recomendados como repelentes}.
- Para-mentano-diol (PMD), denominação química: p-Menthane-3,8-diol*: versão sintética dos óleos de limão e eucalipto.
- 2 Undecanone- nome químico methyl nonyl ketone 2-undecanone*: versão sintética de uma molécula extraída do óleo da arruda ou do tomate selvagem.
*Os três últimos não devem ser usados em crianças menores de 3 anos.
Já a idade segue a recomendação de aplicação da Sociedade Brasileira de Pediatria:
Lactentes acima de 2 meses: uso de repelentes tópicos apenas em situações de exposição intensa e inevitável a insetos, mas sempre pesando o risco e o benefício.
Lactentes acima de 6 meses: uso de repelentes tópicos restrito a uma aplicação por dia.
Entre 1 e 12 anos: duas aplicações de repelentes por dia.
A partir dos 12 anos: duas a três aplicações ao dia.
Sintomas da dengue
- Febre alta (de 39º C a 40º C) de início abrupto e com duração de até sete dias;
- Dor de cabeça;
- Dores pelo corpo, nos músculos e/ou nas articulações;
- Dor atrás dos olhos;
- Fraqueza;
- Perda de peso;
- Náuseas e vômitos.
“A febre é o principal sintoma, que normalmente vem acompanhado de outro. Mas, em geral, não há sintomas respiratórios na dengue, como tosse, espirro ou catarro”, explica Duailibi.
Sinais de alerta para a dengue
Em caso de suspeita da doença, é preciso ficar atento a outros sinais que podem indicar formas mais graves da dengue {leia mais sobre a dengue hemorrágica mais abaixo}. São eles:
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Vômitos persistentes;
- Sangramento de mucosas;
- Apresentação de petéquias, ou manchas pelo corpo.
Quem deve ficar mais atento à dengue?
- Crianças e adolescentes, especialmente até os 14 anos de idade;
- Idosos;
- Pessoas imunossuprimidas;
- Pessoas que fazem uso de medicamentos que propiciam o sangramento, como anticoagulantes e ácido acetilsalicílico (AAS);
- Pessoas grávidas e lactantes.
Quanto tempo dura a dengue?
Nas formas mais leves da dengue, em sete dias os sintomas tendem a passar. Já a recuperação de casos mais graves depende de atenção médica ou hospitalar.
Precisa fazer exame para dengue?
Não. Em caso de suspeita da doença, a primeira orientação é procurar um profissional de saúde que irá confirmar o diagnóstico e orientar para o plano de tratamento mais adequado.
Feito isso e, dependendo dos sintomas, o profissional pode pedir um exame físico, chamado de “prova do laço”. Esse exame avalia e classifica a pessoa de acordo com os critérios de gravidade da dengue, que são divididos em 4: ABCD.
“A maioria das pessoas é classificada no grupo A, que exige apenas cuidados básicos, como uma medicação para dor, e hidratação. A hidratação, inclusive, é primordial, faz parte do tratamento para evitar complicações e não é apenas uma recomendação”, alerta Duailibi.
Teste do laço: como é feito?
Quem já aferiu a pressão conhece o aparelho que é usado no teste do laço para classificação de risco da dengue: é o mesmo equipamento, mas com um uso diferente.
Ao invés de verificar como está a pressão arterial, o aparelho é usado para verificar se aparecem (e quantas!) as chamadas petéquias, ou manchinhas vermelhas, ou não. Se sim, a pessoa pode ser encaminhada a um hospital para fazer outros exames.
“O aparelho é o mesmo, mas a finalidade é diferente. Deixamos o manguito insuflado no braço da pessoa por um tempo maior e, então, contamos o número de petéquias. Essa quantidade varia com a idade e, se atingir o número esperado para aquela idade, pode classificar como um risco maior e a pessoa é encaminhada para mais exames e cuidados”, explica o médico.
Medicamento para dengue: o que é indicado?
Nem todo remédio é indicado em caso de suspeita de dengue, e a razão para isso é que alguns medicamentos podem interagir com outros e aumentar o risco de sangramento.
Caso sinta dor ou febre, vale entrar em contato com um profissional de saúde para entender qual seria a melhor medicação para cada caso, ok?
Tratamento da dengue: o que fazer?
De acordo com orientações do Ministério da Saúde, os principais cuidados após contato com a dengue são:
- Repouso;
- Ingestão de líquidos;
- Evitar a automedicação;
- Procurar serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento dos sinais de alarme, como dor abdominal, vômito persistente e manchas pelo corpo.
Dengue hemorrágica: o que é?
Apesar de a maioria das pessoas em contato com a dengue desenvolver uma forma leve da doença, uma em cada 20 pode ter uma versão mais grave da doença, a chamada dengue hemorrágica.
Segundo dados do Instituto Butantan, a pessoa pode entrar em uma fase mais crítica da doença depois de três a sete dias do início dos sintomas – justamente quando a febre aparenta abaixar. Aí outros sinais podem surgir, como:
- Dor abdominal intensa;
- Vômito persistente, às vezes acompanhado de sangue;
- Sangramento das mucosas;
- Dificuldade respiratória;
- Confusão mental;
- Fadiga;
- Aumento do fígado;
- Sangue nas fezes;
- Aumento da pressão arterial.
Vacinas da dengue: quais existem?
Há duas vacinas licenciadas no Brasil contra a dengue, e uma que está em desenvolvimento. Vamos aos detalhes de cada uma:
Qdenga
Produzida pela farmacêutica Takeda, a vacina Qdenga se mostrou protetora contra três subtipos da dengue (1, 2 e 3). O quarto subtipo não pode ser testado porque, quando a vacina foi avaliada, não houve número suficiente de casos de dengue com esse subtipo, segundo informações da Sociedade Brasileira de Imunizações. O imunizante é feito a partir do vírus da dengue vivo atenuado.
Para proteção completa, devem ser aplicadas duas doses com intervalo de três meses entre elas. É indicada tanto para quem já teve quanto para quem não teve a doença.
Em dezembro de 2023, a vacina Qdenga foi incorporada ao SUS e passará a ser distribuída pelo Ministério da Saúde a partir de fevereiro de 2024 – a princípio para cidades e grupos específicos, de maior risco.
Serão, segundo dados da pasta, 521 municípios contemplados nesta primeira etapa de vacinação, já que eles fazem parte de 37 regiões consideradas endêmicas para a dengue.
Apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos serão vacinados, por enquanto. O motivo é que esse grupo concentra o maior número de hospitalizações pela doença, atrás apenas dos idosos. Como a vacina é indicada apenas para pessoas entre 4 e 60 anos, as crianças e adolescentes serão priorizados.
Dengvaxia
Produzida pela farmacêutica Sanofi Pasteur, a vacina Dengvaxia também protege contra os quatro subtipos da dengue e é feita a partir do vírus vivo atenuado.
São aplicadas três doses, com intervalo de seis meses entre elas.
Mas atenção: ela é indicada apenas a quem já teve a doença antes.
Butantan-DV {em desenvolvimento}
Produzida pelo Instituto Butantan, a vacina nacional contra a dengue ainda está sendo desenvolvida, e já apresenta resultados considerados positivos.
Em um artigo publicado na revista científica The New England Journal of Medicine, o grupo que desenvolve o imunizante divulgou os resultados do estudo clínico de fase 3 (quando o estudo acompanha milhares de pacientes e verifica se a vacina é mais eficaz em comparação com outras).
A eficácia geral da vacina foi de 79,6% entre pessoas que não tinham se exposto à dengue antes e de 89,2% entre pessoas que já tinham passado pela doença. Com esse resultado, a vacina poderá ser submetida para aprovação da Anvisa ainda em 2024, segundo dados do Jornal da USP.
No estudo divulgado, a vacina Butantan-DV se mostrou eficaz contra dois subtipos da dengue, o 1 e o 2, mas a proteção esperada envolve os outros dois também.
Da mesma forma que as outras vacinas, esta também é feita a partir do vírus da dengue atenuado e, futuramente, poderá ser indicada a pessoas que já tiveram ou não a doença.
Quero tomar a vacina da dengue, onde busco?
Há apenas duas vacinas licenciadas e disponíveis, por enquanto, no Brasil: a Qdenga e a Dengvaxia.
No caso da primeira, a distribuição gratuita pelo SUS priorizará os grupos indicados pelo Ministério da Saúde (crianças e adolescentes de 10 a 14 anos) e em cidades específicas. Mas ela também pode ser encontrada pela rede privada, com indicação para pessoas entre 4 e 60 anos, tanto para quem já teve quanto para quem não passou pela dengue.
Já a Dengvaxia está disponível apenas pela rede privada. Mas essa versão é indicada para a faixa etária dos 9 aos 45 anos e apenas para pessoas que já tiveram dengue antes, ok?
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