Imagine que, do outro lado da tela do WhatsApp, tem um amigo que é praticamente uma enciclopédia ambulante.
Ele sabe a resposta para todas as suas perguntas, de regras do futebol a buracos negros. Se você pede para fazer um texto, ele redige na sua frente em segundos, sejam relatórios ou poemas, e não importa a complexidade.
Esse é o ChatGPT. E como ele sabe e consegue fazer isso tudo? Porque é uma ferramenta que foi alimentada com todas as informações {ou a maioria delas} disponíveis na internet – pelo menos até 2021*.
*A última atualização da ferramenta engloba informações até essa data, segundo o próprio chatGPT, mas nada impede que, dias ou semanas depois da publicação deste texto, ele tenha sido atualizado e passe a discorrer sobre tópicos mais recentes, como a guerra na Ucrânia ou as vacinas contra a Covid-19, ok?
ChatGPT: o que é e como funciona?
Em termos mais técnicos, o ChatGPT é um robô {bot, como é mais conhecido} que utiliza a inteligência artificial para responder a perguntas e escrever textos, conforme a solicitação de quem está do outro lado da tela.
Outra forma de explicá-lo é pensar nele como um modelo de linguagem ou um sistema de chat que foi treinado para responder aos comandos {prompts, em inglês} do usuário.
Sabe quem detalhou o funcionamento da máquina dessa forma? O próprio ChatGPT.
Para usá-lo, é preciso acessar o site OpenAI.com e fazer um cadastro rápido. Então abre-se uma tela de chat em que o usuário puxa a conversa.
Quando questionado sobre qual seria a maneira mais simples de explicá-lo, a ferramenta respondeu: “ao fazer perguntas ao ChatGPT, você pode obter respostas rápidas e precisas sobre uma ampla gama de tópicos, incluindo saúde, história, tecnologia e muito mais.”
E, sim, o ChatGPT escreve tudo em português porque, segundo o mesmo, ele foi treinado usando grandes quantidades de texto da internet, o que o permite responder de maneira eficiente neste idioma {orgulho da última flor do Lácio}.
Quem criou o ChatGPT?
A ferramenta foi criada e treinada pela organização de pesquisas em inteligência artificial OpenAI, fundada por Elon Musk, Sam Altman e outros profissionais de tecnologia em 2015 e com sede em São Francisco, nos Estados Unidos.
Em 2018, Musk saiu da empresa, que passou a receber outros investidores. Um deles foi a Microsoft, que repassou cerca de US$ 3 bilhões desde 2019, de acordo com informações do New York Times. Segundo o site de notícias de tecnologia The Information, a ferramenta de busca da Microsoft {o famoso Bing} poderá utilizar a funcionalidade do ChatGPT talvez ainda neste ano {segura esse forninho, Google}.
Das áreas de pesquisa, a OpenAI se concentra em aprendizado de máquina profundo, robótica e sistemas de linguagem natural. Além do modelo de linguagem GPT-3 {a versão atual do ChatGPT}, a OpenAI também desenvolveu o OpenAI Gym, plataforma de simulação para treinar algoritmos de aprendizado de máquina.
ChatGPT é tão revolucionário assim?
Tem muita gente comentando sobre a ferramenta, mas no que ela se destaca? De acordo com Juliana Ramos, líder do time de produtos da Alice, a interface conversacional do ChatGPT é fácil de ser usada – e esse é um dos principais diferenciais.
“Qualquer um pode usar e, assim, mais pessoas podem experimentar o poder desses modelos, que é como nos referimos a essas ferramentas porque elas simulam respostas e comportamentos que seriam dos seres humanos”, detalha.
E quem acha que o ChatGPT surgiu de repente nas nossas vidas pode pensar de novo. “Embora pareça que ele e outras ferramentas, como as AIs {sigla para inteligência artificial, em inglês} que geram artes visuais e textos, tenham surgido ‘da noite para o dia’, na verdade são fruto de uma evolução natural dos modelos de machine learning, que já vêm sendo desenvolvidos há muito tempo.”
Ramos cita o exemplo dos anúncios nas redes sociais. Quem nunca fez pesquisas sobre um determinado produto e, ao acessar o app, viu uma propaganda com o mesmo produto? Ou quando o aplicativo de transporte sugere um endereço a que você costuma ir, antes mesmo de digitá-lo. “Isso é machine learning”, explica a engenheira, que completa: “O que o ChatGPT fez foi permitir que as pessoas façam perguntas pró-ativamente e sobre uma variedade muito grande de temas”.
E o futuro? Poderemos ter uma “revolução” nos próximos meses e anos com a inteligência artificial, semelhante a quando a internet entrou pra valer na vida das pessoas.
“Ainda estamos na superfície das aplicações de machine learning. Acredito que, a cada mês, viveremos novos lançamentos e novas aplicações. Vejo pessoas usando o ChatGPT para responder desde perguntas básicas da rotina, como se aveia tem glúten, a atividades mais complexas, como gerar códigos”, detalha Ramos.
Cuidado, o ChatGPT não está sempre certo
Embora a ferramenta seja parecida com o mecanismo de pesquisa do Google, o usuário não tem acesso {ao menos, por enquanto} aos links e referências que embasaram as respostas do ChatGPT – o que deve aumentar o alerta na hora de usá-lo, especialmente se quiser tirar dúvidas sobre a própria saúde.
“É importante que as informações fornecidas pelo ChatGPT sejam sempre avaliadas e comparadas com fontes confiáveis, como profissionais da saúde ou sites de informação médica de confiança, antes de serem tomadas como verdadeiras”, alerta a própria ferramenta.
Quem buscar por um treino preparatório para correr uma maratona, por exemplo, pode receber dicas não tão boas, conforme alerta o site de notícias de tecnologia MIT Technology Review, vinculado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA {MIT, para os íntimos}.
Quando solicitado a criar um plano de exercícios que preparasse alguém para correr uma maratona dali 16 semanas, o ChatGPT orientou que a pessoa treinasse o esporte por cerca de 25 quilômetros no dia anterior da prova – o que não é indicado porque aumentaria o cansaço pré-corrida.
Vale lembrar que o Google também não é uma fonte na qual deve-se confiar cegamente. É preciso filtrar os resultados das buscas para acessar sites confiáveis com informações sobre saúde, como o da Alice.
Atualizações do ChatGPT virão, mas ainda sem data
Sobre futuras atualizações, há previsão de uma versão GPT-4, mas a OpenAI ainda não divulgou uma data – e, talvez, não a divulgue. Quando perguntado sobre quando foi a última vez que os dados foram atualizados, o ChatGPT avisa que a empresa não compartilha informações públicas sobre isso, mas que regularmente treina os modelos com novos dados, a fim de mantê-los relevantes.
“O conhecimento do modelo pode ser considerado até 2021, mas as respostas podem não refletir as informações mais recentes ou precisas disponíveis sobre um determinado assunto”, diz a ferramenta.
ChatGPT na área da saúde: as possibilidades
Já deu pra ver que o ChatGPT tem implicações em muitas áreas de conhecimento, e não seria diferente na saúde.
Para Cesar Ferreira, líder médico de Saúde Digital na Alice, o chat pode ajudar a reduzir o estresse de atividades repetitivas dos profissionais de saúde, o que pode desencadear o burnout.
“Para o cuidado de uma pessoa, o profissional de saúde precisa manter um histórico de cada atendimento. Porém, esse preenchimento de relatórios é, de certa forma, repetitivo. Além de demandarem muito tempo, essas tarefas contribuem com o desgaste dos profissionais”, explica.
Para quem não sabe como o registro das informações funciona, imagine um profissional de saúde que atende uma infinidade de pessoas ao longo do dia e, antes que o expediente acabe, ele precisa dedicar algumas boas horas preenchendo todos os dados de sintomas, diagnóstico e conduta para cada paciente. É muito tempo e desgaste, certo? E isso afeta tanto a qualidade de vida do profissional quanto o tempo de atendimento para quem recebe o cuidado.
O impacto é tão grande que já virou tema de pesquisa. Ao avaliarem 25 estudos que observaram os casos de burnout entre profissionais e o registro eletrônico de saúde dos pacientes, pesquisadores observaram alguns pontos em comum para o desencadear da condição, como:
- Tempo gasto com o preenchimento desses relatórios,
- Carga de mensagens e alertas;
- Usabilidade e funcionalidade dos sistemas eletrônicos.
Ou seja, é uma área que dá para melhorar. O próprio ChatGPT dá dicas de como incorporar a tecnologia no cuidado com a saúde. São elas:
- Assistente virtual {como a Alexa, da Amazon, ou a Siri, da Apple};
- Ferramenta de triagem para ajudar na identificação de possíveis condições de saúde;
- Complemento ao atendimento médico, fornecendo informações adicionais às pessoas;
- Coleta de informações sobre histórico médico ou sintomas, que podem contribuir com o diagnóstico de uma condição.
“O maior risco é acharmos que não precisa de ninguém supervisionando ou acreditar que a ferramenta é melhor do que de fato é. O ChatGPT não vai substituir 100% nenhum profissional de saúde, mas pode facilitar o processo para que eles possam focar no mais importante, que é o cuidado direto das pessoas”, detalha Ferreira.
ChatGPT vai substituir minha profissão?
Com o lançamento do ChatGPT e as facilidades com que ele trata sobre qualquer assunto, algumas profissões passaram a questionar o futuro dos próprios trabalhos. Mas, calma, não há motivo para pânico.
Ao contrário de substituir os seres humanos, a ferramenta pode ser, sim, um grande facilitador das burocracias do dia a dia, como os exemplos que citamos acima.
Isso não significa que o seu uso não possa ser questionado. Editoras de revistas científicas {que publicam estudos científicos}, como a Science e a Springer-Nature, decidiram banir a publicação de artigos que tenham o ChatGPT como co-autor, ou que ele possa ser usado para o desenvolvimento dos trabalhos.
Até porque a ferramenta ainda comete erros e pode fornecer informações que não estão certas. Se elas passassem batido na revisão dos seres humanos, entrariam na literatura científica e seriam lidas por milhares de pessoas.
O que o ChatGPT não consegue explicar?
A ferramenta discorre sobre muitos temas, mas onde ela empaca? Segundo o próprio ChatGPT:
- Perguntas muito específicas ou técnicas para as quais ele não foi treinado;
- Perguntas que requerem conhecimento emocional ou intuição;
- Perguntas que envolvem assuntos controversos ou muito polêmicos;
- Perguntas que exigem ações físicas, como “abra a porta” ou “dê uma volta”.
E tem mais: às vezes a ferramenta acaba inventando certas informações que não estão corretas ou repassando orientações que não são personalizadas – e isso exige atenção de quem está interagindo com o chat, ok?
Para receber um cuidado humanizado na saúde, conheça a Alice
Um plano de saúde tradicional, que só é usado na hora do perrengue, oferece hospitais, laboratórios e uma rede credenciada de médicos. A gestora de saúde Alice também oferece tudo isso {de altíssima qualidade, por sinal} e vai além: seu foco é na promoção de saúde e na prevenção de doenças, com tecnologia e cuidado integrado, coordenado e humano.
O primeiro passo da sua jornada com a Alice é um mapeamento completo da sua saúde. No Scan, você compartilha com a gente as suas condições, necessidades e seus objetivos para ter uma vida mais saudável.
O Scan inclui o Score Magenta, um indicador de saúde que dá uma nota de 0 a 1000, de acordo com suas respostas. Dorme bem? Faz exercícios regularmente? Tem hábitos nocivos, como fumar? Tudo isso vai ajudar a calcular o seu score. {Bateu a curiosidade? Confira uma versão aberta, reduzida e gratuita do Score Magenta: a nossa Calculadora de Saúde}.
Com esses dados, vamos desenhar juntos o melhor caminho para que você fique cada vez mais saudável. A matemática é simples: uma boa gestão hoje gera lucro em saúde no futuro.