Se você trabalha em startup, com certeza convive com uma galera jovem, com menos de 40 anos, que brilha muito e já assume cargos de liderança.
É a chamada geração Y/millennials (nascidos entre 1981 e 1998). Em 2019, segundo pesquisa realizada pelo Itaú BBA, esse grupo representava 34% da população brasileira e 50% da força de trabalho. Até 2030, o percentual deve subir para 70% dos postos.
Com tanta gente nova chegando, a ascensão a cargos de comando é cada vez mais rápida. Em alguns casos, não é preciso nem progredir num plano de carreira, porque os fundadores e C-levels da empresa são jovens com ideias inovadoras e muito talento para fazer o negócio prosperar.
Nessa trajetória, porém, saem na frente aqueles que percebem que gerir e administrar não é um dom, e sim uma habilidade que pode ser desenvolvida.
Aprender continuamente sobre gestão de pessoas e outras competências pode ajudar o jovem líder a preencher eventuais gaps {que normalmente seriam superados com a experiência e a maturidade} e a potencializar características positivas de sua geração.
Geração Y em cargos de liderança
A geração Y é considerada a mais educada e diversa do século XX. Os nascidos nas décadas de 1980 e 1990 receberam uma criação com mais liberdade para questionar e criticar.
Outra característica comum entre os millenials é a capacidade de realizar múltiplas tarefas com agilidade. A tecnologia converge para isso, proporcionando uma mentalidade digital.
“O aprendizado é rápido e focado. Esses jovens também costumam pensar de forma prática, o que pode causar resistência à aceitação de regras que, para eles, pareçam não fazer sentido”, acrescenta a professora.
Quando estão em cargos de chefia, os under 40 buscam se alinhar aos valores da organização e liderar pelo exemplo. Também demonstram interesse por todos os projetos e gostam de dar feedback constante – muitas vezes de forma breve e casual – sobre o andamento das atividades.
Desafios no desenvolvimento dos jovens
E é justamente por causa desse forte engajamento que alguns problemas surgem para jovens gestores. Um deles é o microgerenciamento, em que a chefia tende a controlar excessivamente as tarefas da equipe, com a intenção de que tudo saia do jeito que acha ser o melhor {mas isso pode desmotivar o time! Quando puder, leia a matéria que fizemos sobre como liderar sem microgerenciar}.
Outra questão tem a ver com as próprias expectativas. Assim como chegam rápido a postos de comando, as pessoas da geração Y também esperam alcançar bons resultados velozmente. Mas como vários fatores influenciam o produto final, lidar com frustrações pode não ser fácil.
Líderes mais novos também podem sentir, com maior intensidade, a pressão no trabalho e o peso da responsabilidade de alcançar metas sucessivamente {ainda mais se for uma equipe de alta performance!}.
Isso pode resultar em jornadas estendidas e em dificuldade de desconexão do trabalho. E se o work-life balance fica de lado, a saúde e o bem-estar também podem ser comprometidos.
Quando ainda solteiros e sem filhos, esses jovens tendem a ter maior disponibilidade para o trabalho, o que pode ser diferente de outras pessoas na equipe. E aí podem surgir conflitos de gerações ou situações individuais que demandem uma liderança humanizada e empática.
“Os jovens líderes precisam estar ainda mais abertos a diferentes visões, respeitando e acolhendo também as ideias e opiniões dos outros. Conflito de gerações é natural em todos os ambientes, não só o profissional, e isso precisa ser entendido como uma grande fonte para sinergia e melhores resultados”, afirma Nakata.
Como desenvolver líderes
Para ajudar os mais jovens na tarefa de liderar, as empresas podem adotar algumas estratégias. Uma delas é adaptar processos internos ao perfil dessas pessoas.
Outro caminho é investir em capacitação constante. As competências e habilidades esperadas de quem ocupa cargo de liderança envolvem temas como:
- Gestão de pessoas;
- Tomada de decisão;
- Proatividade e inovação;
- Negociação;
- Comunicação assertiva;
- Inteligência emocional;
- Flexibilidade;
- Resiliência;
- Feedback.
As empresas podem ainda criar programas de mentoria, em que líderes mais experientes aconselham os mais novos. O ideal é que, a partir das sugestões do mentor, o jovem gestor consiga encontrar seu próprio jeito de guiar a equipe.
“As lideranças veteranas servem de modelo e referência para os mais jovens, mas um possível erro é querer imitá-las, deixando de ter um estilo próprio para liderar. Assim, temos menos possibilidade de oxigenar a empresa”, lembra a professora Lina Nakata.
Na busca por uma liderança equilibrada, vale ainda incentivar o autocuidado e a busca pelo autoconhecimento.
“Uma pessoa mais jovem que assume um cargo de liderança precisa ter um bom autoconhecimento para saber como potencializar seus pontos fortes e como melhorar suas habilidades ainda pouco preparadas”, conclui Nakata.