“Digne-se Vossa Excelência de acolher benigno este meu espontâneo oferecimento, ditado tão somente pela voz do coração”.
Foi com essas palavras que Anna Justina Ferreira Nery, mais conhecida como Anna Nery ou até Ana Néri, encerrou a carta enviada em 1865 para o então presidente da província da Bahia, Manuel Pinto de Sousa Dantas, ao se voluntariar como enfermeira para cuidar de feridos durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870).
Assim, ela virou exemplo de altruísmo e perseverança em condições extremamente adversas.
Neste Dia Internacional da Enfermagem (12/5), conheça a história e o legado dessa profissional, que é, inclusive, reverenciada no decreto que instituiu a data no Brasil.
A história de Anna Nery
Anna Nery nasceu em 13 de dezembro de 1814 em Cachoeira do Paraguaçu (BA). Ela recebeu o sobrenome do marido, o capitão de fragata português Isidoro Antônio Nery, com quem teve três filhos homens.
Viúva aos 29 anos e com boas condições financeiras, mudou-se para Salvador, onde dois de seus filhos depois se formaram em medicina e um deles se tornou militar.
Após o início do conflito na fronteira com o Paraguai, os três se somaram aos 18 mil baianos alistados para defender o Brasil. Anna então se ofereceu para prestar serviço em hospitais do Rio Grande do Sul, também com o intuito de ficar perto deles.
“Como brasileira, não podendo ser indiferente ao sofrimento dos meus compatriotas e, como mãe, não podendo resistir à separação dos objetos que me são caros, […] desejava acompanhá-los por toda parte, mesmo neste teatro da guerra”, disse na mensagem enviada ao presidente da província.
Logo após ter recebido a autorização, ela foi para o sul do país, onde começou a cuidar de feridos nos campos de batalha. Também atuou em hospitais de campanha da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai). Na capital paraguaia, Assunção, transformou a própria casa em enfermaria.
Legado de dedicação para a enfermagem no Brasil
Com uma elevada consciência humanitária, Anna Nery atendia pessoas de diferentes origens, sem fazer distinção. Por sua postura sempre solidária, ficou conhecida à época como a “mãe dos brasileiros”.
“Ela teve um papel fundamental por esse lado humanístico. De cuidar não somente dos soldados brasileiros, mas também dos outros, do paciente como ser humano, independentemente de nacionalidade”, afirma Júlia Lemos, diretora do Museu Nacional de Enfermagem (MuNEAN), que conta com uma sala dedicada a Anna Nery, reconhecida como patrona da enfermagem no Brasil.
Anna Nery não se preocupava apenas em tratar os ferimentos, mas também em oferecer acolhimento e consolo, além de palavras de ânimo e de conforto. Ela não se deixou abater nem mesmo quando encontrou o corpo de um dos filhos já sem vida.
“Conta-se que mal teve tempo de chorar: quando um soldado adversário gemeu por ajuda, foi ajudá-lo sem rancor”, relatam as escritoras Duda Porto de Souza e Aryane Cararo, no livro “Extraordinárias – Mulheres que Revolucionaram o Brasil”.
A enfermeira teve atitude semelhante ao encontrar um sobrinho morto e outro filho ferido. “Nem mesmo a dor da perda a fez desistir ou interromper sua ajuda aos que permaneciam em guerra, suas viúvas e seus órfãos.”
A guerra dizimou a maioria da população masculina paraguaia (entre 75% e 90%) e deixou centenas de milhares de mulheres e crianças na miséria. Muitas delas também foram atendidas por Anna Nery.
“Ela é super-reconhecida no Paraguai. Até hoje, há um carinho especial por ela. Inclusive existe uma escola de enfermagem no país vizinho batizada de Anna Nery. Em função, principalmente, desse papel de humanização com o cuidar dos doentes”, afirma Júlia Lemos.
Para a diretora do MuNEAN, o principal legado de Anna Nery para a história da enfermagem no Brasil foi “a abnegação e a perseverança no cuidar do próximo”, o que serve de inspiração para diversos profissionais de saúde, sobretudo os da linha de frente.
Anna Nery também é frequentemente apontada como precursora na valorização do trabalho das mulheres e como exemplo notável da capacidade feminina de promover mudanças na sociedade.
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Reconhecimento internacional
Com o fim do conflito, em 1870, Anna retornou ao Brasil e passou a morar no Rio de Janeiro, tendo levado consigo algumas crianças órfãs.
Considerada a primeira enfermeira de guerra no Brasil, ela foi condecorada pelo governo com as medalhas Humanitária de Primeira Classe e Geral de Campanha. Por decreto de Dom Pedro II, também passou a receber pensão vitalícia. Ela morreu em 1880.
“Depois de sua morte, ficou esquecida por quase 40 anos. Em 1919, houve um evento da Cruz Vermelha em Paris em que ela foi reconhecida como enfermeira pioneira no Brasil e precursora da entidade no nosso país. Isso dentro dos princípios da humanidade, imparcialidade, neutralidade e do voluntarismo”, conta Júlia Lemos.
Alguns anos após o reconhecimento pela Cruz Vemelha, foi inaugurada no Rio de Janeiro a primeira Escola de Enfermagem do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1923. A instituição – hoje quase centenária – recebeu o nome de Escola de Enfermagem Anna Nery.
Os restos mortais da enfermeira foram transferidos para sua cidade natal em 1979, causando comoção na Bahia e no resto do país. A urna funerária registrou que ali estava “Anna Nery vencendo as trevas da morte e a distância dos séculos para receber de nós outros o que lhe deve a posteridade”.
Em 2009, a pioneira da enfermagem no Brasil foi a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
>> O que faz o auxiliar de enfermagem?
Como a Alice valoriza a enfermagem?
A cultura mais comum nos hospitais e serviços de saúde é acreditar que a figura do médico deve resolver todos os problemas. Mas há uma variedade de categorias e atuações que permite autonomia aos demais profissionais, como os enfermeiros. Na Alice, a equipe de enfermagem tem essa autonomia.
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