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Endoscopia digestiva alta: quando é preciso fazer o exame?

Endoscopia digestiva alta

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Embora pareça que todo mundo já fez ou está para fazer uma endoscopia, há indicações específicas para o procedimento, sabia?

Antes, vale entender as diferentes formas que o exame pode ser realizado.

Quais são os tipos de endoscopia?

Há diferentes tipos de endoscopia e as duas mais conhecidas são: endoscopia digestiva alta e a colonoscopia.

O que é a endoscopia digestiva alta?

A endoscopia digestiva alta é um dos tipos do exame de endoscopia e que observa os órgãos no início do processo de digestão, como o esôfago, estômago e o duodeno (primeira parte do intestino delgado).

Como é feito o exame de endoscopia digestiva alta?

Na endoscopia digestiva alta, o endoscópio (tubo longo flexível, com uma câmera na ponta) é inserido pela boca e ajuda no diagnóstico de lesões causadas por problemas gástricos, como a doença do refluxo gastroesofágico. 

O que é a colonoscopia?

A colonoscopia é outro tipo de endoscopia, e é o exame que observa a parte final do sistema digestivo, começando pelo reto e o cólon, ou intestino grosso.

Como é feito o exame de colonoscopia?

A via de entrada do aparelho é pelo ânus, e o exame atua no rastreamento do câncer colorretal, além do diagnóstico de casos de diarreia crônica, sangramentos ou na investigação de alguma queixa.

Para que serve a endoscopia?

Por terem atuações diferentes, as indicações de cada tipo de endoscopia também são únicas, de acordo com Rafael Bandeira Lages, médico gastroenterologista da Alice

A endoscopia digestiva alta é indicada para quem tem sintomas gástricos {quem nunca sofreu de azia, queimação e má digestão?}, mas não só e nem sempre.

De acordo com Lages, nem todo mundo com sintomas gástricos precisa fazer uma endoscopia logo de cara. Isso vai depender de alguns sinais de alarme, que geram mais preocupação, como: 

  • Idade acima dos 40 ou 50 anos;
  • Histórico familiar de câncer;
  • Vômito recorrente;
  • Anemia;
  • Perda de peso;
  • Sangramento;
  • Sensação de que a comida está entalada.

Sem esses sinais, a orientação mais comum é focar em outros cuidados primeiro, como uma mudança nos hábitos alimentares, por exemplo. Se em quatro a oito semanas não houver melhora, aí sim pode ser o caso de fazer a endoscopia para ampliar a investigação.  

Outros motivos que indicam a endoscopia são: 

  • Crianças que engolem algum objeto que precisa ser retirado rapidamente;
  • Pessoas que já passaram por uma endoscopia anterior com resultados alterados;
  • Diagnóstico de cirrose, que demanda acompanhamento para buscar por lesões no esôfago;
  • Suspeita de anemia;
  • Suspeita de doença celíaca.

“Parte do diagnóstico da intolerância ao glúten é feito pela endoscopia, que facilita a biópsia do começo do intestino para avaliar, no laboratório, se a parede do órgão está íntegra ou não. Somando este exame com a dosagem do anticorpo no sangue temos o diagnóstico da condição”, explica Clovis Massato Kuwahara, médico gastroenterologista e professor de medicina da PUCPR.  

Quando fazer a endoscopia digestiva para rastrear câncer?

Em geral, a endoscopia digestiva alta não é usada como um exame de rastreamento para o câncer gástrico. Isso porque, segundo informações do Inca (Instituto Nacional do Câncer), não há evidências, até o momento, de que fazer o rastreio do câncer de estômago traga mais benefícios do que riscos e, sendo assim, não é recomendado.

A orientação pode ser diferente para alguns grupos de pessoas, como quem tem histórico na família da doença. Segundo dados do Instituto norte-americano de Câncer, outros fatores de risco que mudam a orientação e que podem rastrear o câncer gástrico são: 

  • Idosos com atrofia gástrica crônica (com a destruição da parede do estômago) ou anemia perniciosa (um tipo de anemia);
  • Quem passou por uma gastrectomia parcial (remoção de uma parte do estômago);
  • Pessoas que tiveram pólipos (elevações de um tecido que cresceu desordenadamente) no estômago;
  • História de Polipose familiar (FAP), doença hereditária que favorece o surgimento de pólipos, e de câncer colorretal hereditário não poliposo;
  • Quem vive em países onde o câncer gástrico é mais comum. 

Colonoscopia é usada para rastrear o câncer colorretal

No caso da colonoscopia, o exame tem benefícios importantes para o diagnóstico precoce do câncer colorretal e é indicado como parte do rastreamento, segundo as informações da US Preventive Service Task Force (grupo de especialistas em atenção primária da saúde nos Estados Unidos). 

A entidade recomenda que pessoas acima de 50 anos passem pelo rastreio, mesmo se não apresentarem sintomas indicativos da doença. 

“Em caso de parentes de primeiro grau com histórico de câncer do intestino, o rastreamento deve começar 10 anos antes. Por exemplo, se o pai teve o câncer com 52 anos, o filho começaria a rastrear com 42 anos”, explica Lages. 

Em populações de maior risco, onde o câncer seja mais prevalente, o rastreio também pode ser iniciado antes, com 45 anos. “Geralmente a indicação é de 45 a 50 anos, mas o mais clássico é aos 50”, destaca o gastroenterologista. 

Recentemente, quem passou pelo rastreamento do câncer foi o ator canadense Ryan Reynolds. Em uma brincadeira com um amigo, ele apostou que, se perdesse, filmaria a própria colonoscopia. 

Ryan, que tem 45 anos, encontrou um pólipo no intestino que poderia se transformar em um câncer colorretal e, durante o procedimento, foi retirado. O amigo que ganhou a aposta, o ator norte-americano Rob McElhenney, também passou pelo exame e encontrou três pólipos – também retirados na colonoscopia. {Quem quiser ver os intestinos dos atores, o vídeo foi compartilhado no Youtube por Reynolds}.

Qual a frequência ideal da colonoscopia?

Uma vez feito o exame, são os resultados que vão determinar qual será a próxima vez. 

“Um exame feito com o preparo certo, de boa qualidade e com resultados completamente normais vai ser repetido dali 10 anos. Mas, se acharmos pólipos, pode ser necessário repetir em um, três ou cinco anos, dependendo da quantidade, do tamanho deles e da biópsia”, explica Lages. 

Pré-requisitos e preparo da endoscopia digestiva alta

Quem vai se preparar para a endoscopia digestiva alta precisa se preocupar com a alimentação {por favor, ninguém quer ver as últimas refeições em modo tritura}. 

Em geral, é indicado um jejum de alimentos sólidos por pelo menos oito horas antes do exame e, para os líquidos, quatro horas. Isso porque os líquidos tendem a passar pelo sistema digestivo de forma mais rápida, enquanto os sólidos demandam mais tempo e trabalho. 

A colonoscopia vai exigir cuidados parecidos, porém mais intensos. Além da preocupação com a alimentação na véspera para “limpar” o cólon, a pessoa precisa usar laxantes para evitar qualquer resquício – e isso pode ser um tanto desconfortável. Mas, no geral, o exame também é feito com sedação e dura cerca de meia hora.

Quanto tempo dura a endoscopia?

O exame tem uma duração entre 10 a 15 minutos, de acordo com Kuwaraha. “Normalmente a pessoa chega na clínica e recebe uma medicação endovenosa, para a anestesia. Tudo é monitorizado, inclusive a oxigenação do sangue via oxímetro, igual o que é usado na covid-19. O exame dura entre 10 a 15 minutos. Retira-se o aparelho e, pouco depois, a pessoa acorda”, relata. 

É indicado ter alguém que acompanhe a pessoa que vai passar pela endoscopia já que pode levar um tempo até que a sonolência passe por completo. 

Leia também: Barriga inchada: 5 dicas para se sentir leve após as refeições

Como é a sedação da endoscopia? A endoscopia digestiva dói?

Quem passa pela endoscopia normalmente recebe uma anestesia que faz com que a pessoa durma profundamente e não sinta o endoscópio passando pela garganta para observar os primeiros órgãos do sistema digestivo. Essa sedação é comum, mas não é regra, segundo Clovis Kuwahara, médico gastroenterologista. 

“Dá para fazer só com um spray anestésico que reduz a sensibilidade da garganta, mas quem costuma ter bastante náusea com a passagem do aparelho pode achar desconfortável. A opção é indicada a quem tem contraindicação ao sedativo. No Japão é feito sem sedação, por exemplo”, explica o médico, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed).

Kuwahara lembra também que, antes, era comum o uso de medicamentos com efeito sedativo mais longo, de até oito horas. Como consequência, a pessoa saía do exame desorientada e demorava a voltar ao normal. “Agora usamos sedativos de ação mais rápida e a pessoa acorda cerca de meia hora depois, sem maiores ressacas”, detalha. 

Cuidados necessários pós-endoscopia

Feito o exame, a recuperação leva até uma hora de repouso, de acordo com informações da Sobed. Como a medicação usada durante a endoscopia pode afetar a capacidade de raciocínio e os reflexos, é importante que a pessoa esteja acompanhada e não saia dirigindo qualquer tipo de veículo {nem mesmo pegar carona com moto}. A rotina poderá voltar ao normal a partir do dia seguinte. 

E com relação à alimentação? Segundo dados da Sobed, a pessoa pode retornar à dieta que estiver acostumada após o exame, sem grandes problemas. Caso os profissionais de saúde que a acompanham indicarem alguma mudança nas refeições ou nas medicações, aí vale trocar. 

Quais as contraindicações para o exame?

Apesar da endoscopia digestiva alta ser um exame seguro, há alguns riscos associados, segundo a Sobed

Elas vão desde reação à medicação usada no exame a perfurações ou sangramentos — embora estas sejam condições raras e que acontecem com mais frequência quando o exame é feito para retirar algum corpo estranho {aquela espinha de peixe que entrou sem ser chamada}, dilatação de estenoses (nome técnico para estreitamentos) ou para a retirada de algum pólipo, entre outras situações.

Segundo a entidade, caso a pessoa tenha alguma doença cardíaca ou pulmonar que não esteja compensada, vale um cuidado maior no momento da sedação.  

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