Se o RH está focado na saúde mental dos funcionários, quem está cuidando da cabeça do RH?
Foi pensando nisso que elencamos uma série atividades que você, da área de People, pode colocar em prática em benefício da sua própria saúde mental {e, claro, indicar para os funcionários da sua empresa também!}.
Se faz parte do seu trabalho planejar as ações para a campanha Setembro Amarelo, que tem foco na prevenção ao suicídio, nada mais justo do que aproveitar essa oportunidade para começar ou aprofundar iniciativas que ajudem também no seu próprio psicológico.
E tudo começa com o autocuidado.
Essas práticas (individuais e coletivas) podem ajudar você a lidar melhor com as próprias emoções, a se conectar consigo mesmo e a obter maior compreensão sobre situações que causem incômodo ou sofrimento.
Foco nas atividades prazerosas
O que te faz feliz quando você não está trabalhando? Arte, dança, esporte e passeios ao ar livre nos dão a oportunidade de mudar o foco, oxigenando a mente e acalmando as emoções.
“Vivemos em uma sociedade onde descansar é ‘pecado’ e nos cobramos para produzir o tempo todo. Esquecemos de que precisamos desses momentos e de que, conforme evidências em estudos científicos, quando realizamos atividades prazerosas, nossa produção aumenta em outras demandas da vida, como o trabalho”, explica a psicóloga Amanda Vitta.
Artes plásticas e cênicas, dinâmicas de expressão corporal, música e escrita literária estão entre os processos criativos que ajudam a melhorar o estado emocional.
Um estudo realizado por Heather L. Stuckey e Jeremy Nobel mostrou que isso acontece porque há uma conexão com a própria identidade. Quando associadas a tratamento médico, as práticas artísticas ajudam as pessoas a se dissociarem das doenças e a acessarem o que as pesquisadoras chamam de “reservatório de cura” – aquela força interior para enfrentar as adversidades.
Passeios ao ar livre também trazem efeitos físicos e mentais positivos. Um estudo realizado em 2019, com coleta de saliva para identificação de marcadores bioquímicos, mostrou que passar apenas 20 minutos em contato com a natureza ajuda a diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Ideias de atividades para relaxar a mente
- dançar e cantar;
- ler um bom livro;
- brincar com o animal de estimação;
- organizar o armário ou quarto;
- tomar um banho relaxante;
- maratonar séries;
- arriscar-se na cozinha, fazendo pratos saborosos {sabia que a alimentação pode influenciar a saúde mental?};
- ir a um salão de beleza ou fazer um spa em casa;
- encontrar com pessoas queridas.
“Ah, mas eu não tenho tempo”, você pode ter pensado. Mas não precisa se matricular na academia ou correr uma maratona logo de cara. Comece pegando aquele livro da cabeceira que faz tempo que você quer ler. E coloque na agenda. Pense que isso é um compromisso com você mesmo, uma prioridade. Toda terça, às 20h, bloqueado para leitura. Mas não vale marcar algo em cima depois, heim?
Participe de grupos de apoio
Seja em reuniões presenciais ou em plataformas virtuais, tem muita gente disposta a compartilhar experiências em grupos de apoio. Nelas, são trocadas informações sobre relacionamentos, trabalho, família e outras situações mais desafiadoras do dia a dia.
A principal vantagem é perceber que não se está sozinho. A partir dos relatos de pessoas que já passaram por situações semelhantes, são visualizados caminhos para enfrentar os próprios problemas.
Para serem eficazes, porém, é recomendado que esses grupos contenham regras claras {inclusive sobre confidencialidade!} e com um mediador qualificado. Além de filtrar eventuais informações equivocadas, esse facilitador poderá direcionar as discussões para os objetivos comuns.
Faça um diário das emoções
Algumas vezes nos sentimos desanimados ou incomodados, sem que haja um motivo aparente. Uma técnica que tem sido bastante difundida para chegar à raiz de sentimentos negativos e alavancar os positivos é o diário das emoções.
Em inglês, essa prática de escrever diariamente é chamada de journaling. O hábito, segundo publicação da Universidade de Rochester (de Nova York, nos EUA), ajuda a controlar sintomas e a melhorar o humor, porque nos permite priorizar problemas, medos e preocupações, além de traçar maneiras de encará-los.
A psicóloga Aline Prato, da Alice, explica que o registro pode incluir pensamentos, sentimentos, comportamentos e seus contextos.
“Quando sentir ansiedade ou qualquer outra sensação desagradável, pause e preste atenção aos seus pensamentos. Se possível, anote em um caderno ou no celular, assim que acontecer ou no final do dia”
Aline Prato, psicóloga da Alice
O ideal é primeiro registrar a situação. O que aconteceu? Quais pensamentos passaram pela mente? O que sentiu? Tentar nomear as emoções é muito importante para que seja possível também identificar a frequência em que elas ocorrem.
Em cada registro, vale ainda anotar se houve reações fisiológicas ou se foi possível perceber alguma mudança no corpo.
Em seguida, o comportamento deve ser avaliado. O que fiz ou deixei de fazer? Por que agi de determinada maneira? É possível remediar essa situação ou não tenho controle sobre ela? Como posso agir quando algo semelhante ocorrer?
Os benefícios da prática de escrever em um diário já foram analisados em diversas pesquisas científicas. Muitas delas apontam que a técnica pode, inclusive, auxiliar no tratamento de ansiedade crônica e de depressão.
Por que fazer terapia pode ser o caminho em certas situações
Alguns estados emocionais ou transtornos demandam orientação profissional one-on-one. Nesses casos, fazer terapia com um psicólogo por um período facilita a compreensão e o manejo dos problemas enfrentados.
Para a ciência, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada a “padrão ouro” no tratamento e no encaminhamento de muitos contextos de saúde mental.
Baseada em protocolos robustos, questionários e testes com respaldo científico, essa metodologia tem como objetivo analisar emoções e atitudes, para que se possa construir uma reação saudável a elas.
Parte-se do princípio de que com a reestruturação dos nossos pensamentos, somos capazes de responder de forma mais assertiva aos estímulos externos, seja lidando com emoções complexas ou situações de desconforto.
Com essas estratégias, o objetivo do psicólogo que aplica a TCC é que haja remissão dos sintomas inicialmente apresentados e que o indivíduo reconheça que está no centro do seu autocuidado, gerando autonomia em saúde mental e maior qualidade de vida.
Terapia alternativas e práticas integrativas
O Ministério da Saúde reconhece diversas práticas como complementares aos modelos tradicionais de cuidado. Em geral, as atividades propiciam relaxamento e reflexão.
Conheça algumas delas:
- Acupuntura (estimulação de pontos específicos do corpo com agulhas);
- Apiterapia (uso de produtos derivados de abelhas para promoção da saúde);
- Aromaterapia (uso de óleos essenciais e de florais voltados para o bem-estar);
- Ayurveda (mescla técnicas de relaxamento, massagens, plantas medicinais e posturas corporais);
- Cromoterapia (uso de lâmpadas com cores do espectro solar para restaurar o equilíbrio energético do corpo);
- Geoterapia (uso de argila, barro e lamas medicinais para reequilíbrio energético);
- Homeopatia (uso de medicamentos homeopáticos);
- Meditação (prática mental para focalizar a atenção);
- Osteopatia (uso de técnicas de manipulação do sistema musculoesquelético);
- Ozonioterapia (aplicação de mistura dos gases oxigênio e ozônio);
- Reike (canalização de energia vital por meio das mãos);
- Yoga (exercícios de respiração e posturas para trabalhar corpo e mente).
Por fim, mantenha-se informado
Uma opção didática e acessível é buscar aprender sobre as emoções a partir de livros, vídeos e cursos. Através do conhecimento, entendemos como certos mecanismos mentais podem ser formados e quais reações desencadeiam.
Em situações de ansiedade, por exemplo, tendemos a ver as circunstâncias de maneira exagerada, superdimensionando determinados aspectos. A incerteza sobre o futuro também causa bastante desconforto.
Diversas pesquisas mostram que algumas técnicas podem ser aprendidas para superar esse medos.
“Uma estratégia simples envolve incentivar a pessoa a gastar menos tempo se preocupando com o que pode acontecer e, em vez disso, se concentrar na vida no presente”, assinalam Dan W. Grupe e Jack B. Nitschke, em artigo científico sobre a ansiedade pela ótica da incerteza.
O Portal Time de Saúde montou um curso de mindfulness, onde se ensina a prática da atenção plena. Assista abaixo à primeira sessão:
Conteúdos voltados para o autoconhecimento, a inteligência emocional e a autoconfiança podem ser bastante úteis para ajudar aqueles que buscam respostas às suas inquietações.
Vale ressaltar que a dica é procurar fontes confiáveis, com reconhecida competência técnica sobre o tema.
O que é o Setembro Amarelo?
A campanha Setembro Amarelo busca incentivar os cuidados com a saúde mental como medida de prevenção aos suicídios.
Isso porque 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos como depressão, bipolaridade e abuso de substâncias.
No Brasil, a iniciativa é liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
“As entidades médicas acreditam em uma sociedade engajada na defesa da vida e em gestores comprometidos com políticas públicas que realmente transformem esse cenário”, registra cartilha com orientações sobre o tema.
P.S.: Se você estiver precisando de apoio, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito por telefone 24 horas. O fone é: 188. O chat funciona em horários específicos no site do CVV.
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