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Saúde mental nas empresas: ideias para colocar em prática

Tirar o pessoal do sofá e focar na alimentação são apenas algumas ideias de projetos para saúde mental nas empresas. Saiba mais!

Saúde mental nas empresas

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Nos últimos tempos, dois temas saíram das entrelinhas para figurar no topo das prioridades de quem trabalha com gestão de pessoas: bem-estar e saúde mental.

Os colaboradores buscam cada vez mais um local de trabalho saudável e se mostram dispostos a até mudar de emprego se não estiverem emocionalmente satisfeitos com a empresa {a gente já detalhou essa tendência em matéria sobre a Great Resignation}. 

Por isso, a campanha Setembro Amarelo, com foco na prevenção ao suicídio, pode ser uma boa oportunidade para começar ou aprofundar iniciativas que ajudem a melhorar a saúde mental do time {inclusive a do RH!}.

Ideias de projetos para saúde mental nas empresas

Veja abaixo algumas ideias do que fazer, reforçar, planejar ou recalcular para que a mente sã seja prioridade no ano todo. 

1. Proporcione um ambiente de trabalho psicologicamente seguro

É o ponto de partida para todas as empresas que buscam o bem-estar emocional dos colaboradores. 

O psicólogo Felipe Souza, da comunidade de saúde da Alice, explica que há três palavrinhas-chaves nesse processo: equidade, realização e colaboração. 

“A equidade diz respeito ao tratamento digno e respeitoso, além da ideia de justiça nas ações. A realização corresponde ao orgulho de pertencer à empresa, ao empoderamento e à satisfação em meio aos desafios do dia a dia. Já a colaboração tem a ver com uma camaradagem entre os colegas do time”, afirma. 

Para que isso aconteça na prática, uma ideia que pode ajudar é revisitar os valores da empresa. Há algo escrito sobre esses assuntos? Se há, como reforçá-los para que sejam colocados em prática? Quais rituais podem ser aplicados para melhorar o engajamento e o trabalho coletivo? {Spoiler: vamos falar um pouco mais sobre tudo isso ao longo deste conteúdo!}

Mas se não tem uma linha nos valores da empresa sobre isso, uma proposta é chamar as lideranças para um papo e iniciar uma reflexão a respeito do assunto.

Invista na formação de lideranças

Quem está na posição de líder, aliás, tem um baita desafio – e responsabilidade – nas mãos. Estabelecer relações genuínas de parceria com os integrantes do time também pode ser um fator importante para a estabilidade emocional das pessoas. 

Lembra daquele lema “juntos para o que der e vier”? É quase isso! Por isso, a atenção se volta cada vez mais para o estilo de liderança humanizada, no qual as necessidades individuais, a empatia e a solidariedade são valorizadas. Afinal, as pessoas ficam mais comprometidas quando percebem que são guiadas por alguém que se importa com elas.

Mas não precisa nascer sabendo disso. Liderança é uma skill como qualquer outra. É como aprender finanças ou comunicação. E tem muita gente boa falando, escrevendo e ensinando sobre o assunto.

Que tal começar compartilhando esse TED do Simon Sinek, que estuda gerenciamento de pessoas, sobre por que bons líderes fazem você se sentir seguro? O livro “Radical Candor”, de Kim Scott, também é uma ótima dica de leitura para aprender mais sobre o assunto {valeu, Gabi Brazão, da nossa Health Community, pelas sugestões!}.

Avalie o salário emocional

Outro aspecto que parece meramente material, mas entra no radar dos RHs quando o assunto é tranquilidade emocional é a política de reconhecimento. E isso inclui a remuneração, que proporciona segurança financeira e também ajuda a manter o work-life balance.

Mas o valor no contracheque e demais benefícios são apenas a base de um conjunto maior. Pesquisadores da Escola de Negócios IMF de Madri, na Espanha, falam em salário emocional, que compreende outros fatores essenciais para a sensação de bem-estar. 

Entre eles estariam outras formas de reconhecimento, planos de treinamento, flexwork, dias de folga e um ambiente prazeroso. A possibilidade de fazer amizades e expandir a criatividade também entram na lista.

Reforce os feedbacks construtivos

Além disso, todo mundo ganha se houver trocas construtivas. Em ambientes psicologicamente seguros, a prática costuma ser corriqueira, porque as pessoas são incentivadas e treinadas para isso.

A pandemia, inclusive, mudou para melhor a forma como os gestores dão feedback. De modo geral, ao mesmo tempo em que ficou mais rotineiro, ele também se tornou mais empático, objetivo e propositivo.

A gente fez um conteúdo sobre os modelos de feedback pós-pandemia. Se puder, dê uma olhada e veja se faz sentido para a sua empresa.

Monitore o que causa estresse 

Outra maneira de proporcionar bem-estar emocional e promover a saúde no trabalho é mapear o que causa tensão ou sobrecarga emocional e buscar estratégias para administrá-las.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse ocorre em diversas circunstâncias de trabalho, mas geralmente é agravado quando os funcionários sentem que têm pouco apoio de supervisores e colegas, bem como pouco controle sobre os processos de trabalho.

Tem uma reportagem no Portal Time de Saúde que traz orientações sobre como controlar o estresse no trabalho. Lá tem informações que podem ajudar a trazer insights sobre o tema.

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2. Foque na alimentação do time 

Você sabia que a região intestinal e o cérebro têm uma relação de parceria

Um afeta o outro – tanto de maneiras positivas, quanto negativas. Já reparou que quando comemos algo que não cai bem, a cabeça logo começa a doer? Ou que o estresse pode dar piriri?

E essa ligação não se manifesta só em episódios esporádicos. A conexão é constante. Uma alimentação pobre em nutrientes pode afetar o humor, a memória, a atenção e a concentração.

Já uma refeição equilibrada, com fontes de energia e de proteínas, garante ao cérebro o vigor necessário para a realização das atividades do dia a dia {saiba mais sobre como a alimentação afeta a saúde mental}.

Nas empresas, várias ações de conscientização sobre comer bem podem ser realizadas. De palestras com nutricionistas a oficinas gourmet. 

Dá até para distribuir brindes personalizados. Uma bolsa térmica ou uma marmiteira com frases de incentivo, por exemplo, serão mais que um mimo, mas um lembrete de que cuidar da alimentação é também cuidar da mente. 

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3. Tire o pessoal do sofá (ou da cadeira giratória)

Para que a mente funcione bem, o corpo precisa estar em equilíbrio. Por isso, sempre é tempo de incentivar a adoção de bons hábitos de vida. 

Na Alice, por exemplo, consideramos que encontrar um tempo de qualidade para movimentar o corpo e se dedicar a uma atividade que traga prazer deve ser prioridade. Por isso, lançamos o desafio Saí do Sofá aos Pitayas (como chamamos nossos colaboradores).

É uma jornada mensal na qual cada um se propõe, de forma voluntária, a praticar alguma atividade.  

Cada pessoa escolhe um objetivo, respeitando o próprio ritmo. Pode ser completar uma distância em uma corrida, ir à aula de dança duas vezes por semana ou se alongar por 20 minutos.

Para quem alcança a meta mensal, há prêmios personalizados como camisetas, óculos de sol, boné, tapete de yoga, entre outros. 

Mas esse é só um exemplo. E não faltam opções, viu? Um guia do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos lista uma série de estratégias para incentivar as atividades físicas no ambiente de trabalho. 

Além das tradicionais sessões de ginástica laboral e das pausas para alongamento, há a indicação de dinâmicas de pantomimas como atividade prática e divertida.  

O nome é um pouco estranho, né? Mas, se você der um Google logo vai aparecer uma foto daqueles mímicos com a cara pintada de branco. 

É que a pantomima é uma espécie de teatro gestual. Sem recorrer às palavras, a proposta é narrar algo com o movimento do corpo. 

Imagine ter que fingir ser uma semente de feijão brotando em um algodão molhado? Ou uma banana descascando sozinha? 

Em um evento offsite, por exemplo, a dinâmica pode render boas risadas, além de deixar na memória a mensagem de que botar o corpo em movimento contribui para o bem-estar físico e mental. Ah, não precisa pintar a cara {mas se quiser, tá liberado!}.

4. Proponha novos espaços de escuta e acolhimento

Experimente conversar com os líderes para que eles organizem encontros frequentes para que os times possam falar sobre sentimentos e emoções de forma coletiva. 

Uma ferramenta legal para facilitar a reflexão é a roda dos sentimentos, um gráfico circular bem colorido com várias emoções escritas {às vezes é difícil encontrar as palavras certas para expressar o que se sente, certo? Isso pode ajudar}.

Além de estimular o autoconhecimento, a dinâmica é um ótimo termômetro para medir a felicidade e o bem-estar no trabalho. Os relatos podem trazer ainda pistas de fatores que causam desconforto ou sofrimento, individuais ou coletivos. 

Rituais como esse são uma oportunidade para se criar uma atmosfera de escuta e de acolhimento, em que vulnerabilidades podem ser expostas sem vergonha {a escritora Brené Brown fala bastante sobre isso em “A Coragem para Liderar”}. 

Fica subentendido que todos têm momentos bons e ruins, e que as pessoas podem se apoiar na superação das adversidades. 

Dá para pensar também em conversas individuais. A Concentrix, empresa de soluções de customer experience e tecnologia, por exemplo, criou o programa Toc, Toc no início da pandemia.

“Com 100% do time em casa, passamos a ligar para saber como as pessoas estavam”, conta Juliana de Brito Orlando, gerente de Recursos Humanos da Concentrix.

O time de gestão de pessoas mapeou os cerca de 10.000 colaboradores e iniciou os contatos por quem poderia estar passando por alguma dificuldade, seguindo indicações de gestores. As conversas eram descontraídas e afetuosas para apoiar a pessoa do outro lado da linha. 

O projeto persistiu em 2021, alcançando mais 1.500 colaboradores, e, em 2022, serviu de base para o programa Parceiros de Saúde Mental. 

Pela nova proposta, cerca de 50 líderes receberam um treinamento específico para oferecer um espaço aberto de conversa com colaboradores que procurem auxílio ou que tenham sido indicados pela área de Recursos Humanos.

Nas conversas, os gestores seguem protocolos padronizados para poderem identificar se há algum problema com o colaborador e quais os melhores caminhos para ajudar.

Para Juliana de Brito Orlando, os dados evidenciam que falar abertamente sobre saúde mental no ambiente de trabalho é fundamental. Ela conta que o apoio emocional oferecido por meio dos dois projetos fez com que o tempo de afastamento de colaboradores por problemas mentais caísse pela metade.

“Todos os dados globais deixam muito claro que a nova pandemia é a saúde mental. As empresas que estão investindo nisso estão falando a linguagem do futuro”, avalia. 

5. Organize talks com storytelling e gamificação 

Uma estratégia para captar a atenção dos colaboradores e falar de saúde mental de forma leve e descontraída é promover talks com profissionais de saúde.

O papo fica mais interessante com técnicas de storytelling. Esse tipo de narrativa busca criar conexão emocional a partir de histórias marcantes, contadas com apresentação de elementos visuais. 

Algumas experiências podem ser compartilhadas pelos próprios líderes. As pessoas se identificam, principalmente quando vulnerabilidades são expostas.   

“Às vezes, colocamos as pessoas num pedestal, sem perceber que elas também têm seus problemas”, destaca a enfermeira Jéssica Ferreira, da Alice, responsável por mediar alguns desses papos.

Metodologias ativas, como a gamificação, tornam o talk mais atraente {principalmente em startups e empresas de tecnologia}. Uma ideia é oferecer prêmios para prender a atenção dos participantes e engajá-los a contribuir com as discussões. 

Por trás de tudo, segundo a enfermeira, está a intenção de construir conhecimento coletivamente, de forma aberta e natural. Isso vale principalmente para assuntos mais profundos ligados à saúde mental. 

“Muitas vezes, a pessoa demora a perceber que tem um quadro depressivo, por exemplo. A família pode ter notado sinais, mas o trabalho é a última esfera a ser atingida. Quando falamos do tema no ambiente profissional, a própria pessoa passa a fazer uma reflexão e toda a equipe desenvolve um senso de observação para pedir ou oferecer ajuda”

Jéssica Ferreira, enfermeira da alice

6. Revise as metas para incentivar a colaboração

A maneira como a empresa mede os resultados também pode ter impactos na saúde mental dos colaboradores. 

Por isso, o mês de setembro pode ser uma boa oportunidade para revisitar processos e rotinas e, se for o caso, iniciar um papo com as lideranças sobre mudanças de rota. 

Foi o que o banco digital will bank fez, por exemplo. Depois de uma pesquisa de clima, eles chegaram à conclusão de que as metas individuais do time de atendimento ao cliente estavam criando uma competição pouco saudável. 

O jeito foi mudar a forma de olhar para esses números e trazer uma nova perspectiva sobre resultados. Primeiro, a produtividade passou a ser tratada como performance coletiva. Depois, foram criadas metas para grupos de pessoas. 

As avaliações de cada colaborador continuaram existindo, mas a estratégia fez com que os membros dos times se apoiassem mais. E o melhor: repercutiu em outras métricas. A taxa de absenteísmo (afastamento do trabalho) caiu 7,5% em três anos. 

O que é o Setembro Amarelo?

A campanha Setembro Amarelo busca incentivar os cuidados com a saúde mental como medida de prevenção aos suicídios. 

Isso porque 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos como depressão, bipolaridade e abuso de substâncias. 

No Brasil, a iniciativa é liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

“As entidades médicas acreditam em uma sociedade engajada na defesa da vida e em gestores comprometidos com políticas públicas que realmente transformem esse cenário”, registra cartilha com orientações sobre o tema. 

P.S.: Se você estiver precisando de apoio, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito por telefone 24 horas. O fone é: 188. O chat funciona em horários específicos no site do CVV.

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