Em média, uma pessoa que viver por 80 anos tomará quase 30 mil banhos ao longo de sua vida – se esse for um hábito diário dela. Terá feito diferença na saúde dela se foram banhos quentes ou duchas frias?
Apesar de haver uma crença popular afirmando que o banho frio traria mais benefícios para a saúde humana do que o quente, não existem evidências científicas robustas nem em prol de um nem de outro, afirma Luís Antônio Soares Pires Filho, médico da família e comunidade da Alice.
“Hoje em dia, com os dados que nós temos, o recomendado é que se faça uma predileção pessoal quanto ao tipo de banho que a pessoa gosta. Não existe uma indicação formal de que um banho seja superior ao outro para uma determinada população”, explica o especialista.
O que existem, diz ele, são usos pontuais da água em uma determinada temperatura para obter efeitos momentâneos, como a água gelada para a recuperação muscular em atletas.
“Quando uma pessoa faz um exercício físico intenso e toma um banho gelado, pode sentir aquela revitalizada, por exemplo, mas é apenas uma questão de percepção. O mesmo com a água quente para obter uma vasodilatação e alívio momentâneo de um quadro de dor de cabeça tensional. São apenas estratégias pontuais. Não é algo que, no longo prazo, tenha alguma evidência de trazer algum benefício ou prejuízo para as pessoas.”
Banho quente e pele
Pessoas que possuem dermatites – tanto as atópicas como alguma outra forma de condição autoimune, a exemplo das dermatites que causam lesões, coçam e descamam a pele, ou até a dermatite seborreica, que são as mais comuns –, podem observar uma piora em seus quadros quando tomam muitos banhos por dia, uma vez que eles podem causar um maior ressecamento da pele.
A água quente tem um papel, segundo o médico, apenas secundário no ressecamento da pele e do couro cabeludo, efeito que está mais associado à frequência e aos aditivos do banho (por exemplo, os tipos de sabão e xampu) do que à temperatura da água.
“É mais fácil o banho quente do que o gelado causar um ressecamento, mas, se a pessoa aplicar uma quantidade suficiente de um sabonete muito adstringente, que possa romper a barreira de proteção da pele, diminuindo ainda mais a oleosidade, ela pode ressecar bastante o couro cabeludo e a pele mesmo no banho gelado. E aí gera essas reações irritativas da pele. Ou seja, está mais associado aos aditivos do banho do que à temperatura do banho em si, que não ajuda, mas também não é a principal culpada”, diz o médico da Alice.
“No geral, a gente orienta que o banho ocorra em uma temperatura mais amena, mais próxima da temperatura corporal, para evitar que cause irritação da pele por conta de um banho muito quente.”
No entanto, se houver uma boa hidratação da pele após cada ducha utilizando um emoliente adequado, os efeitos acabam não sendo tão danosos à pele.
Assim, a ação superficial da água na pele não é suficiente para dizer que ela trará um benefício no longo prazo em relação à qualidade da pele ou ao envelhecimento.
“Isso aí está muito mais associado à constituição corporal e ao estilo de vida geral da pessoa do que só o banho propriamente dito”, diz o especialista.
Para febre: banho quente ou frio?
Quando nosso organismo precisa combater uma infecção, ele aumenta a temperatura corporal, causando um quadro de febre.
O uso pontual do banho para diminuir a temperatura nesses casos é uma boa opção, diz o médico, porque ele ajuda a mitigar a percepção de calor.
Mas o indicado, diz ele, é que a água esteja em uma temperatura mais próxima à corporal, ou seja, por volta dos 36oC ou 37oC – e não uma água necessariamente fria.
“Assim vai trazer mais conforto para a pessoa. É o mesmo princípio que tentamos fazer ao reduzir temperaturas com medicamentos antipiréticos, como a dipirona”, explica.
Pode tomar banho muito quente no inverno?
Não existe nenhuma contraindicação, explica o médico, para banhos quentes em temperaturas baixas.
“Existem relatos de algumas pessoas que sofreram algumas percepções neurológicas, como a sensação de travar a face. Nas décadas de 1960 e 70, houve quem atribuísse esse efeito à paralisia infantil, mas não existe essa questão do choque térmico”, diz o médico.
Ele cita o exemplo de pessoas que gostam de ir à sauna, superaquecendo o corpo, e depois pular na piscina fria. Ela vai sentir um choque gelado e pode até ter algum desconforto momentâneo, como uma cãibra muscular causada pela contração muito rápida da musculatura.
“Mas nada que seja danoso no longo prazo ou deixe uma sequela de longa duração.”
Águas gélidas e crioterapia
Em fisioterapia, uma linha de tratamento muito utilizada, sobretudo em atletas de alta performance, é o banho de imersão em águas gélidas, às vezes até com gelo.
Trata-se da crioterapia, tratamento que busca causar uma vasoconstrição mais acentuada para tentar diminuir processos inflamatórios locais. Ela é muito utilizada, explica Filho, para tratar algumas “ites” do corpo, como tendinite, bursite, etc., e qualquer forma de processo inflamatório articular ou muscular.
Contraindicação de banhos quentes na banheira
Banhos de imersão em banheira em águas quentes costumam dar uma sensação de relaxamento tão grande que podem vir a causar um quadro de hipotensão (que popularmente chamamos de “pressão baixa”) acompanhada de sonolência, tontura e até fraqueza.
Apesar de essa hipotensão ser um efeito pontual, do qual o corpo consegue se recuperar rapidamente, banhos quentes de imersão são contraindicados para:
- Mulheres gestantes, sobretudo as que estão no último trimestre da gestação, visto que a vasodilatação também pode afetar de forma mais intensa mãe e bebê;
- Idosos frágeis clinicamente, pois a pressão baixa pode vir a causar quedas, traumas e outros problemas;
- Pessoas com cardiopatias avançadas, pois podem ter um mal-estar mais forte ou sofrer até uma síncope – é o mesmo motivo pelo qual esses pacientes evitam certas medicações.
“Nada contra essas pessoas tomarem uma chuveirada quente, mas seria mais evitar o banho de imersão mesmo pois a pessoa fica cozinhando na banheira um tempão”, explica o médico da Alice.
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