Considerada uma das principais commodities (matéria-prima para exportação) de países como Brasil, China e Estados Unidos, a soja é cercada de mitos.
Muita gente despreza o alimento por acreditar que consumi-lo pode prejudicar a fertilidade ou, no caso dos homens, provocar aumento das mamas.
Não há evidências científicas, entretanto, que comprovem essa relação. Estudos que avaliaram detalhadamente os efeitos do consumo de soja na saúde humana derrubaram esses mitos.
Muitos pesquisadores, inclusive, enaltecem os benefícios nutricionais da soja, amplamente consumida em países orientais também na forma de shoyu, tofu e tempeh.
Isoflavona de soja não afeta testosterona
A associação entre soja e características femininas frequentemente ocorre por causa da isoflavona, composto orgânico natural presente no grão.
Por terem atuação similar ao hormônio feminino estrogênio, suplementos feitos de isoflavona costumam ser prescritos para amenizar os efeitos da menopausa, como ondas de calor, suor noturno e insônia.
Mas há pesquisas que são categóricas em afirmar que a exposição à isoflavona da soja não tem efeitos feminizantes nos homens.
Uma meta-análise envolvendo diversos estudos sobre o assunto concluiu que “nem os suplementos de isoflavona nem a soja rica em isoflavona afetam os níveis de testosterona total ou livre. Da mesma forma, não há essencialmente nenhuma evidência nos nove estudos clínicos identificados de que a exposição à isoflavona afete os níveis circulantes de estrogênio nos homens”.
Outra pesquisa, que também avaliou diversos trabalhos científicos preexistentes sobre os efeitos da soja na saúde masculina, chegou a conclusões semelhantes.
“Os resultados sugerem que nem os alimentos à base de soja nem os suplementos de isoflavona alteram as medidas das concentrações de testosterona biodisponível nos homens.”
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Qualidades nutricionais de alimentos à base de soja
De acordo com a nutricionista Jacqueline Wahrhaftig, da Alice, a soja é considerada um alimento completo e diferenciado.
“Sua composição possui um balanço interessante de nutrientes, com alto teor de proteínas, moderado teor de carboidratos, gorduras boas (como ômega 3 ALA) e fibras. Além disso, possui ferro, cálcio e vitaminas do complexo B (B6 e B9), ajudando a manter um bom aporte desses nutrientes nas dietas vegetarianas”, detalha.
Pesquisas também já identificaram que a soja pode ajudar a reduzir o colesterol ruim, o LDL, e a prevenir problemas cardíacos.
Estudo feito no Japão, envolvendo quase 80 mil pessoas, analisou os impactos da soja na saúde do coração e ainda potenciais efeitos cancerígenos.
“Nas mulheres, observamos uma associação inversa significativa entre a ingestão de produto de soja fermentado e o risco de doença cardiovascular. Não encontramos nenhuma associação significativa entre qualquer produto de soja e o risco de doença cardiovascular em homens ou de câncer total em ambos os sexos”, registraram os responsáveis pelo levantamento.
Erroneamente citada em listas de alimentos prejudiciais à próstata, a soja pode ajudar a prevenir casos de câncer nessa glândula. Foi o que concluiu análise publicada pelo The American Journal of Clinical Nutrition. “Essa proteção pode estar associada ao tipo e à quantidade de alimentos à base de soja consumidos”, acreditam os pesquisadores.
Soja para homens na dieta
A nutricionista Jacqueline Wahrhaftig afirma que os homens podem ingerir a soja como alternativa de fonte proteica com tranquilidade, mas que é sempre indicado variar, incluindo outros feijões no cardápio, como parte de uma alimentação equilibrada.
A soja também é apontada como alternativa para a substituição da carne. Análise publicada no jornal especializado Nutrients constatou qualidade similar entre a proteína de soja e a proteína do leite de vaca e do ovo.
“Entre os alimentos fontes de proteína vegetal, a soja apresenta um dos balanços de aminoácidos mais interessantes. A proteína da soja é ainda especialmente rica em lisina, podendo ser utilizada para complementar o perfil aminoacídico de cereais em que este aminoácido é o fator limitante”, reforça Wahrhaftig.
Como as demais leguminosas, entretanto, a soja contém fatores antinutricionais que podem causar gases e flatulência e atrapalhar a absorção de outros nutrientes.
“Deixar a soja de molho por pelo menos oito horas e cozinhá-la bem amenizam em grande parte a presença dos fatores antinutricionais”, ensina a nutricionista.
A soja processada, comumente vendida na forma de proteína texturizada ou como componente de alimentos industrializados, deve ser consumida com moderação.
Além de alterações nas características nutricionais do grão devido ao processamento, outros ingredientes são acrescidos às receitas, elevando o teor de sódio, por exemplo.
“De forma geral, deve-se preferir a soja em sua forma menos processada, como no caso dos grãos naturais, leite de soja sem aditivos, tofu e tempeh. Recomenda-se sempre equilibrar o consumo de produtos processados, que deve ocorrer de forma esporádica”, conclui Wahrhaftig.
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