Outono é sinônimo de queda das folhas das árvores, dias cada vez mais curtos e de redução gradual das temperaturas e da umidade do ar.
É também um período de alta circulação de alguns tipos de vírus, que podem afetar especialmente a saúde das crianças, cujo sistema imune ainda está em construção e que costumam ficar em contato bem próximo umas com as outras, compartilhando objetos (muitas vezes embebidos de saliva).
“O ar mais seco e frio aumenta a concentração de poluentes na atmosfera, piorando a qualidade do ar, o que por si só já seria um fator de risco para irritação das vias aéreas. O frio também aumenta a aglomeração de pessoas em locais fechados. Todos esses fatores somados aumentam a circulação dos principais vilões da época, que são os vírus respiratórios”, explica a médica pediatra Amanda Monteiro, da Alice.
Os vírus mais comuns, como influenza, rinovírus e vírus sincicial respiratório, são transmitidos por via respiratória por contato direto ou indireto com gotículas de saliva. Eles são responsáveis por resfriados, gripes, bronquiolites e crises de asma.
No outono também há maior incidência da doença mão-pé-boca, que pode ser causada por vários vírus. Mães, pais e cuidadores podem adotar medidas preventivas para tentar evitar a propagação desses agentes.
Afta em criança é sintoma da síndrome mão-pé-boca?
A virose mão-pé-boca é marcada principalmente por manchinhas vermelhas na pele da criança, que afetam principalmente essas três partes do corpo. Daí a origem do nome. A síndrome também pode provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca e também aparece no formato de bolinhas na garganta).
É chamada de síndrome ou de doença porque agrega um conjunto de sinais e sintomas que podem ser causados por vírus diferentes, sendo os mais comuns os do grupo dos Enterovírus (a espécie principal é a do vírus Coxsackie), que normalmente habitam o nosso intestino.
A transmissão se dá pela via fecal/oral, através do contato com as fezes, saliva e outras secreções respiratórias e pelo contato direto com as lesões.
A mão-pé-boca é uma doença comum no outono, por conta da maior aglomeração de pessoas em ambientes fechados, por conta da queda de temperatura, mas não é exclusiva dessa época do ano. É mais frequente em crianças abaixo dos cinco anos, mas qualquer pessoa pode pegar. O período de incubação pode ser de até sete dias.
Os sintomas da doença mão-pé-boca incluem:
- febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões;
- aparecimento de ferida na boca da criança, além das amídalas e faringe, na forma de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro, que podem evoluir para ulcerações dolorosas;
- erupção de pequenas bolhas nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que podem ocorrer também no bumbum e na região genital;
- mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia;
- dificuldade para engolir e muita salivação.
A mão-pé-boca é uma doença autolimitada, com duração média de sete dias. Os sintomas são leves na maioria dos casos, sendo que nem sempre a criança vai apresentar todos eles.
“O diagnóstico é clínico, sem necessidade de exames complementares e o principal ponto de atenção é a dor nas lesões orais e o risco de desidratação pela dificuldade de ingestão de líquidos”, enfatiza a pediatra Amanda Monteiro.
Não há um tratamento específico, já que os sintomas regridem ao longo do tempo.
Para o alívio dos sintomas, podem ser adotadas medidas como
- uso de analgésicos e antitérmicos para controle da dor e da febre;
- hidratação abundante com líquidos (água, leite, sucos, chás, vitaminas), de preferência em temperatura mais fria;
- Preparação de alimentos pastosos, como purê, mingau e gelatina, porque costumam ser mais fáceis de engolir.
É sempre recomendado conversar com o pediatra sobre os sintomas e sobre a evolução do estado de saúde da criança.
Mão-pé-boca: sinais de alerta
O atendimento médico se torna extremamente importante se houver dúvida sobre o diagnóstico, se a criança não conseguir se hidratar via oral ou ficar períodos longos sem urinar (cerca de seis horas); se a febre se prolongar por mais de três dias (72 horas) ou se a criança estiver prostrada na ausência de febre.
O afastamento da escola, segundo a pediatra Amanda Monteiro, deve ocorrer durante o período de febre e quando houver dificuldade em se alimentar para que a criança possa ser supervisionada principalmente quanto à hidratação.
“Vale ressaltar que mesmo depois de recuperada, a criança ainda pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas, o que reforça os cuidados de prevenção do contágio”, frisa a médica.
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Como prevenir a propagação da doença mão-pé-boca
Por ser bastante contagiosa, os cuidados para evitar a propagação da síndrome mão-pé-boca devem ser observados com atenção, tanto em casa quanto em creches e escolas.
Quem estiver cuidando de uma criança diagnosticada com a síndrome deve sempre lavar as mãos antes e depois de tocá-la ou de levá-la ao banheiro. O contato muito próximo, por meio de abraços e beijos, deve ser evitado, na medida do possível.
As fraldas e os lenços de limpeza devem ser descartados em latas de lixo fechadas. Copos e talheres não devem ser compartilhados e a criança deve ser orientada a cobrir a boca ou o nariz ao tossir ou espirrar.
Superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes contaminadas devem ser lavados com água e sabão, seguidos de desinfecção com solução de água sanitária (um copo) diluída em água limpa (quatro copos).
As crianças devem ser incentivadas a frequentemente lavar as mãos e a evitar tocar os olhos, nariz ou boca com as mãos sujas.
Vale lembrar que ainda não há vacina para a síndrome mão-pé-boca, embora pesquisadores se dediquem ao desenvolvimento de fórmula para futura imunização.
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