Os dias frios do meio do ano são convidativos para incluir um cobertor mais aconchegante na cama, desligar o despertador, comer mais e incluir horas a mais de sono em diferentes momentos do dia.
Há quem chame isso de preguiça ou uma necessidade biológica em dormir mais por conta das temperaturas mais baixas, mas estes são apenas alguns dos mitos que rondam o sono.
Sentir mais sono ou mais períodos de cansaço é um reflexo do corpo diante da relação com a luz solar durante o inverno, quando os dias são mais curtos e as noites são mais longas. Essa menor luminosidade impacta diretamente nos hábitos que rondam essa estação.
Porém, não há evidências científicas que comprovem a necessidade de dormir mais ou menos de acordo com a temperatura ou sazonalidade.
O que acontece é que, com menos iluminação do sol, a produção da melatonina, hormônio que estimula nosso corpo a entender que o dia está acabando e é hora de descansar, é afetada.
De forma individual, isso pode gerar uma maior sensação de cansaço, mais sono ou até insônia, já que o cérebro tem dificuldade de distinguir o que é dia ou noite.
Um estudo recente publicado na Nature reforça que a Ciência ainda tem muito que aprender com essas hipóteses sobre a relação do sono e a estação do ano, e sugere que podemos dormir por mais tempo no inverno em comparação às estações mais quentes.
Pesquisadores fizeram 51.836 observações de 216 indivíduos, durante 33 dias nos Estados Unidos, e encontraram efeitos sazonais modestos na duração do sono e hora de dormir.
Eles descobriram que estações, a duração do dia e a temperatura influenciam quando e por quanto tempo os indivíduos dormem.
As observações apontaram que a duração do sono diminui modestamente quando os dias ficam mais longos, entre o verão e a primavera, ou seja, quando a Terra se aproxima mais do sol. Além disso, o estudo demonstrou que pessoas tendem a dormir e acordar um pouco mais tarde neste período.
Uma das avaliações do estudo é que com mais pesquisas seria possível, inclusive, fazer uma recomendação de horas de sono diárias ajustadas pela localização e estação do ano.
Por exemplo, em vez de recomendar 8 horas de sono por noite durante todo o ano para adultos, pode fazer mais sentido recomendar 8 horas durante o inverno e 7,5 horas durante o verão.
Contudo, o estudo também enfatizou que as diferenças meteorológicas são uma limitação para entender essa relação, além da exposição à luz artificial e a rotina diária, que impactam diretamente no sono.
Sono, frio e fome: O impacto da rotina do inverno no sono
Aquela sensação de que você pode dormir o dia inteiro no inverno não significa que seja apenas pelo fator frio, mas sim pela relação com a luz do sol e a produção de melatonina.
Quanto mais evitamos os raios de sol no nosso dia, mais a sonolência é presente na rotina. Por esse motivo, o inverno é hora de perseguir o sol para ter uma boa noite de sono e manter os hábitos saudáveis.
É importante abrir as janelas e manter uma rotina de atividade física à luz do dia, com caminhadas de 30 minutos na hora do almoço ou antecipar a ida ao mercado para as primeiras horas do dia.
Hábitos de saúde no inverno
Além de garantir que tanto o ambiente em casa quanto o trabalho estejam o mais claro e arejado possível. Para manter o exercício físico na rotina, também vale usar a criatividade para buscar esportes ou práticas em ambientes ensolarados e se adaptar aos novos horários do amanhecer e anoitecer.
Essas medidas podem manter o ciclo de produção de melatonina regulado, deixando a sonolência de lado e criando uma rotina mais produtiva durante a estação gelada.
Já sobre o frio, é notório que ele tem papel fundamental na aceleração do metabolismo basal. O sistema faz que o corpo mantenha a sua temperatura habitual mesmo nas temperaturas baixas. Com esse gasto calórico maior, é comum sentir mais fome e que a ingestão de calorias aumenta durante os meses de inverno.
Relação de hormônios e inverno
A Ciência também busca evidências de que há uma conexão com os hormônios. Uma das hipótese estudada é que os níveis do hormônio grelina, regulador da fome, aumentam no inverno, enquanto os níveis de leptina – o hormônio que produz a sensação de saciedade – diminuem, mas é importante entender quais alimentos escolher para deixar a sonolência de lado.
Alimentos açucarados, gordurosos e ricos em carboidratos podem influenciar no sono. Alguns desses alimentos como macarrão, arroz, sobremesas com açúcar causam um pico de glicemia, que podem provocar a sua sonolência, a qualquer momento do dia, independentemente da temperatura que está lá fora.
A ingestão deles também pode atrapalhar uma boa noite de sono com os desconfortos, como azia, gases e dores abdominais que essas comidas podem causar durante a noite.
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Não durmo no frio – você não é uma exceção!
Parece quase uma raridade alguém se queixar de não conseguir dormir no frio, porém, é um problema comum e que pode ter diferentes motivos.
Desde as sonecas ao longo do dia, que podem influenciar no sono noturno, a produção de melatonina, a má alimentação, a falta de exercício físico até os ambientes quentes, que colaboram com a sensação de aconchego no frio, mas dificultam o processo biológico do corpo durante a noite.
Além dos hábitos de atividade física e boa alimentação, vale ficar de olho no ambiente. Antes de dormir, a temperatura corporal diminui para facilitar um sono melhor.
Ao aquecer o quarto, com aquecedores ou muitas camadas de cobertor, o corpo tende a trabalhar mais para baixar sua temperatura e pode atrapalhar a noite de sono.
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