Camila Kawagoe, enfermeira do Alice Agora e praticante de mindfulness, conversa com a gente sobre a técnica, como começar, quais os benefícios da meditação e, os mais importante, como manter o hábito. Spoiler: meditação é pra todo mundo.
Quem medita, sabe: a prática faz um bem danado para nossa saúde mental e física. Relaxa, diminui a ansiedade, melhora o sono e a concentração… só coisa boa.
Já quem não é adepto da prática costuma ter um monte de dúvidas e se ver cercado de lugares-comuns sobre o tema.
Pensando nessas questões, batemos um papo com Camila Kawagoe, enfermeira do Time de Saúde Alice, parte integrante do Alice Agora, o atendimento pelo app.
Ela pratica o mindfulness, a técnica da atenção plena, que é bastante difundida principalmente no Ocidente (aqui vale destacar que há outros estilos de meditação, como a transcendental, baseada em mantras, e a zazen, da tradição Zen-Budista).
Camila não é expert, nem é um case de alguém que largou tudo para se dedicar à prática. O que ela fez foi agregar o mindfulness no seu dia a dia, seja para ela ou para membros Alice. Antes de achar que meditação não é para você, dá só uma olhada no que ela tem a dizer.
Conte um pouco sobre sua experiência com a meditação.
Comecei a meditar ainda pequena, depois das aulas de yoga que eu fazia com a minha mãe. A meditação sempre me trouxe muito conforto, uma paz de espírito muito grande.
Mas, com escola, depois vestibular e faculdade, acabei me distanciando da prática. Aí, depois que fiz minha residência, voltei para o mindfulness. Comecei com as meditações guiadas, inspirada numa professora da faculdade que fazia essas sessões guiadas com a gente.
Como é a sua rotina de meditação?
De uns dois anos para cá, comecei a meditar com mais frequência. Geralmente medito com a atenção focada na respiração e nas sensações, mas ainda faço a meditação guiada também. Estabeleci como meta para 2021 meditar todos os dias, porque andei pecando nesse compromisso comigo mesma.
Gosto de meditar antes de dormir, para relaxar, e antes de começar a trabalhar, para esvaziar a cabeça de outras questões do dia a dia e manter o foco.
Quais benefícios você notou depois que começou a meditar?
Sou um pouco estressada, às vezes fico ansiosa, e a prática do mindfulness me permite relaxar, respirar com mais tranquilidade, pensar com mais clareza, tirar do foco um pensamento que está me atrapalhando. À noite, o mindfulness faz parte da minha higiene do sono. Me ajuda bastante, acordo mais disposta no dia seguinte.
Já no trabalho, como atendo via chat no Alice Agora, meditar me ajuda a me concentrar no que preciso fazer. Já até fiz uma meditação guiada com uma pessoa pelo atendimento.
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Como foi essa história?
Comecei a atender essa pessoa e ela me disse que precisava de dicas para melhorar a respiração. Mas eu precisava entender, antes de recomendar qualquer coisa, por que ela tinha esse problema com a respiração, se tinha a ver com alguma doença ou condição.
Então começamos a conversar e ela me contou que tinha lido em algum lugar que exercícios de respiração podiam ajudar a melhorar o humor e ansiedade. Aí a convidei para uma chamada por vídeo e comecei a fazer uma sessão de meditação guiada com ela.
No fim, perguntei como ela estava se sentindo. Ela respondeu:
“Nossa, parecia que eu estava saindo do meu corpo, estou muito mais tranquila agora.”
Achei tão interessante essa sensação de sair do corpo.
Seria esse o estado meditativo?
Pode ser, mas acho que para cada pessoa é de um jeito. Para mim, particularmente, o principal ponto é se permitir sentir, seja lá o que venha. E lembrar que pensamentos são diferentes de fatos, da realidade. E que você não é o que você pensa.
Então acho que este é o estado meditativo: perceber e aceitar esses pensamentos e deixá-los ir com tranquilidade, e manter sua atenção focada em alguma coisa, seja na sua respiração, seja nas sensações do seu corpo ou do ambiente.
O que você mais gosta no mindfulness?
É de poder exercitar a atenção plena, trazer a consciência para o presente, estar lá só naquele momento e com foco em mim mesma e nas minhas emoções. E ir além da prática, aplicar a atenção plena em tudo que fazemos, como comer, por exemplo: sentir as texturas, os sabores, tentar discernir os temperos.
Quando estiver, esteja 100%.
A partir da sua experiência, o que você diria para quem quer começar a meditar?
Para não desistir nas primeiras dificuldades. Tenho muito para mim que a meditação é um hábito e não dá pra dizer: ‘Desliga aí e vai meditar’, não é bem assim. Meditar é conseguir se conhecer, se perceber, e aceitar os pensamentos que vêm, e isso é difícil pra muita gente. Para mim foi no começo.
Entender também que nem sempre a meditação vai sair como gostaríamos. Outro dia, numa sessão guiada com meu marido, ele estava super relaxado e eu, irritada. Não aguentava mais nem ouvir a voz da pessoa que estava narrando. Nesses casos, sugiro tentar mudar a técnica.
Claro, a ideia é também trabalhar os sentimentos difíceis, mas é preciso entender que não é uma fórmula pronta.
É importante persistir na prática e investir no autoconhecimento.
10 Benefícios da meditação
A prática frequente do mindfulness traz excelentes benefícios. Olha só:
- Aumenta o foco;
- Aumenta nossa autopercepção e percepção do que nos rodeia;
- Contribui para um sono de qualidade;
- Ajuda a higienizar nossos pensamentos, isso significa que a prática colabora para que a gente tenha mais consciência dos nossos pensamentos e consiga lidar com os difíceis ou ansiosos;
- Melhora nossa respiração;
- Melhora nossa memória;
- Nosso sistema límbico, responsável pelas emoções, se torna menos reativo e menos impulsivo;
- Alivia a tensão e melhora a ansiedade;
- Quando aplicada no dia a dia, para além da prática meditativa, a atenção plena proporciona momentos mais prazerosos em atividades rotineiras, como tomar banho, comer, almoçar etc;
- É uma excelente ferramenta de autoconhecimento, nos ajudando a entender o que nos faz feliz e o que nos incomoda.