Empresas de diversos setores têm adotado jornadas de trabalho flexíveis nos últimos anos. Junto com essa tendência, discussões sobre o assunto também aumentaram e escalas já consolidadas no mercado vem passando por transformações. Um exemplo disso é a escala 6X1.

O sistema de escala 6×1 é quando o trabalhador cumpre seis dias de trabalho consecutivos na semana, seguido de um dia de folga.

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O que é e como funciona a escala 6X1

Muitas empresas com atividades ininterruptas utilizam a escala 6×1, prevista pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Esse é o caso de alguns serviços hospitalares ou centrais de telemarketing, por exemplo. Ou ainda ramos do comércio que abrem aos finais de semana (como bares, restaurantes e lojas de shopping).

Apesar de esse sistema garantir alguma flexibilidade para o empregador, a Constituição Federal é bastante taxativa ao delimitar os direitos dos trabalhadores brasileiros.

Segundo o documento, todos os trabalhadores, sejam eles urbanos ou rurais, devem ter jornadas de trabalho de até oito horas diárias e 44 horas semanais, “facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Benefícios da pausa ativa no trabalho

Ou seja, não é porque o sistema é o de 6×1 que o trabalhador terá uma jornada mais longa. Nesse modelo, as horas máximas deverão ser distribuídas entre os 6 dias de jornadas.

Além disso, todos os trabalhadores do Brasil contratados sob o regime da CLT precisam ter em seus contratos de trabalho, de forma clara, a jornada estipulada. Ou seja, se determinado colaborador vai trabalhar das 8h às 17h, isso precisa estar escrito em seu contrato. Serão consideradas horas extras todas as horas a mais que ele trabalhar (veja aqui como funciona e saiba calcular a hora extra).

E como fica a folga aos domingos?

Além de determinar o máximo de carga horária da jornada de trabalho, a Constituição também estipula que o trabalhador precisa ter um repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.

O artigo 67 da CLT reforça ainda que “será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte”.

A escala 6×1, porém, não garante ao trabalhador que ele irá cumprir a jornada de trabalho de segunda a sábado, folgando necessariamente aos domingos. Sendo assim, cabe ao empregador cuidar para que haja um revezamento na escala e garantir que cada colaborador folgue ao menos um domingo por mês, conforme previsto na lei trabalhista.

“Vida além do trabalho”

Apesar de amplamente adotada em todo o país, a escala 6×1 vem enfrentando críticas. O principal argumento contra esse modelo é de que trabalhar seis dias consecutivos pode levar ao cansaço extremo, estresse e até a casos de burnout.

Recentemente, e sobretudo após a pandemia da covid-19, muitos movimentos no Brasil e também fora do país vêm questionando os modelos de trabalho e culturas organizacionais calcadas em longas jornadas e em condições muito aquém das ideais.

Evite os efeitos das longas jornadas de trabalho na saúde

Ganharam força correntes que levam nomes como “quiet quitting” (demissão silenciosa, em que o trabalhador faz o mínimo exigido), “lazy job” (a adesão a posições de trabalho “preguiçosas”, sem grandes esforços), além da famosa “great resignation” (como ficou conhecida uma grande onda de demissão voluntária que aconteceu nos EUA em 2021). Também surgiram recentemente fóruns chamados “antitrampo” ou “antitrabalho”, espaços para denúncias, desabafos ou até orientações profissionais.

No Brasil, o ativista e trabalhador Ricardo Azevedo criou a iniciativa VAT (Vida Além do Trabalho), que contesta as condições de trabalho no mercado brasileiro.

O que é o movimento Vida Além do Trabalho?

Uma das propostas do VAT, inclusive, traz uma alternativa radicalmente oposta à jornada 6×1: segundo o grupo, a ideia é que os trabalhadores cumpram quatro dias de trabalho e folguem três na semana. Essa nova jornada teria que ser adotada sem que houvesse prejuízos salariais.

Segundo seus defensores, mais dias de descanso aumentam a produtividade dos trabalhadores ao promover um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.

O VAT também propõe um abaixo-assinado virtual em prol de uma revisão mais ampla da lei trabalhista, reivindicando principalmente os pontos abaixo:

1. Revisão da escala 6×1 – segundo eles, é necessário implementar alternativas que favoreçam um equilíbrio melhor entre a vida profissional e pessoal. Isso inclui, majoritariamente, uma revisão da escala 6×1.
2. Mais transparência no debate público – as discussões precisam ser mais abertas. Ou seja, reunir no debate não somente representantes dos empregadores, mas também dos trabalhadores, além de especialistas em direitos trabalhistas.
3. Políticas de proteção ao trabalhador – criar mais garantias a direitos como férias regulares, licença parental e limitação de horas extras.
4. Maior rigor na fiscalização – empresas que violarem os direitos dos trabalhadores devem ser punidas adequadamente.

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