Popularmente conhecida como hormônio do amor, a ocitocina é uma pequena molécula formada por noves aminoácidos.
A produção dessa molécula acontece no nosso cérebro, mais especificamente na região do hipotálamo.
A partir de estímulos físicos e sensoriais, a ocitocina passa a circular em nosso sangue, como um hormônio, e também como um neurotransmissor em nosso sistema nervoso central.
Os efeitos da ocitocina no organismo
No sistema nervoso, a ocitocina encontra seus receptores, gerando impactos físicos e emocionais
Segundo Daniel Knupp, médico da família na Alice, a associação da ocitocina ao amor acontece pelo fato do hormônio ser liberado a partir de certos estímulos e contextos que, de alguma forma, estão relacionados à nossa afetividade.
São momentos em que vivenciamos a presença do toque, do cheiro e da construção de vínculos.
Não à toa, uma das situações em que há a maior liberação da ocitocina é durante o parto, a amamentação e as relações sexuais.
Outra reação provocada pela ocitocina é a melhora no convívio social. “O hormônio também pode ser capaz de estimular comportamentos de socialização”, explica Knupp.
Essa relação foi observada em diversos estudos, como um que analisou o nível de ocitocina em cães. Na experiência publicada pela Nature, os animais com maiores concentrações do hormônio tinham um convívio físico mais próximo de seus tutores.
Estar mais disposto a entrar em contato com as pessoas e experiências que te cercam é resultado da capacidade da ocitocina “reduzir o medo e a ansiedade e promover a melhora do humor”, aponta o médico.
As respostas do corpo à ocitocina
Os efeitos da liberação da ocitocina no corpo não se restringem ao campo subjetivo das emoções.
Na prática sexual, por exemplo, o hormônio está inserido no processo que leva à ejaculação e ao orgasmo.
Já no parto, a ocitocina, que fica presente em um muco na parede do útero, auxilia o nascimento do bebê por meio do parto vaginal.
“A liberação da ocitocina ocorre em um loop, em que as contrações uterinas estimulam a sua liberação, que por sua vez estimula o aumento das contrações até o momento do parto em si”, afirma Knupp.
Após o nascimento do bebê, a ocitocina também protege a mãe de possíveis hemorragias no pós parto.
De acordo com Maria Julia Serpa, enfermeira na Alice e especialista em Saúde da Criança e do Adolescente, durante a amamentação, “a ocitocina atinge a mama por meio da corrente sanguínea e faz com que os alvéolos mamários se contraiam, expulsando o leite para a boca do bebê.”
É por isso que a presença do hormônio, tanto no processo do parto, quanto na amamentação, é capaz de conectar a mãe e o bebê de forma singular.
Mas o vínculo na maternidade não é construído apenas por esses processos, como os especialistas destacam. Há outras formas para estreitar esse laço, como o toque, o cheiro e a fala inseridos na rotina de cuidados da criança.
As diferentes respostas da ocitocina em homens e mulheres
Independente do sexo, a ocitocina é produzida em todos os seres. Porém, os efeitos no organismo são diferentes.
Isso acontece por conta dos hormônios sexuais, que acabam moldando a forma que a ocitocina reage fisiologicamente.
“Nas mulheres, o estrógeno potencializa seus efeitos. Por sua vez, a testosterona nos homens tem um papel oposto”, explica Daniel Knupp.
Ou seja, a testosterona pode reduzir gradualmente os impactos da ocitocina no homem.
Leia também: O que é a serotonina e como ela age no nosso corpo? Entenda
A ocitocina no combate ao estresse
Uma produção elevada de ocitocina está diretamente ligado ao bem-estar mental.
Em quadros de depressão, ansiedade e estresse, o cortisol – outro tipo de hormônio – atinge altos índices de produção, enquanto a ocitocina tem a sua liberação diminuída. Por isso, para recuperar o equilíbrio do estado emocional, é importante estabelecer essa proporção de cortisol e ocitocina.
Segundo estudos acadêmicos, indivíduos cercados de apoio social e conexões com outras pessoas apresentam melhores resultados no tratamento de quadros de transtornos mentais e estresse pós-traumático.
Uma publicação de Harvard mostrou que um grupo de crianças internadas na Unidade de Terapia Intensiva obteve um aumento na produção de ocitocina e queda no cortisol após passar 30 minutos ouvindo histórias contadas por seus cuidadores.
Outro estudo, publicado pela Nature, observou o comportamento de 51 mulheres diagnosticadas com transtorno de personalidade borderline, disfunção que prejudica drasticamente as relações sociais por provocar ansiedade, desconfiança e um medo generalizado de ser abandonado.
Para analisar os efeitos do hormônio, os pesquisadores administraram doses de ocitocina artificial em algumas participantes do estudo, enquanto as outras receberam placebo.
O grupo que recebeu a ocitocina pela via nasal apresentou melhoras na noção de empatia, no autocontrole e, consequentemente, nas relações interpessoais.
De acordo com Daniel Knupp, a sensação de bem-estar em geral, incluindo alegria e diminuição de ansiedade, são reações habitualmente relacionadas aos efeitos de ocitocina.
Hábitos saudáveis colaboram na produção de ocitocina
Não há fórmula mágica ou ingrediente milagroso para alavancar os níveis de ocitocina no corpo humano. No entanto, algumas práticas podem estimular a produção do hormônio.
Knupp aponta que, assim como com qualquer substância no nosso organismo, a ocitocina depende do funcionamento adequado do corpo e da mente.
“Isso implica em ter hábitos saudáveis, como alimentar-se de forma equilibrada, praticar atividade física, dormir bem e cuidar das nossas emoções, sentimentos e pensamentos”, afirma.
E o mais importante: buscar relações e atividades que te tragam prazer. Vale abraçar, cantar, abraçar e amar!
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