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Waleska Paixão, pioneira em contar a história das enfermeiras

Waleska Paixão, pioneira em contar a história das enfermeiras

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Conhecer a história da enfermagem no Brasil não seria fácil sem o trabalho da Waleska Paixão. A enfermeira foi a primeira a documentar cada vitória e percalço das profissionais no país, sendo reconhecida como uma historiadora-enfermeira.  

Todas as notícias que eram publicadas sobre a então chamada Escola de Enfermagem Carlos Chagas (atualmente, Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG) eram recortadas e arquivadas por Paixão. Afinal, a enfermeira foi professora, aluna e diretora da instituição, que foi uma das primeiras a formar profissionais da enfermagem, começando na década de 1930. 

Mesmo quando se tornou diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, no Rio de Janeiro, a preocupação com o acervo histórico continuou.

“Cada vez que a escola era noticiada em um jornal ou em um congresso, ela fazia o trabalho da guarda documental. As minhas pesquisas de mestrado e a de doutorado foram muito privilegiadas pelo trabalho que ela teve de preservar todos esses documentos”, relata Fernanda Batista Oliveira Santos, professora, pesquisadora da história da enfermagem e coordenadora do Centro de Memória da Escola de Enfermagem da UFMG. 

Embora já existisse a disciplina de história da profissão na grade curricular, boa parte dos textos era em inglês, o que dificultava o acesso das brasileiras. Na tentativa de difundir esse conhecimento, Paixão escreveu, em 1951, o livro “Páginas de História da Enfermagem”, que se tornou referência na época e consolidou a sua imagem como historiadora-enfermeira.

Na obra, ela reforça a importância de que as profissionais conheçam a história da enfermagem para entender os seus deveres e destaca três elementos do trabalho: espírito de serviço, habilidade e ciência. Infelizmente, a obra não é tão consultada quanto poderia, mas abriu espaço a outras fontes de pesquisa na área.

Quem foi a enfermeira Waleska Paixão?

Nascida no dia 3 de novembro de 1903, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, Waleska Paixão cresceu em meio a uma família tradicional na cidade. O avô foi o fundador do Colégio Paixão, local onde o imperador do Brasil “gostava de descansar o espírito, em visitas frequentes e demoradas”.

Na infância, ela aprendeu português, inglês, francês e espanhol, além de se tornar catequista autodidata e professora. Aos 14 anos, deu aulas no colégio do avô e, aos 15, teve o primeiro contato com a enfermagem, quando a irmã mais velha foi diagnosticada com a gripe espanhola. 

Parte do tratamento na época envolvia injeções que amenizavam os sintomas – o que demandava consultas com médicos. Quando a irmã precisou de uma aplicação com urgência, e o médico estava longe da casa, Paixão se perguntou se não poderia ela mesma aplicar. 

“Eu achei um absurdo esperar [o médico para aplicar] uma injeção para um caso assim, gravíssimo, e perguntei ao médico se havia alguma dificuldade, se eu não podia aprender a dar a injeção”, segundo relatou a enfermeira em uma entrevista concedida em 1993.

Além dos cuidados da irmã, os vizinhos doentes também passaram a ser atendidos pela adolescente, a pedido do próprio médico

De professora a aluna e diretora

O vínculo profissional oficial de Paixão veio bem depois, aos 30 anos, quando uma amiga, Laís Netto dos Reys, convidou-a para ser professora da disciplina “Drogas e Soluções” na Escola de Enfermagem Carlos Chagas. Embora ainda não fosse enfermeira, Paixão cedeu à insistência da amiga e era diretora da instituição, da qual mais tarde tornou-se também aluna. 

“Bem, há muito tempo que eu lido com doentes. Agora eu encontro uma escola aqui à mão, já estou mais idosa [31 anos], não sou mais criança que a mamãe não deixaria eu estudar. Então o horror todo era a gente se meter em obstetrícia. É a tal história de se dizer: ‘Gente, se uma pessoa já tem idade de ter um filho, já tem idade para ajudar outra que vai ter um filho’”, de acordo com um relato de Paixão, em 1998.

Por um período, ela foi ao mesmo tempo professora e colega das alunas e, aos 35 anos, recebeu o diploma. Quatro meses depois, assumiu a diretoria – já que Reys havia se mudado ao Rio de Janeiro para administrar a Escola Anna Nery. 

“As duas eram mulheres muito à frente do seu tempo. Viviam em 1930 e saíam de casa para trabalhar. Waleska não se casou por opção e a Laís ficou viúva, mas ao invés de ficar em casa, estudou enfermagem. As duas fizeram pós-graduação fora do país”, detalha Santos, pesquisadora da história da enfermagem. 

Papel de Waleska Paixão na enfermagem profissional

Um dos principais legados da Waleska Paixão, segundo Santos, foi o empenho na formação oficial das enfermeiras, afastando-se da ideia de que apenas as irmãs de caridade atuavam ou de que elas trabalhavam somente por um senso de obrigação. 

“O grupo das enfermeiras norte-americanas, que trouxe o modelo da enfermagem moderna ao Brasil, pregava que era importante ter módulos associativos distribuídos pelo país. E ela [Waleska Paixão] esteve envolvida nos caminhos de profissionalização da enfermagem brasileira”, explica a pesquisadora. 

Segundo Santos, muitas das enfermeiras formadas por Paixão como diretora abriram novos campos de trabalho em cidades distantes das capitais, interiorizando a profissão no país. 

A batalha também era no campo político, de acordo com a pesquisadora. “Na época em que Juscelino Kubitschek era governador de Minas Gerais, pouco antes de virar presidente, ele perguntou à Waleska quanto a escola de enfermagem pagaria para fazer estágio no hospital municipal Odilon Behrens. E ela fala: ‘pois eu quero saber quanto que o senhor vai pagar para ter uma das melhores escolas de enfermagem do país nesse hospital’. E ela consegue essa barganha”, relata.

Enfermagem e religião

Tanto Paixão quanto Reys pareciam usar a religiosidade a favor delas e também da profissão. De acordo com Santos, o uniforme que as enfermeiras usavam em Minas Gerais era diferente do usado na escola Anna Nery, o que poderia ser uma estratégia. 

“Em Minas usavam um véu parecido com o das noviças. Era uma estratégia de se misturar no meio das religiosas e fazer crescer a enfermagem não religiosa. Algo como ‘deixa eu aparecer ao lado da freira, entrar em um espaço hospitalar, que era muito religioso, e eu vou passar despercebida. Na hora que perceberem, não terá mais irmã de caridade, mas só enfermeira’. Elas eram mulheres muito astutas, muito inteligentes”, explica a pesquisadora. 

Outro embate marcante na carreira de Paixão foi quando, em 1946, ela recebeu a proposta do governo estadual de formar quadros de enfermeiras apenas para a saúde pública. “Não interessava ao governo do estado que se formassem enfermeiras para os hospitais, até porque havia poucos e, na Santa Casa, tinham as irmãs de caridade. Ela se opõe, combate a ideia do governo, e o estado se afasta da escola, criando outra escola de saúde pública”, relata Santos. 

Paixão, irritada com a proposta do governo, deixou a escola Carlos Chagas e se mudou para o Rio de Janeiro, dando aulas e assumindo a diretoria da escola Anna Nery em 1950. Lá ficou por 16 anos.

Em 1993, com quase 90 anos, Paixão retornou à sua cidade natal e morreu no mesmo ano, no dia 25 de novembro. 

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