Já ouviu falar que o intestino é o nosso segundo cérebro? Pode parecer estranho, mas pesquisas científicas trazem evidências de que a alimentação tem influência nas interações entre o cérebro, o intestino e a microbiota da região gastrointestinal.
De acordo com revisão científica publicada pela revista Nature, a maneira como esses elementos se comunicam pode trazer implicações para a saúde cerebral.
“A dieta não apenas desempenha um papel crucial na formação do microbioma intestinal mas também pode modular a estrutura e a função do cérebro por meio desses canais de comunicação”, explica o estudo.
A médica Beatriz Macedo, da Alice, explica o que acontece quando há um desequilíbrio na flora intestinal, condição chamada de disbiose.
Ela explica também que, em alguns casos, outras funções cognitivas também podem ser afetadas, como a memória, a atenção e a concentração.
De acordo com a médica, da mesma forma que a disbiose pode ser desencadeada por uma alimentação pouco equilibrada, ela também pode ser resultado de mudanças no estado mental {é uma via de mão-dupla}.
“No sentido oposto, quando temos uma situação de estresse, por exemplo, ativamos o sistema de luta e fuga, e aumentamos a produção do cortisol, o que também pode afetar o microbioma intestinal e gerar o catabolismo de alguns aminoácidos, causando também a disbiose. Isso dificulta a produção das bactérias saudáveis, resultando em uma condição intestinal ruim”, afirma.
Ideias para melhorar a alimentação dos funcionários
Ou seja, entender a relação entre nutrição e saúde mental é importante para as empresas que se preocupam com os colaboradores.
Planejar ações voltadas à conscientização e à adoção de bons hábitos alimentares podem trazer diversos ganhos aos integrantes do time, o que inclui mais disposição, foco e bom humor, principalmente para equipes de alta performance.
Por isso, a campanha Setembro Amarelo, com foco na prevenção ao suicídio, pode ser uma boa oportunidade para começar ou aprofundar iniciativas que ajudem a melhorar a nutrição, e por consequência, a saúde mental do time {inclusive a do RH!}.
As atividades podem envolver palestras ou até iniciativas mais criativas, como desafios e encontros gourmet. Veja algumas sugestões para planejar, iniciar ou melhorar:
- Palestras e workshops com profissionais de saúde sobre os benefícios da alimentação equilibrada para o corpo e para a mente;
- Elaboração e distribuição de material com dicas para comer melhor;
- Divulgação de conteúdos sobre alimentação saudável em canais de comunicação interna;
- Disponibilização de snacks saudáveis, como frutas e castanhas;
- Adaptação de petiscos e sobremesas oferecidas durante coffee breaks de eventos com opções nutritivas e saborosas;
- Parcerias com restaurantes e outros estabelecimentos que ofereçam alimentação balanceada para desconto no valor das refeições;
- Personalização e distribuição de brindes, como marmiteiras e bolsas térmicas;
- Oferecimento de copa ou cozinha equipadas para aquecer alimentos feitos em casa;
- Realização de oficina de culinária, com receitas práticas e saudáveis;
- Inclusão de confrarias de alimentação saudável entre os grupos de afinidade da empresa;
- Acompanhamento permanente de funcionários que tenham problemas alimentares como diabetes, doença celíaca ou obesidade;
Como ajudar o colaborador a montar um plano alimentar equilibrado
Para que o cérebro, o intestino e a microbiota atuem em sintonia, é importante que o seu funcionário tenha uma alimentação balanceada.
Por isso, vale a pena entender como montar um plano alimentar equilibrado, orientar o time sobre isso e oferecer caminhos para todos possam seguir o programa.
No almoço, por exemplo, o ideal é que o prato seja composto de 50% de verduras e legumes. A outra metade deve ser dividida entre os cereais e tubérculos (25%), como arroz, quinoa, milho, macarrão, batata, mandioca e mandioquinha, e os alimentos fontes de proteína (25%), tanto de origem animal (carnes, peixe, frango, aves ou ovo) quanto vegetal (feijão, lentilha, grão de bico, ervilha ou soja).
Para complementar a refeição, é recomendado incluir gorduras boas, como o azeite de oliva para temperar, ou sementes de abóbora e girassol na salada.
As frutas são opções saudáveis de sobremesa, sendo que as cítricas ajudam a absorver o ferro da refeição.
A nutricionista Priscila Fassini, da Alice, assinala que dietas ricas em fibras e vegetais também estão associadas a alterações microbianas intestinais que favorecem a saúde.
Vitamina para a mente: alimentos que ajudam a dar um “boost” no cérebro
De acordo com a nutricionista, determinados alimentos têm maior potencial de beneficiar diretamente o cérebro, como apontou publicação da Harvard Business Review. Veja abaixo alguns exemplos.
Vegetais de folhas verdes
Couve, espinafre e brócolis são ricos em nutrientes bons para o cérebro, como vitamina K, luteína, folato e betacaroteno. Pesquisas sugerem que esses alimentos podem ajudar a retardar o declínio cognitivo.
Peixes
São fontes abundantes de ômega-3 e de gorduras insaturadas saudáveis.
Ambos podem ajudar a diminuir a formação de placas no cérebro por uma proteína chamada beta-amilóide. Em grande quantidade, elas prejudicam a sinalização entre as células cerebrais. Sugere-se o consumo de peixes pelo menos duas vezes por semana, mas de variedades com baixo teor de mercúrio, como salmão, bacalhau e atum enlatado.
Berries
Os flavonóides, pigmentos naturais de frutas vermelhas como morango e mirtilo, ajudam a melhorar a memória.
Chá e café
A cafeína presente no café ou chá pode oferecer maior concentração de curto e longo prazo, além de ajudar na consolidação de memórias.
Nozes
São excelentes fontes de proteínas e gorduras saudáveis. Também são ricas em ômega-3 do tipo ALA, o que ajuda a manter as artérias limpas e a pressão arterial baixa. Isso é bom para o coração e para o cérebro.
Iogurtes, coalhada e kefir
Outro alimento que pode ajudar a equilibrar a flora intestinal e beneficiar a conexão com o cérebro são os probióticos, que são compostos por bactérias benéficas ao organismo e são encontrados no iogurte natural, na coalhada e no kefir.
“Esses microorganismos vivos, quando administrados em quantidade adequada, conferem benefícios para a saúde”, explica a nutricionista Priscila Fassini.
Frutas em geral
Um estudo publicado no British Journal of Nutrition concluiu que o consumo frequente de frutas traz muitos benefícios à saúde mental. Está associado à redução dos sintomas de depressão e a uma maior percepção de bem-estar psicológico positivo.
A pesquisa destaca, porém, que esse tipo de cuidado contribui para uma boa saúde mental, mas não substitui o tratamento em casos mais graves.
Programa de Alimentação do Trabalhador
Um dos incentivos oficiais para que as empresas possam apoiar a alimentação dos funcionários é o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), instituído pela lei n° 6.321/76.
As empresas participantes têm direito a deduzir, do lucro tributável para fins de imposto sobre a renda das pessoas jurídicas, o dobro das despesas realizadas em programas de alimentação.
Em geral, essa compensação recai sobre custos com vale-alimentação ou cesta de alimentos. O objetivo principal é promover a saúde nutricional de trabalhadores com renda de até cinco salários mínimos.
Empresas que fornecem refeições aos funcionários também podem participar do programa, que recomenda seguir as diretrizes contidas no Guia Alimentar para a População Brasileira na composição dos cardápios.
O que é o Setembro Amarelo
A campanha Setembro Amarelo busca incentivar os cuidados com a saúde mental como medida de prevenção aos suicídios.
Isso porque 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos como depressão, bipolaridade e abuso de substâncias.
No Brasil, a iniciativa é liderada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
“As entidades médicas acreditam em uma sociedade engajada na defesa da vida e em gestores comprometidos com políticas públicas que realmente transformem esse cenário”, registra cartilha com orientações sobre o tema.
P.S.: Se você estiver precisando de apoio, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito por telefone 24 horas. O fone é: 188. O chat funciona em horários específicos no site do CVV.
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