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Qual é a idade ideal para fazer a mamografia?

Idade para fazer mamografia

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Falar em câncer de mama pode soar o alarme de muitas mulheres, mas começar a rastrear a doença muito cedo não é a melhor solução para todo mundo, sabia?

Quem tem menos de 40 anos tende a ter mais tecido mamário, o que dificulta a avaliação de possíveis nódulos e prejudica os resultados da mamografia (exame mais usado para o rastreio do câncer de mama).

Como o risco da doença aumenta com o avanço da idade, as entidades de referência partem dos 40 anos (e, em alguns casos, 50 anos) para que as mulheres iniciem o rastreamento do câncer. 

A Sociedade Brasileira de Mastologia, por exemplo, indica o exame aos 40 anos, enquanto que a US Preventive Task Force (grupo de especialistas da atenção primária de saúde dos Estados Unidos) recomenda a partir dos 50 – ou aos 40, desde que seja uma decisão compartilhada com os profissionais de saúde e que se discutam os benefícios e riscos. 

Vale lembrar que essas orientações são voltadas às mulheres de forma geral. Caso exista um risco maior da doença (histórico familiar ou risco genético, por exemplo), é indicado antecipar o início do exame. “Mas, em geral, não antes dos 30 anos”, explica Natália Monteiro Cordeiro, médica mastologista da Comunidade de Saúde da Alice

Ter um familiar de primeiro grau com câncer de mama aumenta em cerca de duas vezes o risco de desenvolver a doença, segundo dados da entidade norte-americana. Outros fatores levados em consideração pelos profissionais de saúde na hora de calcular a melhor idade para iniciar o rastreio são: 

  • Mamas mais densas {mulheres jovens tendem a ter mais tecido mamário e, assim, mais densidade nas mamas. O mesmo vale para quem tem um Índice de Massa Corporal (IMC) baixo ou faz uso de terapia hormonal para menopausa, segundo Mayo Clinic}; 
  • Ter passado por radioterapia antes;
  • Mutações dos genes BRCA 1 e 2 {que são descobertas em exames específicos, indicados às mulheres com histórico familiar da doença};
  • Ter começado a idade fértil precocemente {antes dos oito anos}; 
  • Ter começado a menopausa tardiamente {após os 55 anos};
  • Não ter passado por gestação e parto;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Consumo de bebidas alcoólicas.

“A princípio, todas as mulheres cis {que se identificam com o sexo biológico de nascimento} vão ter que fazer a mamografia, porque sabemos que o risco da doença neste grupo é de 12%. Está sendo discutido também o caso das mulheres trans que fazem uso de terapia hormonal. O uso dos hormônios por mais de cinco anos leva ao desenvolvimento do tecido mamário, que aumenta o risco de câncer de mama. Não é o mesmo risco das mulheres cis, mas é algo para ser avaliado e talvez seja o caso de indicar a mamografia também”, explica Cordeiro.

O que é mamografia e como é feito o exame de mama?

Há vários exames que podem ser feitos nas mamas, como ultrassom e ressonância, mas a mamografia é a mais comum e com mais evidências científicas para o diagnóstico do câncer de mama, segundo Cordeiro. 

Na prática, é como um raio-x das mamas, que procura por nódulos ou tumores que possam estar se desenvolvendo. Para isso, a mama é “comprimida” entre duas superfícies, que a pressionam em cima e embaixo, o que permite que o tecido mamário se “espalhe”, facilitando a visualização. 

“Um nódulo tem características diferentes do tecido da mama. Quando o raio passa por ele, fica mais fácil visualizar. Algumas pacientes ficam com a mama mais sensível perto do período menstrual, então é recomendável evitar esses momentos para fazer o exame”, detalha a médica.  

Além do rastreamento do câncer, a mamografia pode ser solicitada quando já houver uma suspeita da doença – seja por uma alteração nas mamas, secreção ou um nódulo identificado pela pessoa durante o autoexame ou nas consultas. Neste caso, o objetivo é de diagnóstico – e não de rastreio –  e pode valer para qualquer idade. 

Frequência da mamografia

Quando feita para o rastreamento do câncer, a mamografia pode ser indicada anualmente ou a cada dois anos – variando conforme a entidade de saúde. A Sociedade Brasileira de Mastologia, por exemplo, indica que o exame seja feito todos os anos, enquanto que a US Task Force recomenda a cada dois anos. 

“Os especialistas têm uma tendência a pecar pelo excesso, enquanto que as estratégias governamentais, como a dos Estados Unidos, tendem a ser um pouco mais conservadoras”, explica Cordeiro. 

A frequência com que uma mulher precisa fazer a mamografia com o objetivo de rastrear o câncer {ou seja, procurar a doença mesmo sem sinal dela} só depende das políticas de saúde e não muda de acordo com o resultado do exame anterior, como ocorre com o Papanicolaou. 

No caso desse exame, que é usado para o rastreamento do câncer de colo de útero, os resultados determinam se o próximo será feito dali um ou três anos {ou até menos!}.

Mas, se a mamografia for solicitada depois de uma suspeita da doença, a frequência muda. “O exame pode ser repetido a cada seis meses, ou menos do que isso, quando já temos a suspeita da doença e precisamos acompanhar a evolução.”

Veja também: Check up geral: é preciso fazer? O que dizem os especialistas

Ultrassom da mama: quando fazer?

De forma geral, a mamografia é o melhor exame para rastrear e diagnosticar o câncer de mama. Em alguns casos, porém, podem ser necessárias outras ferramentas, segundo Cordeiro. 

“A ressonância e o ultrassom podem ser solicitados de rotina, para o rastreamento do câncer de mama, mas apenas em casos específicos, como quando as mamas são muito densas e há um alto risco familiar. Mas essas são exceções”, explica.

Riscos da mamografia?

Nenhum exame é isento de riscos, e os da mamografia foram detalhados pela Mayo Clinic, organização de saúde sem fins lucrativos:

Exposição à radiação: embora haja, sim, uma exposição à radiação durante o exame, é uma dose muito baixa, e não é considerada importante para a saúde. Além disso, os benefícios do exame se sobrepõem a esse risco. 

Mais testes: caso o resultado da mamografia indique alguma suspeita, ainda que não seja o câncer, isso levará a outros exames, inclusive a biópsia – que remove uma parte do tecido da mama para análise. 

“Sabemos que o risco de falso positivo é maior quanto mais nova for a pessoa. Por isso que algumas políticas governamentais entendem que o exame não deve ser feito entre os 40 e até os 50 anos. Já as sociedades médicas acreditam que o custo benefício vale, mesmo que aumente um pouco o número de biópsias”, explica Cordeiro sobre outro risco. 

Resultados da mamografia: qual é o próximo passo?

Feito o exame, os resultados vão indicar os próximos passos. Para isso, os profissionais de saúde se baseiam na classificação chamada de BI-RADS (breast imaging reporting and data system, ou a classificação das imagens das mamas), desenvolvida pelo Colégio norte-americano de Radiologia.

Segundo a classificação:

  • Resultado inconclusivo (ou BI-RADS 0): é indicado solicitar outros exames ou comparar com a mamografia anterior, caso tenha;
  • Resultado negativo (BI-RADS 1): manter a rotina de rastreio do câncer;
  • Achados benignos (BI-RADS 2): manter a rotina de rastreio do câncer;
  • Achados provavelmente benignos (BI-RADS 3): vale repetir o exame dali seis meses;
  • Achados suspeitos (BI-RADS 4): encaminhar para a biópsia;
  • Achados altamente sugestivos de malignidade (BI-RADS 5): encaminhar para a biópsia;
  • Se a biópsia confirmar o câncer de mama (BI-RADS 6): segue para o tratamento oncológico. 

Limite de idade para o rastreio do câncer de mama

Assim como é feito para o câncer de próstata, a expectativa de vida é um parâmetro importante para determinar até quando o rastreamento do câncer de mama deve continuar. 

“Há entidades que recomendam parar com 65 anos, outras com 70. Mas as sociedades médicas costumam usar a expectativa de vida. Uma paciente com 70 anos, mas com uma expectativa maior que seis anos, pode continuar fazendo o rastreio”, exemplifica Cordeiro.

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