Você se deita na cama e fecha os olhos na esperança de ter uma boa noite de sono. Rola para um lado, depois para o outro, mas o sono não vem. Olha o relógio e o avançar das horas só contribui para a ansiedade. No dia seguinte, acorda moído da noite mal dormida. Quantas vezes isso já não aconteceu com você?
A verdade é que muita gente tem problemas para dormir. A questão se agravou ainda mais na pandemia: conforme indicou estudo do Instituto do Sono conduzido em 2021, quase 67% da população brasileira relatou ter tido problemas de sono naquele ano.
Na esperança de resolver os episódio de insônia, muitos recorrem a algum tipo de remédio para dormir, sejam aqueles vendidos nas prateleiras das farmácias, como o triptofano e o suplemento de melatonina, que é um hormônio naturalmente produzido pelo corpo e recentemente teve sua comercialização sem receita liberada no Brasil, ou os medicamentos controlados, que devem sempre ser prescritos por profissionais da saúde.
“No entanto, a medicação não é indicada logo de cara para o tratamento da insônia”, explica o psiquiatra Gabriel Wagner Sales Cavalcante, da Comunidade de Saúde da Alice. Segundo ele, as medidas comportamentais – que integram a chamada higiene do sono – devem ser acionadas antes (leia mais abaixo).
Caso elas não resolvam os quadros de insônia, aí os remédios podem ser considerados por um profissional de saúde.
Principais causas da insônia
A culpa da insônia, em geral, é de um evento estressor, segundo a Associação Brasileira do Sono.
Se a pessoa também mantém hábitos ruins ou associações mentais negativas, aí a insônia pode continuar e até mesmo se tornar crônica.
Mas a insônia também pode estar relacionada a outras condições clínicas e pode aparecer, primeiro, como um sintoma.
Causas médicas da insônia
- Condições de saúde mental, como esquizofrenia ou transtorno bipolar;
- Alzheimer ou Parkinson;
- Síndrome das pernas inquietas;
- Hipertireoidismo;
- Menopausa;
- Dores crônicas;
- Sonambulismo;
- Apneia do sono;
- Narcolepsia;
Causas psicológicas e comportamentais da insônia
Entre as causas psicológicas:
- Depressão;
- Transtorno de ansiedade;
- Terror noturno.
Entre as causas comportamentais:
- Estresse;
- Barulho;
- Quarto quente ou frio demais;
- Cama desconfortável;
- Consumo de álcool, cafeína ou nicotina;
- Uso de drogas recreacionais, como cocaína e ecstasy;
- Jet lag;
- Turnos de trabalho que não facilitam o adormecimento {como quem trabalha até tarde ou faz expediente de madrugada}.
O que pode piorar a insônia?
Algumas pessoas estão mais propensas a terem insônia, de acordo com a Mayo Clinic. São elas:
- Mulheres;
- Pessoas acima de 60 anos;
- Pessoas com transtornos de saúde mental;
- Pessoas sob muito estresse;
- Pessoas sem uma rotina regular, que sempre trocam de turno de trabalho ou viajam para outros fusos horários.
Além de cuidar de condições que podem contribuir para a insônia, como depressão e ansiedade, e fugir de fatores de risco, como abuso de álcool e tabagismo, aplicar as técnicas da higiene do sono também pode ajudar.
Como os remédios para dormir funcionam?
Essas medicações agem de diferentes formas no nosso organismo, explica o psiquiatra. No geral, atuam no sistema nervoso, mais especificamente nos neurotransmissores, modulando os mecanismos que regulam o estado sono-vigília, favorecendo a indução do sono.
Quais os tipos de remédios para dormir?
Os cinco grupos de remédios que a Psiquiatria costuma receitar para tratar o problema costumam ser os benzodiazepínicos e as “medicações Z”, que são de classes muito semelhantes, de acordo com Cavalcante, além dos antipsicóticos, antidepressivos e até anticonvulsivantes.
A escolha de qual remédio a ser usado vai depender de uma avaliação clínica individualizada que levará em conta o contexto do paciente e os efeitos da medicação.
“É preciso levar em conta o perfil que a medicação tem, o que ela pode oferecer, além do efeito na insônia e o tempo de duração, já que algumas têm tempo de duração maior, outras, menor. Algumas, por exemplo, podem oferecer também um efeito ansiolítico, além de ajudar na insônia, conferindo um alívio na ansiedade. Outras podem ser mais potentes, com efeito mais sedativo, enquanto outras apenas induzem o sono naquelas primeiras horas que se tem dificuldade para dormir”, diz o psiquiatra.
Remédios para dormir podem viciar?
O psiquiatra Gabriel Cavalcante alerta para o fato de que alguns dos remédios para dormir podem causar vício, o que reforça a importância do acompanhamento por um médico.
“Quando o medicamento é prescrito pelo médico e usado de uma forma racional, em doses baixas, por um curto intervalo de tempo até que a causa base da insônia seja resolvida, o uso é muito seguro e muito efetivo. Mas, quando acontece de uma outra maneira, pode acarretar uma dependência, ou seja, quando, a longo prazo, uma mesma dose da medicação, por ser usada repetidas vezes, vai fazendo menos efeito.”
Por serem remédios com efeitos sedativos, todos possuem algum grau de efeitos colaterais, sendo os mais frequentes:
- fala mais empastada;
- tonturas;
- sonolência excessiva;
- dificuldade para se concentrar.
No caso das “medicações Z”, os efeitos colaterais podem incluir ainda agitação noturna, sonambulismo, alucinações ao despertar e amnésia.
Já os benzodiazepínicos, no entanto, podem causar um efeito paradoxal, com sensações de hiperexcitabilidade e nervosismo.
No caso dos antipsicóticos, pode haver ganho de peso e outras alterações metabólicas, saída de leite pelas mamas e rigidez muscular.
Os antidepressivos podem causar boca seca, tonturas, constipação, diminuição de libido e desconforto gastrointestinal.
E, por fim, os anticonvulsivantes podem gerar ganho de peso, acne, diminuição da libido, alterações gastrointestinais, dentre outras reações adversas.
“Com alguns medicamentos, sobretudo os que causam sonambulismo, uma recomendação formal que sempre faço ao paciente é dizer ‘você vai se deitar na sua cama, vai tomar o comprimido e não vai fazer mais nada, nem mexer no celular'”, diz Cavalcante.
O psiquiatra relatou ainda que vem observando em sua prática um aumento no consumo de remédios para dormir, muitas vezes com receitas médicas obtidas de forma irregular e na base da automedicação, o que é muito desaconselhado.
“Você vê até nas redes sociais alguns jovens que romantizam essas medicações, que deveriam ter um uso limitado, mas que acabam se tornando algo implementado na cultura. Isso realmente é algo negativo, e há um excesso, sim.”
Outro risco é a medicação mascarar a real causa da insônia.
“Muitas vezes, a insônia acaba sendo a primeira vilã de um adoecimento mental, por exemplo. Então, uma pessoa que está passando por um processo de burnout, um transtorno ansioso ou um quadro depressivo, muitas vezes aparece no consultório com uma única queixa, que é o sono ruim. E pede uma medicação para dormir, quando, por trás dessa insônia, pode haver uma série de outros fatores que determinam a insônia, e é o tratamento dessas outras situações que no fundo resolve o problema”, diz o médico.
Existem remédios naturais para dormir?
Os “remédios” mais naturais para dormir são as medidas de higiene do sono, mas alguns suplementos podem ajudar! Confira alguns:
Passiflora
A passiflora é um ingrediente comum de fitoterápicos voltados para o controle do nervosismo, irritação e momentos de ansiedade.
Para a insônia, pode ajudar na melhora da qualidade do sono, em algumas pessoas.
Melatonina
Apesar de ser, há pouco tempo, encontrada em versões de suplementos nas farmácias do Brasil, a melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo corpo — e pode ser melhor regulado a partir de medidas de higiene do sono.
Além dos efeitos antioxidante e anti-inflamatório, a melatonina também atua nas funções endócrina e cardiovascular do corpo, e contribui com a regulação do mecanismo do sono.
Óleo de lavanda
A lavanda, na versão óleo, não tem a recomendação de ser ingerida. Mas, se utilizada como aroma no quarto, pode ajudar na qualidade do sono, sim.
Como dormir melhor com a higiene do sono
A higiene do sono é uma rotina de práticas que favorecem uma boa qualidade do sono e que pode ser adotada por todos. Quer dormir rápido e com mais qualidade? Veja abaixo as medidas, segundo orientação do psiquiatra da Alice.
Reduza o uso de telas antes de dormir
A quantidade de horas que passamos olhando para as telas vem aumentando. “Sempre que estamos diante da luminosidade de uma tela, o cérebro não vai conseguir diferenciar essa luz de uma luz natural e vai interpretar isso como sendo de dia, pensando que não é o momento para descansar ou dormir. Isso causa toda uma confusão no sistema de sono-vigília do cérebro”, explica.
Evite bebidas ricas em cafeína, refrigerantes e bebidas alcoólicas perto da hora de dormir
O consumo dessas bebidas deve ser até as 18h.
Evite exercícios físicos durante o período noturno
Dê preferência a exercícios físicos durante o período diurno.
Prepare um ambiente calmo
Quando for se preparar para dormir, procure um ambiente que seja silencioso, sem barulhos e sem iluminação.
Use a cama só para dormir ou para fazer sexo
Evite, por exemplo, deitar-se na cama para ler um livro, mexer no celular, ou qualquer outra atividade. “Precisamos ir condicionando aos poucos o cérebro para que ele entenda que aquele é um local somente para dormir.”.
Se não conseguir pegar no sono, não insista
“Se você passou mais de 15 minutos na cama e não conseguiu dormir, é preferível que você levante e faça alguma atividade leve, como uma leitura, mas que não envolva o uso de telas, até que o sono apareça novamente. Se você passar muitos períodos acordado, desperto na cama, tentando dormir, também não é favorável. O objetivo é tentar ao máximo condicionar o cérebro para entender que aquele momento em que eu me deitei é o momento em que eu vou dormir”, explica o médico.
Quando procurar ajuda médica para insônia?
Se as medidas de higiene do sono forem bem feitas e, mesmo assim, não ajudarem, talvez seja a hora de procurar um profissional da saúde.
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