É normal sentir aquele frio na barriga ao executar uma tarefa nova no trabalho, refletir sobre suas habilidades profissionais (e como melhorá-las) e avaliar se estamos no caminho certo.
Mas, quando surgem o sentimento de incapacidade e a sensação de fraude, aí pode ser o caso da famosa síndrome do impostor. Essa descrença em si mesmo pode limitar cada passo, atrapalhar a performance e até levar à autossabotagem.
A síndrome do impostor pode surgir ligada a qualquer âmbito da vida, mas está muito relacionada à vida profissional.
Ela é caracterizada por uma dificuldade de a pessoa acreditar que é capaz de executar tarefas com competência e se desenvolver profissionalmente com sucesso.
O termo nasceu em 1978, revelado em um estudo feito pelas psicólogas Pauline R. Clance e Suzanne A. Imes.
A psicóloga Stephanie Witzel, da Alice, explica que a síndrome não é uma doença mental, mas pode ser porta de entrada para burnout, estresse e ansiedade.
“Os primeiros sinais que costumam aparecer são relacionados ao trabalho, como problemas de performance e insatisfação. Eles podem ser um indício do desenvolvimento de burnout, um distúrbio emocional que leva à exaustão, ao estresse e ao esgotamento físico. Além disso, o quadro costuma aparecer atrelado ao diagnóstico de ansiedade e depressão”, afirma.
Segundo Witzel, o burnout é uma doença que afeta o nosso cérebro, especialmente o eixo responsável por liberar cortisol, o hormônio do estresse. O aumento do cortisol prejudica o bom funcionamento do corpo todo, aumentando a resposta inflamatória, índice glicêmico e assim por diante.
Quem sofre mais de síndrome de impostor?
Nos últimos anos, a discussão sobre a síndrome do impostor ganhou mais os holofotes –seja na imprensa, nas redes sociais ou dentro das empresas.
E isso é importante para que o assunto seja tratado com a seriedade necessária.
Segundo Stephanie Witzel, grupos minoritários, principalmente étnicos, são os mais afetados, de acordo com os pesquisadores.
O recorte de gênero também é destacado em estudos, e as profissionais mulheres são as que mais se questionam sobre sua capacidade e seu desempenho.
Como identificar se você sofre de síndrome de impostor?
O maior e principal fator de identificação da síndrome é a autossabotagem. No subconsciente, a pessoa pode até mesmo se propor a fazer algo fora de seus conhecimentos para que, assim, tenha resultados ruins e siga no ciclo vicioso de se achar insuficiente.
Além disso, alguns sinais ajudam a reconhecer o problema. Veja quais são eles:
Procrastinação
Levar muito tempo para realizar as tarefas, seja dentro ou fora do trabalho, agrava a síndrome, assim como o abandono de demandas e atividades.
Autodepreciação
Falar constantemente mal de si mesmo também é um fator de alerta.
Não reconhecer bons feedbacks
A dificuldade para receber elogios é uma característica da síndrome dentro do ciclo de negação do indivíduo com o seu próprio reconhecimento.
Comparação
Traçar paralelos nocivos com os colegas ou até mesmo pessoas já bem-sucedidas é um grande problema.
Trabalho em excesso
É uma forma de tentar “compensar” o que o profissional pensa ter errado. Aqui, o alerta é importante: o trabalho em excesso gera estresse e pode resultar também na síndrome de burnout.
Busca por aprovação
Mesmo não sabendo lidar com os elogios, quem sofre com esse quadro também busca por aprovação externa. Quando ela acontece, o indivíduo segue pensando que “teve sorte” ou não recebeu o retorno da forma que idealizava.
Dicas para aliviar a pressão consigo mesmo
Lembrar que a vida é composta por vários campos e não apenas pelo trabalho é a primeira orientação que a psicóloga Stephanie Witzel dá.
“Por isso, é necessário estabelecer hábitos na rotina, como ter um horário de entrar e sair do trabalho, local adequado, inclusive no home office, para ajudar a desligar a ‘chavinha’”, diz Witzel.
Com esse tempo reservado para você, procure fazer opções saudáveis na hora de se alimentar, encontre hobbies novos ou retome aqueles que se identifica e invista em técnicas de relaxamento e controle da respiração. Não tenha medo de relaxar, esse momento é importante para que a tensão diária não resulte em transtornos psicológicos.
Por fim, mas não menos importante: as empresas são parte crucial desta mudança de cenário. Um ambiente de trabalho respeitoso e acolhedor com os colaboradores promovem melhorias profissionais e pessoais para a sociedade.
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