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O que são os glóbulos brancos?

Glóbulos brancos, leucócitos, células brancas: saiba mais sobre as células responsáveis pela defesa do organismo.

O que são os glóbulos brancos?
Baseado em evidências científicas

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Imagine uma equipe de segurança atenta, observando as ruas de um bairro para proteger os moradores de potenciais ameaças. É praticamente desta mesma forma que trabalham os glóbulos brancos, células que cuidam da “vigilância interna” do organismo, responsáveis pelo constante monitoramento do corpo em busca de intrusos perigosos que possam representar ameaças à saúde.

A analogia retrata a importância dessas células – também chamadas de leucócitos – na defesa contra bactérias, vírus, fungos e até mesmo células cancerígenas, por exemplo.

Glóbulos brancos: qual a sua função?

Em linhas gerais, os leucócitos são produzidos pela medula óssea, tecido encontrado dentro dos ossos, e se dividem em subcategorias, a depender de onde e de como vão atuar.

Essencialmente, podem ser separados em dois grandes grupos que oferecem tipos de imunidade diferentes:

  • Inata: tipo de defesa que ocorre de forma natural e mais “espontânea” pelo organismo, independentemente do que aconteça. O principal responsável por essa proteção são os neutrófilos, um tipo de leucócitos (ou glóbulos brancos).
  • Adaptativa: é aquela em que a defesa do nosso corpo é “treinada” a agir, seja a partir de vacinação ou mesmo após a exposição a algumas doenças. Os linfócitos são o tipo de leucócitos mais emblemáticos nessa tarefa.

Como os leucócitos aparecem no exame de sangue?

No hemograma (nome técnico para o exame de sangue) de uma pessoa saudável, os valores de referência para os leucócitos se situam em uma faixa entre 4.000 e 10.000 por microlitro de sangue. Esses valores de referência podem variar ligeiramente dependendo do laboratório e da técnica de medição utilizada.

Os melhores laboratórios, no entanto, costumam destrinchar os resultados pelos subtipos mais comuns dessas células, como os neutrófilos, linfócitos e eosinófilos, por exemplo.

Quando há suspeita de alguma doença, o médico especialista também pode pedir um exame mais detalhado, com as contagens de alguns tipos de células mais específicas.

Hemograma é exame de rotina?

A resposta pode surpreender, mas o hemograma não é considerado um exame de rotina, segundo explica Luís Antônio Soares Pires Filho, médico da família e comunidade da Alice.

“Embora quase todo médico solicite, inclusive eu já o fiz, não existe nenhum protocolo que recomende fazer hemograma em um adulto saudável, sem doenças de base, ou sem motivos. Não é necessário, na maioria das vezes, se a pessoa não tiver nenhuma queixa ou nenhum sintoma”, explica.

O mesmo não vale para o lipidograma, que analisa o colesterol, ou o exame de hemoglobina glicada, que rastreia diabetes, ok? Isso porque essas são condições que podem passar despercebidas, sem apresentar sintomas, e o exame ajuda na identificação e, depois, prevenção e cuidado.

Leucócitos altos: o que significam?

Diversas condições de saúde podem alterar a contagem de glóbulos brancos. Além das infecções virais e bacterianas, outras principais causas costumam ser doenças autoimunes, câncer e o uso de alguns medicamentos.

Normalmente, as alterações na contagem de glóbulos brancos são para mais (chamado de leucócitos altos), indicando que o sistema imunológico precisou produzir mais dessas células para combater uma infecção ou inflamação.

Como saber qual doença é?

A diferenciação entre os tipos de defesa conferidos por essas células (inata ou adaptativa) ajuda a entender qual infecção pode estar acometendo o paciente.

Isso porque o hemograma não determina logo de cara qual é o tipo de doença presente no paciente. O especialista deverá analisar qual é o tipo de célula em que está ocorrendo a alteração (seja nos neutrófilos, nos linfócitos etc.) e se é um aumento ou queda na contagem das células em relação aos valores de referência estabelecidos.

“Se houver um aumento acentuado de neutrófilos, por exemplo, geralmente trata-se de uma infecção bacteriana, e aí tentamos orientar o tratamento nesse sentido, com antibióticos. Quando são os linfócitos que estão altos, já podemos pensar na defesa treinada, ou adaptativa, e concluir uma infecção viral. Em algumas situações, uma reação alérgica. O hemograma nunca diz o que a pessoa tem. Ele diz, de forma indireta, como o sistema imune da pessoa está reagindo ao que ela tem. E, ao entender como ele está reagindo, a gente consegue direcionar o tratamento”, explica Luís Filho.

Como o exame dos glóbulos brancos identifica um câncer?

Existem também outras doenças não infecciosas que podem causar alterações nas células de defesa. Em casos oncológicos, como linfoma ou leucemia, por exemplo, os linfócitos podem aumentar ou diminuir de forma muito acentuada.

Outros tipos de câncer não hematológicos também podem causar alterações substanciais nesses parâmetros, explica o médico.

Leucócitos baixos: o que significam?

Existem doenças e situações imunossupressoras que causam uma redução na contagem de uma série de glóbulos brancos. Um dos maiores exemplos é a síndrome da imunodeficiência humana, infecção pelo vírus HIV.

“Quando a pessoa entra na fase da doença que chamamos de Aids é esperada uma neutropenia ou leucopenia, ou seja, uma redução na contagem dessas células, que é de fato uma redução na imunidade da pessoa”, explica Luís Filho.

Outros casos de redução dos glóbulos brancos são em pacientes que passaram por um transplante, em que o sistema imune sofre alterações justamente para que o organismo do paciente não rejeite o órgão transplantado.

O que é imunidade baixa?

Quem nunca ouviu ou pensou estar com a “imunidade baixa” quando tem infecções com frequência ou emendam um sintoma em outro. Mas você sabia que é exatamente o oposto?

“Em 99,9999% das vezes nesses casos, a imunidade da pessoa está muito bem. Na verdade, o sistema imune está identificando mais infecções do que o normal. O fato de ela estar tendo sintomas significa que a imunidade dela está muito bem, porque os sintomas, como tosse, febre, secreção, catarro, são gerados pela ação dessas células brancas”, ressalta.

Ou seja, os sintomas são sinais de que o corpo está no processo de combater esses agentes infecciosos.

Quando há uma imunidade baixa de verdade?

Os reais quadros de imunidade baixa são muito sérios, e a pessoa normalmente não apresenta esses sintomas, pois nem sequer possui células de defesa em quantidade suficiente para combater os agentes externos e gerá-los.

Tais situações podem acontecer em quadros de câncer, incluindo os não hematológicos, como de mama, de pulmão, neurológico, de pele etc. O tratamento para quadros oncológicos, como a quimioterapia, também podem causar uma baixa na produção de células de defesa.

Como melhorar os níveis de leucócitos?

O tratamento para normalizar a contagem dessas células depende da doença que está causando essas alterações.

Em casos de infecções, o tratamento pode incluir antibióticos ou antivirais.

Para condições autoimunes, podem ser prescritos medicamentos imunossupressores.

Em casos mais graves, como leucemia, o tratamento pode envolver quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea.

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