Beach tennis: veja os benefícios do esporte que virou febre

Se você próprio já não é um praticante, certamente conhece algum adepto do beach tennis, prática esportiva que virou febre até em cidades não praianas, como São Paulo e Belo Horizonte.

O esporte não é exatamente novo. Ele surgiu em 1987, na Itália, e se profissionalizou no meio da década seguinte, segundo informações da Confederação Brasileira de Tênis, entidade que regula o esporte no país.

Chegou ao Brasil em 2008, no Rio de Janeiro, e logo ganhou adeptos em outras cidades litorâneas.

“O vôlei de praia no Brasil sempre foi muito conhecido, é referência mundial. O futevôlei também sempre foi popular nas praias, assim como o frescobol, que é uma prática de lazer associada às férias, mas não se via muito beach tennis”, recorda Renata Antunes, preparadora física da Alice.

O que explica a moda recente dos treinos de beach tennis?

Para Renata Antunes, essa alta procura tem a ver com a pandemia de covid-19. 

Quando as cidades se fecharam em lockdowns para conter o vírus, em 2020, as academias foram interditadas e os esportes fora de casa também foram banidos.

Na reabertura gradual, com os treinos sendo retomados aos poucos, os primeiros esportes permitidos foram os praticados ao ar livre, seja os individuais (a exemplo da corrida de rua) ou os de raquete, cujas quadras são mais amplas e há uma rede separando os competidores. 

O pouco contato físico (restrito apenas às bolinhas) dava uma sensação maior de distanciamento e segurança contra o vírus.

“O tênis de campo foi um dos que logo voltou, mas é um esporte muito elitizado, os materiais são caros, há poucas quadras e é necessário ter uma infraestrutura difícil. Além disso, o jogo é complexo pela técnica e também pela questão física e esportiva”, explica a profissional.

Foi aí que os atletas amadores começaram a explorar uma opção mais acessível: o beach tennis. No início de 2021, já dava para notar que as quadras específicas para o esporte haviam se multiplicado em diferentes cidades brasileiras. 

Como jogar beach tennis?

O esporte é uma mistura entre o tênis tradicional, o vôlei de praia e o badminton, apesar de muitas pessoas o associarem mais ao frescobol. 

Pra começar, a quadra do beach tennis é de areia (daí o beach do nome!), semelhante à do vôlei de praia, mas menor em área do que a do tênis tradicional. E deve ser nivelada  – ou seja, nada de declives de um lado ou de outro.

O objetivo do esporte é fazer pontos na areia do oponente, sem deixar que a bolinha caia no seu lado da quadra, claro.

Regras

Segundo as regras da ITF, a Federação Internacional de Tênis, para partidas simples, a quadra deverá ter um retângulo de 16 m de comprimento por 4,5 m de largura. Para jogos em duplas, 8 m de largura e o mesmo comprimento. A rede deve ficar a uma altura de 1,70  m ou 1,80 m.

O beach tennis é praticado com raquetes e bolinhas específicas e pode ser jogado em dupla ou individualmente.

Em clubes e arenas, em geral disputa-se apenas um set, para tornar a prática mais ágil (e permitir que mais pessoas joguem!). Em torneios de ranking nacional e internacional, é comum a disputa por três sets (e vence a dupla ou o jogador que ganhar dois deles).

Um set é composto por seis games, e cada game possui 4 pontos: 15, 30, 40 e o ponto da vitória. Ganha quem fizer seis games primeiro.

Em caso de empate 5×5, a partida passa a ter 7 games, para que haja dois games de diferença. Em caso de empate 6×6, a partida vai para o tie-break, composto por 7 pontos. Se houver empate 6×6 no tie-break, vence a dupla que conseguir dois pontos de diferença primeiro –como é no vôlei, por exemplo.

Renata Antunes explica que o beach tennis é mais simples e mais fácil de jogar do que o tênis convencional e demanda um menor deslocamento em relação ao tênis de campo, ao vôlei de praia e ao futevôlei – fatores que podem ter contribuído para a sua popularidade. 

Quem pode jogar e quais os benefícios da prática?

Todas as faixas etárias podem praticar o beach tennis, segundo Renata Antunes. “É uma prática democrática, que mais pessoas conseguem praticar [em comparação ao tênis e aos outros esportes na areia], e ainda tem um quê de praia que o brasileiro gosta”, diz. 

Ela afirma ainda que o esporte é lúdico e resgata os jogos praticados na infância, como o frescobol. 

Veja quais são os benefícios do beach tennis para o corpo:

• cardiorrespiratório: a frequência cardíaca se alterna entre a intensidade alta e moderada, o que é positivo para saúde;
• musculoesquelético: a areia traz uma resistência maior para o corpo e é preciso fazer mais força;
• aspectos coordenativos: desenvolve uma importante coordenação de tempo e espaço para “prever” onde vai a bolinha e chegar a tempo, por exemplo;
• equilíbrio corporal e autonomia de movimentos no dia a dia;
• exposição ao sol (com os devidos cuidados, claro!); 
• aspecto social por ser uma atividade em grupo.

Cuidados prévios e pontos de atenção durante a prática

Avaliação médica: entenda a necessidade

O ideal é que todas as pessoas que vão iniciar um esporte ou treino, mesmo que leves e moderados, passem por uma avaliação de saúde (que é diferente de fazer exames), com questionário sobre hábitos e histórico pessoal e familiar da pessoa.

Se a pessoa não tiver nenhum tipo de sintoma nem histórico familiar importante e não sabe de nenhuma condição cardíaca prévia, ela pode fazer um exercício leve e não precisa esperar passar por avaliação médica.

O cuidado maior é para pessoas com histórico para doenças cardíacas precoces, casos de morte súbita na família e com fatores de risco para doenças cardiovasculares, como obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo e colesterol alterado, que aí deveriam passar por uma avaliação médica mais minuciosa.

Dicas para quem vai começar do zero

Para quem está começando, pode ser interessante começar com uma adaptação ao peso da raquete, uma corrida na areia, alguns movimentos do esporte com aulas da modalidade ou até com uma prática descontraída com amigos que também sejam iniciantes.

Renata Antunes recomenda: respeite seu momento e foque em se divertir acima de qualquer coisa!

Aquecimento

No dia do treino, é importante fazer algum aquecimento geral para elevar a frequência cardíaca e esquentar a musculatura e as articulações. 

Também é recomendável fazer um aquecimento específico, ou seja, uma “troca de bolinhas” leve para acostumar com os movimentos antes da partida.

“Para aprender, é necessário ter repetição e prática. É assim com um novo idioma e é assim com todos os esportes e movimentos. Com a maior frequência, será possível notar melhora na prática”, conclui Antunes.

Onde treinar beach tennis em São Paulo?

A preparadora física da Alice recomenda cinco espaços esportivos e clubes para a prática de beach tennis em São Paulo:

• Calçadão, com três unidades (Butantã, Pinheiros e Jardim das Perdizes)
• Posto 011 Esporte & Areia, com nove unidades na capital paulista (​​Lapa, Santana, Moema, Jardins, Vila Olímpia, Perdizes, Planalto Paulista, Vila Mariana e Arena XP)
• Nossa Arena SP, voltada para a prática das mulheres
• Fun Beach Sports, com duas unidades (Jockey e Brooklin)
• Areia, que também conta com um espaço gastronômico e bar

Renata Antunes também dá uma dica valiosa: um perfil nas redes sociais de compra e venda de raquetes e acessórios de segunda mão para quem está começando.

Pickleball: o novo beach tennis?

Febre em outros países, como os EUA, o pickleball já começa a despontar no Brasil. 

Mistura de vários esportes que usam raquetes, ele é praticado em uma quadra que é uma miniatura da de tênis tradicional, também com rede baixa. É geralmente praticado por duplas, que usam pás para acertar uma bola de polímero perfurada sobre a rede. 

Segundo reportagem do jornal New York Times, porém, o número de lesões ligadas à prática do pickleball tem crescido. 

Uma análise publicada em 2019 na revista científica The Journal of Emergency Medicine apontou 19 mil lesões em 2017, mais de 90% delas em pessoas acima de 50 anos.

E esse número de lesões cresceu rapidamente de 2010 a 2019, segundo outra outra análise publicada em 2021 na revista científica Injury Epidemiology, com base em atendimentos em prontos-socorros relacionados ao pickleball. 

As lesões mais comuns são estiramentos, torções e fraturas, especialmente nos ombros.

De acordo com a reportagem, o fato de a quadra ser pequena leva os praticantes a perseguirem mais a bola e a minimizarem o esforço aplicado. 

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