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Lança-perfume ou loló: o que é e quais os efeitos no corpo?

Entenda quais são os efeitos e os riscos do lança-perfume (ou loló), droga muito consumida durante o Carnaval e erroneamente considerada inofensiva.

Time Alice
6 min. de leitura
Lança-perfume ou loló: o que é e quais os efeitos no corpo?

Lança-perfume ou loló: o que é e quais os efeitos no corpo?

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Há muitos carnavais, mais precisamente nos bailes do começo do século 20, além do confete, da serpentina e das marchinhas, um novo componente apareceu nas festas brasileiras: o lança-perfume ou loló (os dois são a mesma coisa).

Dentro de um frasco sob pressão, uma misturinha gelada era esguichada entre os foliões nas ruas ou nos salões para dar uma espécie de barato perfumado.

A brincadeira ficou muito popular nas décadas de 1930 e 1940, quando rapidamente a tal mistura gelada passou a ser diretamente inalada por indivíduos que a aspiravam em lenços molhados em busca de uma rápida sensação de euforia e entorpecimento. 

Depois de alguns casos de morte entre os adeptos, sobretudo por parada cardíaca, o uso do lança-perfume foi proibido no Brasil em 1961 pelo então presidente Jânio Quadros. 

Mas isso não significa que as pessoas tenham parado de consumir: o “lança” (ou “cheirinho da loló”, ou simplesmente “loló”, variando regionalmente) continua sendo bastante usado de forma recreativa por foliões no Carnaval, mas também por jovens em outras festas.

No Brasil, segundo estimativa do “III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira”, elaborado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) entre 2015 e 2017, e divulgado em 2019, as substâncias tipo lança-perfume estão entre as drogas ilícitas mais consumidas no país, atrás apenas de maconha e cocaína em pó. 

Em números absolutos, estima-se que 4,2 milhões de brasileiros já tenham consumido inalantes do tipo em algum momento da vida.

O que é lança-perfume?

Trata-se de uma droga psicoativa feita a partir de solventes químicos (ou seja, substâncias usadas para diluir outras). 

A mistura mais comum é composta de éter, clorofórmio e cloreto de etila. Muitas vezes, o aroma é adocicado ou perfumado, de modo a atrair mais usuários, sobretudo os mais jovens.

Essa mistura é comercializada geralmente em um frasco de alta pressão para ser inalado pela boca e nariz. Mas, em eventos sociais, também é muito visto dentro de latinhas de bebidas ou até mesmo em garrafinhas plásticas – o que traz ainda mais riscos, já que a mistura dos solventes é muito corrosiva e pode perfurar os recipientes e causar queimaduras na pele. 

Quais são os efeitos do lóló no organismo?

O lança-perfume tem como sintomas iniciais:

  • euforia;
  • excitação; 
  • desinibição; 
  • risos imotivados;
  • alterações sensoriais semelhantes à intoxicação alcoólica.

As informações constam de um documento de 2012 com diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) para o manejo do abuso e da dependência desse tipo de droga. 

Outras sensações pontuais são relatadas por usuários e descritas pela AMB como:

  • relaxamento;
  • vertigem;
  • cefaleia;
  • batimentos cardíacos acelerados;
  • confusão mental;
  • verborreia;
  • diminuição do apetite; 
  • amnésia;
  • voz pastosa; 
  • tontura;
  • zumbidos nos ouvidos;
  • náuseas e vômitos;
  • diminuição de reflexos e da força muscular, além de descoordenação motora.

Cabe notar que esses relatos ocorrem durante intoxicações agudas e dependem da frequência de uso.

Depois da inalação da substância pela boca ou pelo nariz, os sintomas aparecem em questão de segundos e podem durar por cerca de 5 a 15 minutos. 

Ao entrar pelas vias respiratórias, os solventes alcançam os alvéolos e capilares pulmonares e são distribuídos pelas membranas de gordura do organismo. Seus efeitos intensos e efêmeros estão entre os fatores que estimulam o uso continuado.

Quais os riscos do uso do lança-perfume?

Segundo Pedro Coser, psiquiatra da Comunidade de Saúde da Alice e especialista no estudo das chamadas “drogas de balada”, trata-se de uma droga recreativa, com registros de usos em festas, chopadas e Carnaval.

“É uma droga complicada, porque é considerada inofensiva pelos usuários e, por ser inalável, é consumida de forma eventual, dando um caráter de experimentação. É muito comum entre universitários, e muitas vezes acaba sendo a primeira droga que a pessoa experimenta na vida”, explica Coser.

Ainda segundo ele, os riscos mais graves em seu consumo são:

  •  perda do nível de consciência, com casos de pessoas que desmaiam e não conseguem ser acordadas; 
  •  convulsões e até paradas cardíacas, em situações mais extremas.

Além disso, como todas as substâncias solventes que compõem o lança-perfume são lipossolúveis (ou seja, solúveis em gordura e óleo e geralmente de fácil absorção pelo organismo), a intoxicação com o uso do loló, ou seja, a “ressaca”, pode durar até uma semana no corpo.

O psiquiatra chama a atenção também para o fato de que, como costuma acontecer com drogas sintéticas, o lança-perfume é feito em laboratórios muito caseiros e amadores, e não há como ter um controle sobre a sua composição

Muitas vezes, complementa ele, “pode haver contaminação ou até a adição de outras substâncias para baratear a produção ou mesmo mimetizar algum efeito”.

Dessa forma, os efeitos sob o organismo também acabam sendo incontroláveis.

O mesmo acontece quando o lança-perfume é consumido em associação a outras drogas – e é comum o uso com bebidas alcoólicas.

“O maior risco do poliuso, em relação a intoxicação, é o de as substâncias agirem no mesmo lugar do sistema nervoso central, e aí elas potencializam a ação uma da outra. Com o álcool e loló acontece um pouco isso, por serem drogas depressoras do sistema nervoso central”, explica o especialista da Alice.

Lança-perfume pode causar dependência?

Apesar de ser raro, o psiquiatra Pedro Coser afirma que existem, sim, casos de pessoas que, de tanto usarem a substância, sentem a necessidade de consumi-la todos os dias ou sempre que sair para uma festa. O resultado é a perda da funcionalidade na vida do dia a dia.

“Mas, principalmente no caso das drogas sintéticas, o risco para saúde física é maior na forma aguda, ou seja, a pessoa passar mal, ter um infarto ou mesmo algum outro problema cardíaco, mais do que desenvolver alguma dependência.”

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