Os pesquisadores Holger Reisinger e Dane Fetterer defendem, em artigo publicado pela Harvard Business Review, que o flexwork e o sistema híbrido podem ser aperfeiçoados, com ainda mais autonomia para os colaboradores.
Para alguns, flexibilidade significa apenas “a capacidade de se conectar e trabalhar de qualquer lugar”. Outros veem a flexibilidade e o trabalho híbrido como concessões do tipo: “vamos deixar você trabalhar em casa algumas vezes por semana”.
Mas, para os autores, nenhuma dessas definições representa o que as pessoas desejam de verdade.
“O que os funcionários realmente querem é autonomia. No contexto do trabalho híbrido, isso significa ter a capacidade de ser o principal tomador de decisões sobre onde e quando realizar o trabalho”.
É como se coubesse às lideranças indicar “o que” e orientar sobre “como” e “por quê”. A execução do trabalho fica exclusivamente a cargo do funcionário.
O que é ter autonomia no trabalho
A autonomia no trabalho pode ser definida como liberdade para definir a própria rotina profissional.
O chefe não fica controlando horário e cobrando tarefas. Pelo contrário!
Não há microgerenciamento porque é estabelecida uma relação de confiança, que garante independência ao colaborador para escolher desde o horário e o local em que fará o serviço até a ordem de realização das atividades.
A capacidade de autogestão e a responsabilidade ganham relevância, já que o mais importante é fazer entregas de qualidade, seguindo parâmetros previamente acordados.
Qual é a importância da autonomia para as empresas?
A autonomia pode beneficiar as empresas de diversas formas.
Já falamos aqui no blog sobre como um ambiente de trabalho autônomo favorece a saúde e o bem-estar do time {isso foi destacado por vários gestores de RH no Open Arena, evento realizado pela Alice para Empresas}.
Os colaboradores ficam mais livres para conciliar a atividade profissional com compromissos particulares, o que favorece o work-life balance.
Outra vantagem é que empoderar os funcionários impulsiona o engajamento e a produtividade.
Autonomia é um dos fatores que motivam os colaboradores
O engajamento é desencadeado pela motivação. Com autonomia para fazer o trabalho, as pessoas naturalmente se sentem motivadas a atender {e até superar} as expectativas.
Segundo um estudo realizado por pesquisadores de universidades norte-americanas, isso acontece porque a autonomia tem como principal efeito psicológico a autodeterminação.
Ganha-se a consciência de que a liberdade vem acompanhada de maior responsabilidade, uma vez que o resultado do trabalho passa a depender principalmente do desempenho individual.
Confiança no trabalho ajuda a reduzir a alta rotatividade de funcionários
A pesquisa também mostrou que incentivar a autonomia pode ampliar a confiança e reduzir o turnover.
Isso porque maiores níveis de satisfação com o trabalho foram identificados entre os participantes considerados mais autônomos {o que poderia deixá-los menos propensos a sair da empresa}.
A lógica também é válida se pensarmos na autonomia como fator de atração e retenção de talentos, já que essa condição é frequentemente valorizada por candidatos a emprego.
Ter autonomia no trabalho: principais efeitos positivos para as empresas
- Crescimento da motivação;
- Ampliação do engajamento;
- Aumento da produtividade;
- Valorização da responsabilidade individual;
- Fortalecimento da autodeterminação;
- Desenvolvimento da autogestão;
- Incremento da criatividade e da inovação;
- Redução do turnover;
- Atração e retenção de talentos;
- Melhora do clima organizacional;
- Aumento da satisfação e da felicidade no trabalho.
10 dicas de como incentivar a autonomia no trabalho
O nível de autonomia no ambiente de trabalho depende de vários fatores, como o segmento de atuação da empresa, o tipo de atividade, as funções e a hierarquia existentes.
Mas a autonomia pode ser incentivada na empresa como um todo. Veja algumas dicas:
1. Aumente a flexibilidade
Aumentar a flexibilidade é um primeiro passo para expandir a autonomia no trabalho. E isso pode ocorrer de diversas maneiras: home office, sistema híbrido, semanas comprimidas, possibilidade de days off…
A autonomia também ocorre quando os colaboradores participam da definição de prazos e dos atributos que o produto final deve conter.
Ou seja, no processo de construção de ambientes de trabalho mais autônomos, o poder de escolha dos funcionários deve ser ampliado.
“Quando você tem mais flexibilidade, você pode criar acordos e facilitar a atuação do colaborador”, avalia Hugo Sandall, vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho.
2. Estruture uma rede de apoio
Para conseguir realizar as atividades no local e horário que acharem melhor, as pessoas precisam ter livre acesso a informações e ferramentas tecnológicas que possam viabilizar o trabalho.
Então, antes de dar autonomia, busque investir em uma estrutura organizada de apoio.
“As empresas que adotam essa perspectiva podem contar com políticas de assessoramento e rede de suporte”, exemplifica Sandall.
3. Capacite e desenvolva o time
O desenvolvimento de competências também ajuda a impulsionar a autonomia na empresa.
Para que a performance se mantenha alta, vale a pena incentivar as pessoas que vão atuar com liberdade a fortalecerem habilidades como autogestão, criatividade, solução de problemas e resiliência {entre outras hard e soft skills}.
“Com autonomia, você está ‘sozinho’, no sentido de ter a iniciativa de resolver as questões. Você não vai ter alguém do lado para pedir uma ajuda imediata e não há uma hierarquia para validação de cada passo. Você precisa então colocar várias habilidades em prática”, destaca o psicólogo.
4. Redesenhe a função de liderança
Se a empresa busca dar mais autonomia aos funcionários, a função de liderança também pode ter de passar por adaptações.
“O exercício da liderança precisa ser reinventado para uma atuação mais centrada na orientação e no suporte. Além disso, o líder tem o papel importantíssimo de promover uma mudança de cultura e a compreensão das novas circunstâncias de trabalho”, avalia Hugo Sandall.
É importante perceber que dar autonomia não quer dizer que o líder não é mais necessário, viu?
Ele deve continuar avaliando o desempenho do liderado, fornecer bons feedbacks e intervir, sempre que achar oportuno.
5. Evite o microgerenciamento
Um dos desafios num ambiente de autonomia é justamente liderar, sem microgerenciar. Ou seja, as lideranças devem buscar se desvincular do controle de questões operacionais e agir como facilitadoras.
O foco dos líderes se volta para o planejamento e a definição de metas e objetivos.
O envolvimento com as atividades práticas dos liderados ocorre apenas quando eles precisam de orientação ou quando são necessários ajustes para alinhar as entregas às estratégias da organização.
6. Defina tarefas e metas de forma clara
Para gerenciar equipes autônomas e ter bons resultados, outro ponto fundamental é deixar as atividades e metas bem definidas.
“A ambiguidade de tarefa pode ser muito prejudicial para a segurança psicológica no trabalho e para a produtividade. Se não está claro para a pessoa o que é esperado dela ou se ela recebe comandos conflitantes, há uma maior dificuldade em executar os serviços”, lembra Hugo Sandall.
Fatiar as entregas dentro de um projeto pode ser uma estratégia interessante para que as lideranças consigam avaliar o progresso dos liderados e apontar adequações, quando houver necessidade.
7. Priorize a comunicação assíncrona
Outra medida que favorece a atuação autônoma é a comunicação assíncrona.
Por essa perspectiva, a troca de mensagens entre duas pessoas não precisa ocorrer imediatamente.
Email, chat ou ferramentas de gestão de tarefas podem ser usadas para sinalizar demandas, fazer comentários ou registrar dúvidas.
Cada participante do processo lê as mensagens e responde no momento que for mais conveniente {ou seja, a pessoa não precisa estar on-line o tempo todo para atender rapidamente aos pedidos}.
Uma das principais vantagens da comunicação assíncrona é que as informações ficam documentadas por escrito.
Além disso, as mensagens costumam ser melhor elaboradas porque há um esforço maior para que sejam compreendidas corretamente.
8. Seja transparente para facilitar a tomada de decisão
De nada adianta dar autonomia ao colaborador e deixá-lo totalmente de fora dos rumos que a empresa deseja seguir.
Se ele não fica sabendo do que está rolando na firma, pode entregar tarefas e projetos defasados, o que gera perda de tempo, retrabalho e insatisfação.
Uma maneira de minimizar esse risco é prezar pela transparência e incentivar as lideranças a sempre darem contexto aos liderados.
Essa é uma estratégia bastante difundida pela Netflix. A gigante do entretenimento acredita que os colaboradores ficam mais propensos a tomar as melhores decisões no dia a dia se estiverem cientes do que está ocorrendo ou do que pode vir a acontecer na empresa.
9. Construa uma cultura de confiança e responsabilidade
A autonomia se torna viável quando há um ambiente de confiança e de responsabilidade.
Empenhar-se para que essas características se fortaleçam na cultura da empresa é, então, fundamental.
Algumas estratégias nesse sentido envolvem reforçar as virtudes que guiam todo o trabalho desde o processo de contratação e valorizar essas forças em atividades, eventos e rituais {Ah, não se esqueça de fazer isso também na comunicação interna!}.
10. Avalie o fit cultural dos colaboradores
As empresas que desejam incentivar a autonomia podem ter que adicionar esse elemento ao fit cultural.
Com a readequação dos processos de seleção, ficará mais fácil encontrar as pessoas certas para a realização das atividades com liberdade e responsabilidade.
O mais importante é que o match entre a empresa e o colaborador resulte em conexão e sinergia, fatores que contribuem para a produtividade e o crescimento de ambos.
Já conhece a Alice para Empresas?
Uma boa gestão de pessoas passa sempre pelo cuidado com a saúde e com o bem-estar dos colaboradores.
Isso faz toda a diferença no engajamento do time, na felicidade no trabalho e na atração e retenção de talentos.
A Alice é mais que um plano de saúde.
Um plano de saúde oferece hospitais, laboratórios e uma rede credenciada de médicos. A Alice tem tudo isso {com cobertura nacional de altíssima qualidade, por sinal} e vai além: tem um Time de Saúde que acompanha os membros de pertinho, de forma personalizada, coordenada e humana, sempre de olho na prevenção e na promoção de hábitos saudáveis.
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